Edição 231
Em um semestre com alta volatilidade, em que a Bolsa andou para trás e o desempenho dos títulos públicos também foi prejudicado, o HSBC Global Asset Management apostou em estratégias de crédito privado. Desta forma, a família de fundos Performance buscou uma alocação mais consistente em CDBs de bancos médios, debêntures e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fidcs). “Adotamos uma estratégia com especial preferência para debêntures e Fidcs de rating mais baixo e retornos mais atrativos”, diz Mário Sérgio Felisberto, diretor de investimentos da HSBC Global Asset Management.
A asset obteve a classificação verde para 10 de seus fundos de investimentos, dos quais cinco na renda fixa, três multimercados e dois de renda variável. Os fundos Crédito Privado Performance e Performance Institucional do HSBC foram os que apresentaram as melhores captações de recursos entre os institucionais no semestre passado. “Antes tínhamos maior procura por parte de clientes private e corporate, e agora estamos percebendo maior demanda por parte das fundações”, constata Felisberto. Além dos papéis citados anteriormente, os fundos também ampliaram as posições em Letras Financeiras (LFs) de bancos maiores, com rating triple B para cima. Mas o destaque ficou mesmo com os Fidcs, que ganharam mais espaço nas carteiras. Ao mesmo tempo, os CDBs de bancos maiores perderam um pouco de lugar nesses fundos.
Outro fundo de renda fixa com selo verde, denominado Crédito Privado Título Privado, seguiu estratégia parecida com a da família Performance, mas sem exposição a Fidcs e CDBs. No caso, houve maior aplicação em LFs de bancos maiores. Outros fundos de renda fixa mais ativos e multimercados, como o Regime Próprio, Amazonas, LP Star e Multi, também aumentaram a alocação em papéis de crédito privado. Nestes casos, porém, essa estratégia aliou-se a outra, que foi a alta da exposição a títulos públicos atrelados à inflação, com prazos mais curtos.
“No início do primeiro semestre tínhamos a análise de que os juros básicos seguiriam aumentando”, lembra o diretor de investimentos do HSBC. O executivo explica que o mercado virou totalmente no começo do segundo semestre, quando o Banco Central interrompeu o ciclo de alta dos juros. Ele revela que já no decorrer da primeira metade de 2011 a asset começou a trabalhar com a hipótese de que o ciclo de alta dos juros seria revertido antes do previsto.
Ações – Na renda variável, a HSBC Global obteve a classificação verde em dois de seus fundos, um deles mais tradicional, com benchmark Ibovespa, e outro atrelado ao ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial. Este fundo aplica uma análise de sustentabilidade – governança com critérios sociais e ambientais – aliada a um modelo fundamentalista. “Tivemos maior cautela com empresas de commodities no segundo trimestre, dando preferência para papéis que se beneficiassem do crescimento da economia doméstica e ao mesmo tempo passassem pelo filtro da sustentabilidade”, detalha Felisberto.
Ele comenta ainda que os investidores institucionais enfrentaram um semestre difícil para bater suas metas atuariais e que as dificuldades permaneceram no terceiro trimestre. A Bolsa andou muito volátil, com queda na maioria dos papéis, e a renda fixa também não foi muito bem. “Restaram poucas alternativas. Acredito que o crédito privado é que trouxe maior oportunidade de ganhos, ao lado de papéis mais curtos atrelados à inflação”, aponta o diretor de investimentos.
Com a queda nas taxas de juros básicas promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), vários papéis recuperaram a performance perdida nos meses anteriores, mas mesmo assim os cenários continuam desafiadores. “É muito importante selecionar os melhores fundos de renda fixa para conseguir melhores ganhos. Já a renda variável, por sua vez, apresenta boa perspectiva no longo prazo, mas não deve se recuperar até o fim do ano”, prevê Mário Felisberto.