Empate técnico entre assets | Diversos gestores de recursos ficam...

Figueiredo: mudanças de paradigmasEdição 241

 

Dos 284 fundos multimercados analisados pela consultoria Luz Engenharia Financeira, 91 foram classificados como Excelentes. O gestor com o maior número de fundos excelentes nessa categoria foi o Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), com 5 fundos verdes. Em segundo lugar, dividindo a posição com 4 fundos verdes cada, aparecem 4 gestores: Mauá Sekular; BTG Pactual; Advis; e Daycoval. Chama a atenção a quantidade de assets independentes nas primeiras posições do ranking de multimercados. Das dez primeiras colocadas, apenas o Itaú Asset Management, com três fundos verdes, é ligado a uma grande instituição financeira.

Segundo o sócio da Mauá Sekular Investimentos, Luiz Fernando Figueiredo, um pedaço significativo dos bons resultados obtidos pela asset no primeiro semestre vieram da mudança de paradigma gerada pela queda dos juros, que premiou os pré-fixados. Outro fator que garantiu rentabilidade aos fundos da Mauá foi o ceticismo do time de especialistas em relação à uma solução rápida da situação externa, principalmente ao trabalhar com um cenário mais pessimista para a crise na Europa. “Os brasileiros sabem como funcionam as crises, mas os europeus passaram longe de saber como resolvê-la”, diz.

Figueiredo afirma que a dúvida no período era se a economia brasileira iria continuar o processo de recuperação, que vinha ocorrendo desde o final do ano passado, o que se mostrou negativo. Para ele, o cenário mundial somado a uma política fiscal apertada propiciou que o Banco Central testasse um nível de juros mais baixo. “O Banco Central confirmou a tese de que o Brasil tinha condições de ter um juro real mais baixo, e o que era ousado e temporário já está sendo visto por muitas pessoas como um quadro permanente”, conta.

Além da aposta na falta de uma solução rápida para a crise internacional e na queda da taxa de juros no primeiro semestre, a Mauá Sekular contou com alguns ganhos em moeda, com destaque para o euro, que ajudaram a impulsionar a rentabilidade de seus fundos. Para este segundo semestre, a expectativa da gestora é que a recuperação econômica prossiga no Brasil e os indicadores se tornem mais fortes, além da estabilidade dos juros no patamar atual. A asset também acredita que um novo mix na política econômica, incluindo mudanças políticas capazes de reduzir o custo das empresas (custos trabalhistas e de energia elétrica, por exemplo) serão capazes de incentivar novos investimentos.

No caso da Daycoval, a boa rentabilidade dos seus fundos também tem a ver com a aposta num cenário internacional adverso e na queda das taxas de juros no mercado doméstico. Segundo o diretor da asset, Roberto kropp, os fundos estavam posicionados em juros pré-fixados, ações mais defensivas, de empresas que sentiram menos os efeitos da crise internacional.

O Daycoval identificou em meados de março uma piora na situação das economias periféricas europeias, com agravamento da crise na Grécia, Espanha, Itália, e tratou de reduzir sua exposição em mercados de risco incluindo as bolsas brasileiras. “Quando percebemos que haveria piora no quadro internacional optamos pela estratégia de long and short, focando em papéis mais defensivos de consumo doméstico, infraestrutura e dividendos, além de ficarmos short em papéis cíclicos de commodities como Vale e Petrobras”, diz Kropp.

A análise do Daycoval para o cenário internacional vem mudando desde julho, passando a adotar expectativas mais positivas. As recentes medidas tomas pelo Banco Central Europeu (BCE) para supervisionar os bancos europeus assim como um agressivo plano de resgate a algumas das economias mais precárias animam o executivo. A asset anuncia que continuará buscando resultados nas operações de long and short e que manterá uma posição comprada em bolsa a fim de se beneficiar de uma eventual recuperação da renda variável.

“Temos um plano de crescimento agressivo e queremos ultrapassar os R$ 2 bilhões em recursos administrados nos próximos 12 meses”, afirma Kropp que atualmente faz a gestão de um portfólio de R$ 1,4 bilhão. Ele conta que vem formando uma equipe própria de distribuição e vendas para alavancar os produtos negociados na casa ao longo dos últimos quatro anos com foco em investidores privados e institucionais.

Em relação às operações com ativos no exterior, conta o executivo, foram feitas pequenas ações apenas para fundos exclusivos utilizando aproximadamente 2% de seus patrimônios. A perspectiva é que esta opção cresça. “Há cada vez mais necessidade de procurarmos ativos líquidos e estratégias diversas fora do país”, diz.