Edição 231
Apesar de figurar entre os maiores gestores em termos de volumes de recursos administrados, o Santander acumulava resultados modestos na classificação de fundos para institucionais nos semestres anteriores. No ranking referente à primeira metade de 2011, porém, a instituição deu um salto no desempenho em todos os segmentos, emplacando oito fundos com nota máxima – foram três em renda fixa, três em renda variável e dois multimercados. Na classificação geral, ficou com a quinta colocação, muito acima do resultado das edições anteriores.
“Estamos muito satisfeitos com a qualificação de fundos dos mais diversos segmentos e estratégias. O resultado mostra que a asset está em um novo patamar no segmento de institucionais”, comemora Eduardo Castro, superintendente executivo de investimentos da Santander Asset Management.
Além da quantidade de fundos com o selo verde, o gestor ressalta a importância de alcançar boa performance em segmentos distintos. Se antes os melhores resultados eram colhidos com predominância na renda fixa, agora o Santander consegue obter bom desempenho também na renda variável e multimercados. “A boa performance é resultado de uma forte disciplina para enfrentar a instabilidade dos cenários interno e externo que marca todo o ano de 2011”, acredita o superintendente.
Nos fundos DI, o objetivo foi reduzir ao máximo o tracking error. Para isso, houve maior concentração em LFTs. “Nesses fundos, que são extremamente conservadores, procuramos um melhor alinhamento com o benchmark”, afirma o gestor. Ainda na renda fixa, o Santander obteve a classificação verde com um fundo de índices, relativamente novo para os institucionais, com risco maior que os fundos DI, mas menor que os atrelados ao IMA-B. “A meta foi superar o IRF-M com uma gestão mais ativa com papéis prefixados”, aponta Castro.
Para enfrentar a alta volatilidade da Bolsa, o Santander buscou uma gestão mais ativa em seus fundos de renda variável que tiveram posição de destaque no ranking – um deles com benchmark IBrX e outro, Ibovespa. “Procuramos um giro maior com melhor posicionamento setorial. Fizemos algumas mudanças táticas durante o semestre”, lembra o superintendente do Santander. A asset trabalhou com uma expectativa um pouco mais otimista em relação ao cenário externo no começo de 2011, porém foi dando conta de que a situação estava se degradando na Europa.
Outro fundo de renda variável da asset também garantiu a classificação verde: trata-se de um fundo que toma como referência o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), mas que não fica preso ao índice, pois utiliza paralelamente uma análise fundamentalista das empresas. É um fundo antigo, com cerca de 10 anos, que foi criando uma metodologia própria que alia a avaliação tradicional a um filtro de sustentabilidade e governança.
O Santander recebeu o selo verde em dois fundos multimercados, que fazem gestão ativa de juros e moeda. O bom desempenho foi alcançado com uma gestão mais ativa de juros nominais e reais, com alternância de papéis prefixados com LTNs e NTN-Bs. “Também nos multimercados tivemos que enfrentar a volatilidade dos juros com uma gestão extremamente ativa, que incluiu a utilização de estratégias em moedas além do real e do dólar”, detalha Castro.
O superintendente do Santander observa que o primeiro semestre de 2011 foi um período extremamente desafiador para os institucionais. “A instabilidade dos mercados jogou maior responsabilidade para os gestores, que tiveram que adotar uma gestão mais ativa dos recursos”, resume Castro.
Baixo risco – Carlos André, diretor de gestão de ativos da BB DTVM, concorda que o mercado de ações foi muito desafiador, com a Bolsa apresentando rentabilidade negativa. Ele detalha as estratégias dos quatro fundos de renda variável que ganharam o selo verde.
O BB Ações Consumo, como o nome sugere, tem como benchmark o Índice BM&FBovespa de Consumo (Icon), sendo que o seu objetivo é no mínimo ter performance igual à do indicador. O diretor explica que, como o setor de consumo é bastante abrangente, o fundo requer uma capacidade de filtrar as ações com maior perspectiva de rentabilidade. “No primeiro semestre, trabalhamos mais carregados em ações de empresas consideradas mais defensivas”, diz. De janeiro a junho, o BB Ações Consumo teve rentabilidade de
-2,07%, contra -3,78% do benchmark e
-9,96% do Ibovespa no período. “Podemos dizer que a performance do fundo foi relativamente favorável porque, apesar da rentabilidade ter sido negativa, foi melhor que a do Ibovespa”, compara André.
Outro produto da BB DTVM considerado excelente foi o BB Ações Tecnologia. “Esse fundo investe em empresas do setor de tecnologia incluindo segmentos como telecomunicações, comunicação de dados, software e hardware. Pelo fato de a disponibilidade de ações no setor ser mais restrita, a carteira acabou ficando mais concentrada em telefonia, especialmente a celular. Essa estratégia se mostrou mais vencedora do que a diversificação porque o segmento de telefonia móvel, além de trazer uma proteção contra a inflação, reflete o comportamento do consumo”, detaha André. De janeiro a junho, o fundo acumulou rentabilidade de 7,30%.
O BB Ações Siderurgia também tem um portfólio mais concentrado. “Nesse caso não tem como ser diferente. Usiminas, CSN e Gerdau respondem juntas por 85% da carteira do fundo. O restante é aplicado em ações de empresas de alguma forma relacionadas com o mercado siderúrgico, sejam consumidores ou fornecedores”, informa André. Já o BB Ações Vale é um produto bastante passivo. “Para dar uma rentabilidade adicional ao fundo, podemos fazer algumas operações de arbitragem entre ações ordinárias e preferenciais e, ainda, definir quanto do fundo carregar em caixa”, aponta o diretor. Ele completa que, se as perspectivas para o comportamento das ações da Vale forem negativas, é possível sair de uma parte dos papéis para amortecer os efeitos da queda das ações sobre a rentabilidade do fundo. “No primeiro semestre fizemos isso porque era o que estava em linha com as nossas projeções”, recorda.
André observa que a Bolsa continua vulnerável aos problemas no mercado externo. “Existe um grande ponto de interrogação. A Bolsa vai se comportar de acordo com a retomada ou não da economia norte-americana; de uma solução para o problema ou uma eventual ruptura na Europa; e do que acontecerá em termos de inflação e crédito na China”, afirma.
Na renda fixa, a BB DTVM teve três fundos considerados excelentes. “O primeiro semestre foi marcado por um cenário em que as estratégias de renda fixa se sobressaíram mais uma vez”, lembra. O diretor aponta que os fundos considerados excelentes pelo ranking são bastante tradicionais e apresentam um risco baixíssimo tanto em termos de crédito quanto de juros. “São fundos cujos ativos acompanham a flutuação da taxa de juros, por isso não existe esse risco. Os produtos são bastante voltados para gerenciamento de liquidez e, pelo que observamos, tiveram uma boa performance em termos de relação entre risco e retorno”, afirma.