Bram acerta cenários e tem 12 fundos excelentes | Asset do Brades...

Alves e Grazie:conservadorismo na criseEdição 236

 

Com 12 fundos considerados excelentes nesta edição do ranking, a Bradesco Asset Management – Bram ficou em terceiro lugar na classificação geral, atrás somente de Safra e Itaú. Dos 12 produtos que receberam o selo verde, seis são de renda fixa – Referenciado DI Federal, Target, Target I, IMA B 5+ e IRF-M 1 –, um é multimercado – Multimercado Plus – e cinco são de renda variável – IBX Ativo, Institucional IBX Ativo, Small Cap Plus, Infraestrutura e Consumo. Em linhas gerais, na renda variável a estratégia foi manter posições conservadoras, enquanto na renda fixa e no multimercado a opção foi por atuar com juros reais e juros nominais.

Herculano Aníbal Alves, diretor de renda variável da Bram, afirma que, no início, 2011 prometia ser um ano bom, mas lá para março já foi possível desconfiar que as coisas na zona do euro não caminhavam muito bem. “Começamos a enxergar que a situação era mais complexa do que imaginávamos anteriormente. Ao longo do ano, vimos que poderia haver alguma ruptura na Europa, e diante disso adotamos uma postura conservadora. Em função do que estava acontecendo lá fora, concentramos nossas posições em empresas defensivas, como as de energia e telecomunicações, especialmente as de telefonia celular. E também focamos em empresas voltadas para o consumo no mercado interno, uma vez que observamos o aumento da renda”, detalha o executivo.

Alves afirma que, a partir de outubro, foram percebidos sinais de que o pior – no caso, uma ruptura na zona do euro – estava ficando para trás. “No quarto trimestre de 2011, demos início a um movimento gradual de migração da carteira para deixá-la mais leve. Diminuímos um pouco as posições em energia, telecomunicações e cartões de crédito e passamos a nos expor mais ao setor de construção civil que, como estava muito descontado, teve uma performance muito boa quando o mercado subiu”, recorda.

Juros e inflação – Já em relação à renda fixa, Reinaldo Le Grazie, diretor de renda fixa e multimercados da Bram, lembra que o segundo semestre de 2011 foi marcado pela inversão no movimento da taxa básica de juros. “Até o fim do primeiro semestre a taxa de juros brasileira ainda estava em alta por conta de um processo inflacionário que vinha lá de 2010. A partir de julho o mundo mudou, o mercado europeu deu um sinal de quase ruptura e a taxa de juros começou a cair”, diz o executivo. Ele completa que, aliada ao risco de ruptura na Europa, a atividade econômica brasileira, que vinha de um ritmo muito acelerado em 2010, passou a dar sinais de que talvez não apresentaria a mesma pujança no ano passado.

Grazie conta que a Bram acreditou no cenário de fragilidade da atividade internacional e de um certo esgotamento da atividade local, que já não estava tão robusta quanto vinha sendo. Com isso, o caminho básico seguido para todos os fundos consistiu em tomar posições estratégicas em juro real (apostando na queda da taxa e comprando NTN-Bs ou títulos privados indexados a inflação) e em juro nominal (comprando títulos do governo ou de empresas com taxa prefixada). Ele informa que essa estratégia vale também para o multimercado, com a diferença que o Plus tem a possibilidade de fazer posições ainda mais alavancadas.

Sobre as perpectivas para o comportamento da taxa de juros brasileira em 2012, o executivo diz não enxergar pressões de alta, uma vez que “o mundo ainda está em um lugar um pouco perigoso e a atividade no Brasil está dando sinais mistos, com uns setores que vão bem e outros que não voltaram a crescer”.

“Acredito que não haja pressão de alta nem para a taxa de juros do Banco Central nem para a de mercado. Por outro lado, os incentivos setoriais que foram concedidos no Brasil no ano passado e o crescimento da renda estão estimulando a atividade econômica, que voltará a ter pujança. No meio do ano, a atividade deve estar mais aquecida do que agora. E grande parte do movimento de corte nos juros já foi feita. O nível de ataque pode ficar mais ameno, com a taxa caindo para um patamar da ordem de 8% ou 8,5%, mas acho improvável que fique abaixo disso”, estima Grazie.