Edição 225
A análise macroeconômica foi a responsável tanto pelas vitórias como pelas derrotas do Itaú Unibanco no ano passado. Enquanto a rápida identificação de um crescimento expressivo no Produto Interno Bruto (PIB) garantiu uma estratégia de investimentos nas chamadas small caps na renda variável, a convicção de que o ciclo de alta das taxas de juros seguiria ao longo do segundo semestre de 2010 trouxe surpresas desagradáveis na renda fixa, com necessidade de alteração de rota para o último trimestre do ano.
A asset do banco encerrou 2010 na segunda colocação no ranking geral de fundos, com 12 deles classificados como excelentes, atrás apenas da Bram – Bradesco Asset Management, que teve 14. Dessa forma, após uma queda em meados do ano passado, quando teve nove de seus veículos de investimentos com a melhor classificação do ranking, o Itaú volta ao mesmo nível apresentado em 2009.
A maior evolução aconteceu na renda variável, em que a instituição chegou à primeira posição, com quatro classificações verdes, ante um sexto lugar em 2009, em que conquistou apenas uma. Na renda fixa, o Itaú já havia perdido a primeira posição em junho passado para o Safra BSI, quando passou de sete notas excelentes para cinco. No encerramento do ano, teve ainda a perda de um conceito máximo, caindo para quatro, e viu a distância para o líder, que chegou a nove, aumentar.
Renda Variável – A identificação ágil do aquecimento da economia permitiu que a estratégia de investimento na Bolsa se concentrasse em ações de empresas de pequeno e médio porte, assegura o superintendente de renda variável da instituição, Gilberto Hideo Nagai. Ele explica que, inicialmente, o mercado apontava para um crescimento menor do PIB, enquanto a área de análise macroeconômica interna já apontava para um cenário de forte expansão. “Quando se acredita nesse cenário de mercado interno aquecido, pode se comprar mais empresas domésticas”, avalia. Segundo ele, as médias e pequenas companhias que conseguiram se capitalizar via Bolsa tinham a perspectiva de conseguir capturar o crescimento do País de forma integral. “Em geral, quando se investe em commodities, você está comprando investimento externo. Por outro lado, nas small caps, se compra a expansão interna.” Dentro dessa perspectiva, as principais apostas foram o setor de varejo e imobiliário.
Além de confiar nas small caps, o Itaú também buscou setores que sofressem menos com a alta de preços. “Durante o ano passado, foi importante selecionar bem os papéis. Apostamos também, por exemplo, em ações de infraestrutura, que costumam ser mais protegidas em relação à inflação.” Nagai considera ainda que 2011 deverá se mostrar mais complicado que 2010, por conta ainda de incertezas em relação à inflação e ao crescimento do País. Nesse cenário, a instituição deve ter um portfólio mais equilibrado, não tão exposto a risco doméstico. “Hoje, estamos um pouco mais expostos a commodities. Na medida em que as expectativas se tornarem mais claras e as incertezas sobre o PIB e a inflação diminuírem, devemos voltar para o mercado interno”, projeta Nagai.
Renda fixa – Se a análise macro foi essencial para o bom desempenho na renda variável, na renda fixa pregou peças, ao considerar que o ciclo de alta de juros seria mais longo que o promovido pelo Banco Central. “Para controlar a inflação, achávamos que a Selic deveria continuar subindo, mas não foi o que aconteceu”, afirma o superintendente de renda fixa, Ronaldo Patah.
O último aumento de juros no ano passado ocorreu em julho, quando a taxa básica passou de 10,25% ao ano para 10,75%. Na ocasião, a instituição tinha também a convicção que essa alta deveria ter sido de 0,75 ponto percentual, e não 0,50. “Julho foi um mês bastante ruim, que entregou o ganho conseguido no primeiro semestre”, aponta o superintendente.
Patah recorda que o início do segundo semestre foi marcado por uma inflação “próxima a zero”. “Sabíamos que essa era uma situação momentânea. Dado o ritmo de crescimento do País, já esperávamos uma volta da inflação, uma vez que víamos o patamar em que estavam os juros como insuficiente [para contê-la]”, lembra.
Por isso, a instituição passou então a buscar papéis ligados à inflação. “Foi uma posição bem grande, que possibilitou a recuperação dos fundos devido ao aumento da inflação em outubro, novembro e dezembro”, atesta. Segundo ele, os fundos que mais se destacaram foram os ligados a estratégias específicas de inflação, crédito e posições prefixadas na taxa de juros de um ano.
Patah imagina que 2011 deverá ser parecido com 2010. “Mais uma vez, o patamar atual da taxa de juros não é suficiente, por isso continuaremos comprados em inflação e sem muitas posições prefixadas. Também aumentamos nossa exposição a crédito”, indica.