Crescimento da economia e arbitragem na Bram | Oportunidades em a...

Edição 231

 

O crescimento do mercado interno e a arbitragem com papéis indexados a inflação foram duas apostas da Bradesco Asset Management – Bram no semestre passado. O cenário foi se transformando ao longo do período e, atualmente, já mudou bastante, mas na primeira metade do ano a asset conseguiu colher bons resultados com a análise de que o consumo interno beneficiaria as empresas com maior capacidade de repasse da inflação aos preços. Já na renda fixa, a Bram buscou uma gestão um pouco mais ativa, comprando papéis atrelados à inflação, quando possível, gerando ganhos com a arbitragem de preços de papéis de mais longo prazo.
O resultado é que a asset do Bradesco conseguiu a classificação excelente para 12 de seus fundos de investimento. “Realizamos uma gestão mais ativa com os fundos de renda fixa, sempre respeitando os mandatos, mas aproveitando oportunidades com a arbitragem de papéis”, reforça Denise Pavarina, diretora superintendente da Bram. Até a metade do semestre passado, havia uma perspectiva de alta de juros e, mais para o fim do período, com a possibilidade de mudança no cenário interno, surgiram oportunidades com títulos de prazo maior.
A diretora da Bram explica que o mercado de gestão de recursos está enfrentando a necessidade de conviver e interpretar os novos paradigmas adotados pelo Banco Central. “Tivemos que reconhecer que a direção atual do Banco Central está realizando uma mudança de modelos em sua atuação”, observa Denise. Por exemplo: hoje, está se adotando uma postura mais preventiva, em alguns momentos, considerando um maior impacto da crise dos mercados externos na economia brasileira. Para a executiva, não é mais possível ignorar os efeitos da turbulencia externo. Para ela, “é uma falta de visão acreditar que o Brasil não está suscetível aos reflexos dos problemas enfrentados nos principais mercados do exterior”.
Na renda variável, a Bram também buscou uma gestão mais ativa como forma de enfrentar o aumento da volatilidade. Em geral, a asset evitou papéis de empresas de commodities e deu preferência a ações de companhias que se beneficiaram com o crescimento do mercado interno. A Bram deu especial preferência às ações de empresas com boas perspectivas de distribuição de dividendos, e com capacidade de repasse da inflação. Alguns exemplos foram os setores de telecomunicações e rodovias. “Buscamos ações de empresas mais defensivas, com capacidade de proteção dos preços”, descreve Denise.
Outra preferência dos fundos da Bram foram empresas de consumo com maior exposição ao crescimento de emprego e renda. Alguns exemplos foram companhias ligadas à atividade têxtil e de calçados, como Lojas Renner, Hering e Arezzo. Ainda na renda variável, outro fundo da Bram com classificação verde foi um produto com benchmark ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial. Neste caso, a gestora apostou em ações de empresas de energia elétrica, também seguindo a lógica de proteção de preços, pois essas companhias possuem contratos que permitem o reajuste de acordo com a inflação ao consumidor.

Multimercados – No segmento de multimercados, a Bram obteve a nota máxima em quatro fundos de investimento. Uma das estratégias adotadas pela asset foi semelhante à da renda fixa, com a aquisição de títulos atrelados à inflação. Outra estratégia foi a tomada de maior risco com papéis de crédito privado. “Nos multimercados assumimos a mesma perspectiva que a renda fixa, com a análise de aumento das taxas de juros. Vale sempre lembrar que isso valia para o primeiro semestre, pois agora o cenário é outro”, ressalta Denise. Agora o que vale é a análise de queda nas taxas de juros, com os novos paradigmas adotados pelo Banco Central.
Ela detalha que, nos multimercados, os fundos de crédito privado estão ganhando cada vez mais espaço entre os investidores institucionais. Não tem sido um ano fácil para esse tipo de investidor, especialmente para os fundos de pensão e regimes próprios que estão com dificuldades de bater suas metas atuariais, que têm um componente de inflação.