Aposta em posições defensivas | Asset do J. Safra mantém lideranç...

APPEL: gestão mais ativa na renda fixa com papéis indexados à inflaçãoEdição 236

 

Com 16 fundos de investimento com classificação verde, o J. Safra Asset Management conseguiu manter a liderança geral do ranking de fundos pelo segundo semestre consecutivo. Além do destaque na renda fixa, com nove fundos com nota máxima, o gestor também comemorou o resultado na renda variável, com cinco fundos verdes. “Estávamos preparados para o aprofundamento da crise europeia, sobretudo na renda variável, onde procuramos adotar posições mais defensivas”, diz Márcio Appel, diretor executivo da asset.

A postura mais defensiva teve resultado em quatro fundos setoriais, que emplacaram nota verde. Foram os fundos de energia, infraestrutura, bancos e Vale. O único fundo de ações não setorial com nota excelente foi o Selection FIC, também com estratégia conservadora, pois privilegia papéis de empresas com bom nível de distribuição de dividendos. “Fomos aumentando nosso conservadorismo no segundo semestre do ano passado e continuamos agora com a mesma postura, pois seguimos preocupados com o cenário da economia europeia que vem se arrastando há vários meses”, comenta Appel.

A estratégia defensiva levou o gestor a preferir ações de empresas com melhores posições de caixa. Também foi dada preferência para companhias menos voláteis, com patrimônio líquido mais alto. Os papéis de bancos menores ficaram de fora das carteiras dos fundos do gestor. “Tínhamos a previsão de que a economia doméstica cresceria menos que as expectativas. Por isso, demos preferência às empresas com maior fluxo de caixa”, diz o diretor da asset.

A análise mais pessimista da crise europeia e seus reflexos sobre o crescimento econômico brasileiro foi adotada por diversos gestores, mas o diferencial do J. Safra foi o tempo em que as previsões foram realizadas. Já no fim de 2010, a perspectiva para o ritmo de crescimento da economia doméstica tida pela asset era menor que a média do mercado. Por isso, o posicionamento do gestor deu resultados ao longo do ano passado, com a tomada de posturas mais conservadoras.

Renda fixa – A liderança geral ainda é sustentada pela quantidade de fundos de renda fixa. O J. Safra ficou na primeira posição neste segmento, com nove fundos verdes. Assim como no mercado acionário, a análise de aprofundamento da crise europeia com reflexos na economia doméstica contribuiu para buscar um posicionamento mais adequado na renda fixa. “Como a Europa continuava com seus problemas, a previsão apontava para o menor crescimento do mercado doméstico”, reforça o diretor da asset.

O J. Safra apostou em uma gestão mais ativa dos papéis indexados à inflação para buscar melhores rentabilidades dos fundos. No começo do ano passado acabou aumentando a exposição em NTN-Bs com prazos médios de até dois anos. A estratégia também foi levada para alguns multimercados, segmento que o J. Safra conseguiu duas notas verdes. À medida que as taxas dos títulos federais foram fechando, também se buscou a alternativa dos títulos de crédito privado.

“Fizemos um processo de alongamento de prazos dos papéis de crédito privado ao longo de 2011”, revela Appel. O gestor ressalta as boas oportunidades que foram aproveitadas em papéis como as Letras Financeiras (LFs). Dois exemplos de fundos do J. Safra com classificação verde neste segmento foram o Institucional DI Crédito Privado e o Corporate DI Crédito Privado.

Em todo caso, a estratégia que deu melhor resultado foram as movimentações com papéis indexados à inflação. Ao longo do ano, as assets foram buscando uma nova análise diante da mudança de postura do Banco Central e do governo federal em relação ao controle de preços da economia. Enquanto as últimas direções do Banco Central colocavam como prioridade número um a manutenção das taxas inflacionárias no centro da meta, o atual comando da política econômica foi demonstrando uma maior tolerância ao ritmo inflacionário na parte superior da banda.

Com a desaceleração da economia doméstica ao longo do ano passado, a política monetária foi demonstrando que as medidas para o reaquecimento da atividade econômica seriam priorizadas, mesmo que para isso houvesse um pouco mais de inflação. Mas como os reflexos da crise financeira mundial estavam afetando cada vez mais a economia doméstica, a inflação foi controlada sem grandes esforços da autoridade monetária. Daí em diante, abriu-se a perspectiva para o início do ciclo de corte dos juros, na tentativa de reativar a economia nacional. “Procuramos tirar proveito das oscilações do ritmo inflacionário com uma gestão mais ativa de papéis indexados aos índices de preços”, comenta o diretor do J. Safra.

A estratégia também serviu para os multimercados, com o diferencial das posições táticas com moedas adotadas em alguns fundos. Por exemplo: o fundo Currency Hedge 30 alternou posições em euro, dólar canadense e Real, e acabou com a classificação verde.

Renda variável – O J. Safra pretende continuar privilegiando o segmento de renda variável. Para isso, reforçou a área com a contratação de Guilherme Rebouças, que estava anteriormente no Itaú. O gestor ocupa o cargo de superintendente da área de renda variável da asset, respondendo direto para o diretor Fabiano Gomes. Além dos fundos de ações setoriais, o J. Safra vem buscando destaque para outros produtos de renda variável com gestão mais ativa, como fundos de ações small caps.

Há cerca de quatro anos no comando da gestora, Márcio Appel e sua equipe trabalham com a perspectiva de oferecer produtos mais sofisticados em todos os segmentos de gestão. Para os clientes institucionais, o gestor vem se destacando nas últimas edições do ranking, sobretudo a partir do primeiro semestre de 2011, quando assumiu a liderança com 17 fundos excelentes. Assim, havia ultrapassado o Itaú e a Bradesco Asset Management – Bram, e agora confirmou a liderança geral pela segunda vez. “Continuamos apostando na diversificação de fundos de alto padrão em gestão para institucionais”, diz Appel.

A asset do J.Safra realiza a gestão de recursos de R$ 45,37 bilhões, segundo dados do ranking Top Asset de Investidor Institucional de dezembro de 2011. Desse montante, R$ 2,96 bilhões são de fundos de pensão e R$ 279,39 milhões de regimes próprios de previdência. O principal cliente do gestor são os investidores estrangeiros, que aplicavam R$ 15,68 bilhões com a asset, ainda com dados do final do ano passado.