Edição 231
Quanto mais oscilação no mercado, melhor. Pelo menos é isso que se aplica ao Legan Low Vol FIM, multimercado multiestratégia gerido por uma asset criada há cerca de três anos. Com sete fundos considerados excelentes, entre eles o Low Vol, a Legan tem algo entre R$ 280 milhões e R$ 300 milhões sob gestão atualmente e está entre as casas independentes com melhor classificação no ranking de fundos – com a mesma quantidade de produtos com o selo verde estão gestoras renomadas como Claritas e BNY Mellon ARX Investimentos, além da gigante BB DTVM.
A Legan abriu as portas em 2008, ano marcado tanto pela euforia do mercado com a obtenção do grau de investimento pelo Brasil quanto pelo acirramento da crise financeira internacional que até hoje vem causando tremores secundários. Dos seis sócios da gestora, cinco são provenientes da Ágora Corretora, comprada pelo Bradesco em março daquele ano. Airton Kelner, Fabio Veiga e Fausto Gouveia eram da área de clubes de investimento; Ivan Kraiser atuava com formação de mercado; e André Mattos, que chegou recentemente à Legan, atuava com cash and carry na Ágora. Além deles, também é sócio da gestora André Mamed, antes trader da SLW Corretora.
“Começamos a trabalhar com dois fundos: o Low Vol, que tem como característica a baixa volatilidade, em torno de 0,40% ao ano; e o Special, que é um pouco mais agressivo”, conta Airton Kelner, sócio gestor da Legan. Ele detalha que o Low Vol vem tendo captação crescente desde o início, passando de R$ 5 milhões para cerca de R$ 125 milhões em menos de três anos. Com 570 cotistas, o fundo tem nas pessoas físicas a maioria esmagadora dos seus aplicadores. “A base é bastante pulverizada. Recentemente abrimos o fundo também para distribuidores, porque consideramos que já não há mais o risco de um grande investidor ser responsável por uma fatia tão grande do patrimônio a ponto de prejudicar a liquidez do produto”, completa Kelner, comentando que o fato de o resgate do Low Vol ser D+1 é, junto com a baixa da volatilidade, um dos maiores atrativos do fundo. O produto opera somente no mercado de Ibovespa, com entre 50 e 100 estratégias robotizadas de trava, financiamento, a termo, box e cash and carry. “Buscamos desvios de taxas. Por isso que o mercado é favorável para nós quando há oscilações. O ano passado foi complicado, apesar de termos alcançado uma rentabilidade satisfatória. Com a Bolsa de lado é mais difícil encontrar operações”, aponta o gestor.
No acumulado dos primeiros oito meses de 2011, o Low Vol teve rentabilidade de 8,37%. No fechamento de 2010, o retorno foi de 11,67%. Desde o início do fundo, em 28 de novembro de 2011, até o fim de agosto de 2011, o resultado é de 43,80% – o equivalente a 140% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) para o período. Fausto Gouveia, sócio da Legan responsável pela parte de macroeconomia, completa que mesmo diante de um cenário tão complicado para o segmento de multimercados o Low Vol não registrou saques em 2011. “Tivemos apenas captação”, comemora.
O Legan Special FIM também recebeu o sinal verde no ranking. Airton Kelner explica que, além das estratégias do Low Vol, o fundo tem entre 10% e 15% de seu patrimônio em operações direcionais, além de um pequeno percentual em long and short. O fundo está com um PL na casa dos R$ 35 milhões e acumula retorno de 7,15% em 2011 (agosto) e de 39,73% desde o início, em 20 de abril de 2009. “A volatilidade desse fundo também é relativamente baixa, mas ele é um pouco mais agressivo e acaba sofrendo mais com o sobe e desce do mercado”, compara o gestor.
Sob medida – Uma fatia importante do total sob gestão da Legan é dedicada ao que os executivos chamam de “fundos familiares”, produtos desenhados de acordo com as necessidades dos cotistas. “Reunimos, em um único instrumento, diversos tipos de aplicação adequados ao perfil do investidor, que pode ser mais conservador ou mais agressivo. Uma vantagem é a facilidade do ponto de vista tributário, uma vez que o administrador faz todo o trabalho de tributação e entrega os dados mastigados para o cotista”, indica Gouveia.
Até hoje, a asset ainda não fez um trabalho comercial dedicado aos fundos de pensão. “Nos dedicamos a pulverizar a nossa base de clientes, o que nos dá flexibilidade e tranquilidade na gestão. Mas é claro que estamos abertos aos institucionais”, afirma o sócio da Legan.