Ganhando na crise

Edição 161

RiskOffice destaca 113 fundos excelentes no período de junho de 2004 a junho de 2005; Unibanco assume liderança, BankBoston surpreende na vice, Itaú se mantém no podium e BB dispara

De cada dez fundos de investimentos voltados a investidores institucionais, três tiveram desempenho excelente no período de junho de 2004 a junho de 2005. Estes fundos receberam sinal “verde” da consultoria RiskOffice, o que significa que alcançaram bom desempenho com baixa volatilidade no período. Foram analisados 389 fundos, dos quais 113 se enquadraram nesta classificação. Outros 164 fundos receberam sinal “amarelo”, ou seja, não conseguiram agrupar as duas qualidades juntas. E 112 ficaram com o sinal “vermelho” – tiveram baixo desempenho com alta volatilidade no período analisado.
O resultado foi praticamente o mesmo do obtido no ano passado, quando, de 497 fundos de investimentos analisados, a RiskOffice deu sinal “verde” a 114, sinal “amarelo” a 206, e “vermelho” a 177. Só que, agora, os gestores tiveram mais trabalho para garimpar oportunidades, uma vez que não contaram com boas notícias nos últimos seis meses, como em períodos passados. Do agravamento do cenário político interno à alta do petróleo no mercado internacional, o profissional que se arriscou por um bom desempenho e ainda conseguiu controlar a volatidade fez um jogo impecável.
Quem se sobressaiu nesse cenário foi a asset do Unibanco, com 14 fundos excelentes – o dobro do conquistado no levantamento anterior, quando dividiu a liderança com o Itaú e com o Santander. Hoje, sozinha no podium, considera que a destreza em antecipar a política de alta de juros praticada pelo Banco Central (BC) foi uma das grandes responsáveis pelo resultado. A asset aplicou boa parte de suas fichas nos fundos de renda fixa e nos fundos multimercados. Para tanto, foram agressivos na renda variável e souberam compor bem a carteira de títulos federais indexados à inflação.
Quem ficou a um fundo de diferença do líder foi o BankBoston que, apesar da vice-liderança, apresentou uma ascensão impressionante. No ranking anterior, ele sequer foi citado entre as 25 assets que receberam sinal “verde” nos seus fundos. O sócio-gerente do BankBoston, Charles Ferraz, informa que o banco adotou uma postura mais participativa no mercado acionário e investiu em sistemas avançados que reduzissem “a zero” a chance de furo no mandato – sobretudo por conta da legislação do setor de fundos de pensão. “A gente sempre fala que está no mercado para ficar vinte, trinta anos, com consistência e muito foco”, considerou.
Também por uma diferença de um fundo de investimento, o Itaú aparece na terceira colocação, com 12 fundos classificados como excelentes. Mesmo descendo alguns degraus – uma vez que na pesquisa anterior, a primeira colocação lhe rendeu 15 fundos “verdes” –, a asset do Itaú apostou, sobretudo, nos papéis do governo. Nos prefixados atraídos pelo juro alto e nos pós-fixados fisgados pelo “interessante deságio” que apresentaram, disse o responsável pela área de fundos de derivativos e multimercados, Marcello Siniscalchi. A asset do Itaú também marcou presença na renda variável, ao aplicar em small caps (ações de segunda e terceira linhas). E, como resume o responsável pela área de renda fixa da asset do Itaú, Aguinaldo Fonseca, o banco soube “apostar nos ativos certos e nas horas certas”.
Em quarto lugar ficou a Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) do Banco do Brasil (BB), com dez fundos classificados como excelentes pela RiskOffice. Assim como o BankBoston, o BB também registrou um salto exemplar na comparação das pesquisas. Na anterior, que considerou o ano de 2004, a DTVM do BB aparecia com apenas um fundo “verde”. Segundo o gerente executivo de fundos especiais da instituição, Fernando Manuel Ribeiro, o resultado pode ser explicado pela reorganização interna de equipe iniciada há seis meses e pelo treinamento dos profissionais. E o mais importante, considerou, foi a sinergia criada entre as áreas, através da criação de Comitês que ajudaram a balizar as decisões.
Em quinto lugar na pesquisa da RiskOffice ficou o Safra, com nove fundos de investimentos para investidores institucionais. Na seqüência, a Icatu Hartford alcançou sete fundos “verdes”, seguida pelo Citibank e pelo Santander, ambos com seis fundos excelentes cada. Com cinco fundos bem classificados, empataram quatro gestores: Bradesco, HSBC e Pactual. Com quatro vem o Fator. Com dois fundos verdes vêm o ABN Amro, BNP Paribas, Dynamo e Rural. Com um fundo “verde”, foram classificados: Banif Primus, BBM, Bresser, Geração Futuro, Mellon Brascan, Nossa Caixa, Panamericano, Paulista e Schroder.

CRITÉRIOS PARA ENTENDER O RANKING
Os fundos são analisados e classificados pela RiskOffice de acordo com sua rentabilidade e volatilidade. A classificação leva em conta também a categoria e o perfil de risco do fundo. O estudo analisa apenas os fundos abertos, voltados para investidores institucionais. Os melhores fundos recebem o sinal verde, indicativo de excelência em gestão. Os fundos que recebem o sinal amarelo são considerados adequados para investimento. Os fundos inadequados para investimento, que receberiam o sinal vermelho, nem são listados na avaliação de 12 meses.
Este ranking publica apenas a relação dos fundos que receberam sinais verde e amarelo no período de 12 meses, embora os sinais vermelhos possam aparecer quando examinamos a performance do fundo em períodos diferentes, os quais apresentamos para permitir ao leitor conferir se os fundos rankeados foram bem só em 12 meses ou se têm consistência de performance.