Gestão ativa na renda variável | Fundos de ações com estratégias ...

 Marcelo SiniscalchiFrederico MesnikFundos verdesRenda variavelFrederico Sampaio

Edição 247

Os maiores gestores de recursos de terceiros continuam no topo do ranking dos melhores fundos de renda variável para investidores institucionais. Bram e Itaú dividem a primeira posição, com cinco fundos excelentes cada. Na sequência aparecem Santander com quatro fundos verdes e a BB DTVM, com três. Apesar de dominar o topo do ranking devido a maior quantidade de fundos de ações excelentes, os resultados gerais apontam para o destaque das categorias de fundos de small caps e de valor (ou retorno absoluto), que contam com a gestão de assets independentes e especializadas. 

Mesmo os fundos com classificação excelente dos primeiros colocados, a Bram e o Itaú, não foram aqueles com gestão atrelada aos índices tradicionais da bolsa (Ibovespa ou IBrX). Destacaram-se os fundos com gestão mais ativa com o objetivo de superar os benchmarks. Dois fundos do Itaú com classificação excelente são o RPI Ibovespa Ativo e o Institucional IBrX Ativo. Eles têm o objetivo de bater o benchmark com uma gestão ativa e diferenciada, bem como os fundos Governança Corporativa e Excelência Social Ações. 

“O diferencial é um investimento alto na equipe de pesquisa e no controle de risco. Acreditamos em uma gestão com foco fundamentalista com ênfase no research”, diz Marcelo Siniscalchi, diretor de gestão da Itaú Asset Management. O gestor explica que todos os cases são analisados e arquivados para compor um banco de dados. “O histórico dos cases é um elemento muito valioso para a gestão de renda variável”, afirma o diretor. A asset do Itaú mantém uma equipe de sete analistas macroeconômicos e 20 de equities. “Com uma equipe forte e focada conseguimos reunir as vantagens de uma grande asset com o foco das casas independentes”, afirma Siniscalchi. 

O superintendente de renda variável da asset do Itaú, Gilberto Nagai comenta que os principais acertos da gestão do ano passado se concentraram nos setores de saúde, educação, distribuição de combustíveis e shopping centers. Ele ressalta, porém, que a escolha dos ativos depende muito da gestão de cada empresa. “Não adianta que o setor apresente boas perspectivas mas que o gestor da empresa seja ruim”, comenta Nagai. O gestor diz ainda que os institucionais, em geral, estão buscando fundos com estratégias com maior tracking, capazes de superar o benchmark. “Estão preferindo fundos menos correlacionados com o Ibovespa ou IBrX”, diz o gestor de renda variável do Itaú. 

Na mesma linha, o diretor de renda variável da Bram, Herculano Aníbal Alves, as fundações estão ampliando o processo de diversificação de carteiras em 2013. “Os fundos de pensão estão buscando produtos diferenciados para desconcentrar dos índices tradicionais da bolsa”, diz Alves. Isso é notado pela maior procura por fundos de renda variável diferenciados e até mesmo por ativos do mercado exterior (ver matéria Funsejem). A Bram alcançou a nota excelente em cinco fundos de renda variável com destaque para produtos setoriais como o FIA Consumo e FIA Infraestrutura, além de seu FIA Dividendos. 

Valor – Logo abaixo dos primeiros colocados de renda variável, aparece uma série de gestores com dois fundos verdes cada. Pertencem a este grupo diversas assets independentes focadas na gestão de fundos de ações livres voltados para investidores institucionais. “Percebemos maior migração de recursos a partir do ano passado dos fundos atrelados aos índices tradicionais em direção aos produtos com gestão de valor. O movimento está se intensificando em 2013”, diz Cecília Harumi, consultora sênior da Luz Engenharia Financeira e responsável pela elaboração do ranking. 

Um dos exemplos são os dois fundos de renda variável da Humaitá Investimentos com classificação verde, o Absolute e o Value. A asset emplacou ainda um terceiro fundo verde (Equity Hedge) que, apesar de pertencer ao segmento multimercado, prioriza estratégias de renda variável do tipo Long and Short. “Todos os nossos fundos contam com uma gestão ativa, com objetivo de entregar valor ao investidor”, diz Frederico Mesnik, sócio-fundador da Humaitá Investimentos. O gestor comenta que a asset trabalha com uma equipe integrada que atua em todos os fundos da casa. “Temos uma equipe integrada de gestão, capaz de olhar o mercado de vários ângulos, desde uma visão mais macro até a perspectiva micro das empresas”, diz. 

Os fundos Value e Equity Hedge utiliza em sua gestão tanto as análises macro quanto micro. Já o fundo Absolute é focado na análise de empresas específicas com horizonte de investimento de três anos. Para o gestor da Humaitá, o produto Absolute é o mais adequado para os fundos de pensão, devido as características de liquidez com a possibilidade de gerar maior retorno no médio e longo prazos. Já os demais fundos apresentam maior liquidez e levam em conta um horizonte macroeconômico de três e seis meses. 

A Franklin Templeton é outra asset classificada no grupo intermediário do ranking de renda variável, com dois fundos excelentes. O IBrX FI de ações é um fundo com gestão ativa com objetivo de bater o benchmark. Já o FVL FI de ações (Fundo de Valor e Liquidez) é um fundo livre de renda variável. Ambos produtos utilizam uma metodologia denominada Flexcap, que significa, capitalização flexível. “Seguimos critérios mais abertos para incluir ações tanto de baixa quanto de média ou alta liquidez em nossos fundos”, explica Frederico Santana Sampaio, diretor de renda variável da Franklin Templeton. O gestor explica que os fundos que tiveram desempenho excelente no ano passado apostaram em papéis de empresas dos setores de educação, saúde e consumo. 

A asset conseguiu bom retorno com operações com papéis como da Universidade Estácio e da operadora de planos de saúde Amil. Outro case importante em 2012 foi da aplicação em ações da operadora de shopping centers Aliansce. “Apostamos em papéis que se beneficiaram do aumento do poder aquisivo das classes mais baixas que ascenderam para a classe média”, diz Sampaio. No caso da Amil, o papel ainda sofreu boa valorização com a compra da operadora pela gigante americana United Health. 

Por outro lado, a asset conseguiu fugir de eventos negativos, como por exemplo, a desvalorização das ações de Cemig, que tinham posição importante no primeiro semestre do ano passado nas carteiras dos fundos da Templeton. O gestor saiu dessas posições após o IPO da Taesa (empresa de geração do grupo Cemig) e antes da criação do novo marco regulatório do setor elétrico pelo governo federal. Com a intervenção estatal, as ações das empresas do setor elétrico sofreram forte desvalorização, o que afetou também os papeis da Cemig. “Fugimos de empresas que estavam com risco de intervenção governamental, como por exemplo, a Cemig. Também ficamos distantes de setores de commodities e de ações de bancos”, diz o diretor da Franklin Templeton. 

Para os institucionais, o gestor reconhece que a bolsa brasileira continua complicada, porém que ainda há boas oportunidades. “O ano começou complicado, com a bolsa bastante volátil, mas ainda há boas alternativas. Acreditamos que em algum momento, quando houver um alívio das notícias negativas, a bolsa vai retomar evolução”, diz Sampaio.