Daycoval é o grande destaque | Gestora emplaca nove fundos multim...

Kropp: visão de que o cenário externo seria piorEdição 236

 

Com nove multimercados considerados excelentes, o Daycoval Asset Management foi o destaque dessa categoria nesta edição do ranking de melho-res fundos. Os produtos geridos pela casa que receberam o selo verde são LD Multimercado Crédito Privado Investimento no Exterior, Daycoval Classic Crédito Privado, Knowledge Crédito Privado, Argent, Daycoval Astor, Oasis, Apache, Condor e Daycoval Multifunds. Roberto Kropp, diretor da área de administração de recursos do Daycoval, explica que entre eles há fundos abertos e exclusivos. “Mas todos seguem basicamente a mesma política de investimentos”, afirma.

Atualmente, a gestora tem aproximadamente R$ 1,3 bilhões em fundos administrados. Na grade de produtos abertos estão seis multimercados (sendo que o sexto foi lançado no fim do ano passado), dois de renda fixa e dois de ações – um que busca superar o Ibovespa e um que tem uma carteira de dividendos. Além disso, compõem a plataforma de produtos da asset 12 fundos exclusivos ou restritos a um público específico. “Os multimercados abertos são classificados de acordo com o risco. Temos desde aquele que corre pouco risco de mercado até o que corre bastante risco. O fundo que lançamos no fim do ano passado é mais agressivo”, detalha Kropp. Do total sob gestão da asset, cerca de R$ 100 milhões correspondem a recursos de investidores institucionais, sendo que a maior parte da base de clientes da gestora é composta por pessoas físicas  e jurídicas.

Entre os fundos que receberam o selo verde nesta edição do ranking, está o  LD Multimercado Crédito Privado Investimento no Exterior. Mas apesar de prever a possibilidade de realização de aplicações fora do País, o fundo ainda não utilizou essa estratégia. Kropp explica que trata-se de um fundo “80/20”. De acordo com a Instrução número 450 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de março de 2007, os fundos classificados como multimercado podem manter até 20% de sua carteira alocada em ativos financeiros localizados no exterior. “O nosso fundo está aberto para fazer investimentos lá fora, mas na realidade nós não colocamos isso em prática. Apenas deixamos aberta essa possibilidade. Não temos ainda a experiência necessária para fazer investimento no exterior, só investimos no mercado local”, reforça Kropp.

Panorama – O executivo conta que, em linhas gerais, o que guiou a estratégia da asset no segundo semestre do ano passado foram, de um lado, a piora do cenário internacional e, do outro, a expectativa de interrupção do movimento de alta na taxa de juros brasileira por conta da diminuição no ritmo da atividade econômica do País.

“No segundo semestre de 2011 estávamos cautelosos e preocupados com a situação externa, principalmente na Europa, com o problema da dívida soberana dos países periféricos, em especial a Grécia. Também não podemos esquecer que a dívida norte-americana teve sua nota rebaixada nem na virada do primeiro para o segundo semestre”, recorda Kropp. Vale lembrar que em 05 de agosto de 2011 a agência de classificação de risco Standard and Poor’s rebaixou a nota da dívida americana de longo prazo da nota máxima AAA para AA+. Foi a primeira vez na história que a agência classificou a dívida dos Estados Unidos abaixo do nível máximo.

“O mercado estava bastante nervoso e turbulento lá fora. Aqui dentro, nós vínhamos de uma atividade muito forte em 2010, e o Banco Central estava aumentando os juros no primeiro semestre para reduzir o ritmo da atividade e a inflação. Esse era o panorama do início do segundo semestre”, descreve o diretor. Ele conta que a equipe da asset do Daycoval já começou a sentir, entre julho e agosto, que o cenário externo poderia se deteriorar e que isso viria a contaminar mais fortemente a atividade no Brasil, o que levaria o Banco Central a inverter a mão no movimento dos juros ou pelo menos parar de subir a taxa básica. “Acreditávamos que em algum momento os juros iriam subir”, diz Kropp.

Tendo isso como pano de fundo, o Daycoval Asset Management tomou duas posições: ficou bem aplicado em juros prefixados em todos os fundos e não se expôs a papéis com forte ligação com o mercado externo, como os de commodities. “Ficamos com as ações de empresas mais vinculadas à atividade interna e, principalmente, focamos em papéis mais defensivos, de empresas que têm mais caixa, são mais maduras e que pagam mais dividendos. Essas foram as apostas que nós fizemos no período: juros e ações mais defensivas”, resume o executivo.

Hoje – Já em relação a 2012, Kropp conta que a asset começou o ano ainda um pouco desconfiada, mas as coisas mudaram quando foi percebida uma certa melhora do mercado externo. “Aumentamos nossa exposição ao risco, especialmente nos fundos multimercado, e elevamos as posições em Bolsa, uma vez que passamos a enxergar um cenário um pouco melhor no curto prazo por conta dessa liquidez que foi colocada na economia pelo Banco Central Europeu e também pelo Banco Central dos Estados Unidos. Acredito que isso tenha ajudado os ativos de risco em geral neste início de ano”, diz ele.

Kropp ressalva, no entanto, que é sabido que os problemas fundamentais das economias mais avançadas não foram solucionados. “Foi dado apenas um remédio para aliviar uma doença que ainda está aí”, ilustra. “O que nós estamos observando agora é que os problemas de dívida de vários países da Europa, assim como dos Estados Unidos, ainda existem e vão continuar segurando a atividade econômica nesses mercados. Não vemos um cenário mais grave de ruptura, mas também não conseguimos enxergar as economias desenvolvidas sequer crescendo. Isso acaba travando o crescimento mundial”, aponta. No que se refere ao Brasil, Kropp acredita que a fase de mais desaquecimento já tenha passado, e que de agora em diante o País deve começar a gradualmente retomar o seu ritmo de atividade normal, mais acelerada.