Edição 161
Instituição aponta estratégia antecipada sobre a alta dos juros como um dos fatores responsáveis para seu sucesso nos últimos doze meses: foram 14 os fundos excelentes
Pelo segundo ano consecutivo, a bandeira verde do topo da pesquisa da consultoria RiskOffice sobre fundos de investimentos voltados para clientes institucionais ficou nas mãos da Unibanco Asset Management (UAM). O estudo feito entre junho de 2004 e junho de 2005 mostrou uma novidade: dessa vez, a instituição aparece isolada, enquanto que, na anterior, dividia o primeiro lugar com o Santander e com o Itaú. Revelou ainda que o número de carteiras nessa categoria de “fundos verdes” – que tiveram uma gestão considerada excelente – dobrou de sete para 14. O Itaú foi para terceiro, atrás do BankBoston, enquanto o Santander foi para sétimo.
O Unibanco acertou principalmente nos fundos de renda fixa. Sobretudo nos referenciados. Saiu-se bem, ainda, nos fundos multimercados. Pela lista, receberam aprovação máxima os seguintes fundos: UBB Institucional DI FI Referen-
ciado, UBB Loan DI FI Referenciado, UBB Institucional Renda Fixa FI, UBB Previdência FICFI Renda Fixa, Dibens Personal Root FI Multi, UBB Institucional Ibovespa FI Ações, AGPrev PGBL FI Renda Fixa, Pack Fix 100 FI Renda Fixa, UBB AIG Corporate I FI Renda Fixa, UBB AIG Corporate II FI Renda Fixa, UBB Prever Corp RV 15 FI Multimercado, UBB AIG Prever IV RV 30 FI Multimercado, UBS Composto I FI Multimercado e UBB AIG Corporate RV 25 FI Multimercado.
O diretor-executivo da UAM, Paulo Vaz, prefere analisar o desempenho de sua área em dois momentos distintos. Nos últimos seis meses de 2004, explica ele, os juros foram responsáveis pelo bom desempenho dos fundos da asset. “Nós, da UAM, tivemos a percepção de antecipar com relativo sucesso a política da alta de juros que seria estabelecida pelo Banco Central para o período [segundo semestre de 2004]”. De acordo com ele, a política econômica do governo vinha de uma estratégia de cortes nos juros e havia dado uma parada ante os sintomas de risco inflacionário. “Identificamos risco de inflação e nos posicionamos nas aplicações prefixadas”.
Outro aspecto de destaque, na sua opinião, foram as aplicações em fundos de investimentos compostos por títulos indexados ao Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), bastante atrelado ao desempenho do dólar, e por papéis atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do governo. Na renda variável, a UAM também soube garimpar oportunidades. “Pegamos um momento bom para compra da carteira. Na alocação dos fundos com renda variável, fomos agressivos e pegamos toda a movimentação da bolsa à frente dos concorrentes”.
A situação, no entanto, foi bem diferente no primeiro semestre de 2005, quando a UAM enfrentou um mercado de renda fixa bastante difícil, sem uma tendência definida. “Os ativos prefixados já não foram tão positivos”, avalia Vaz. Já na renda variável, segundo ele, tanto o Ibovespa quanto o IBrX geraram elevado “alfa” (retorno líquido ajustado ao risco) e a alocação foi bastante positiva. “Isso compensou o desempenho mediano que obtivemos na renda fixa. No conjunto, portanto, ficamos numa posição bastante confortável que nos levou a esse desempenho”.
Vaz observa que o êxito de sua asset está diretamente ligado à reestruturação iniciada há dois anos quanto à gestão e aos processos de investimentos e de decisão. “Nosso comitê tem procurado seguir um esquema de disciplina e de discussão, de não se adotar um processo de funcionamento individual. Pensamos que as medidas não devam depender de decisões individuais de estrelas. O trabalho é em grupo. Temos a certeza de estar criando aqui uma escola de decisão de investimentos”. Os resultados disso, acrescenta o executivo, têm aparecido nos últimos dezoito meses.
E o futuro? Para Paulo Vaz, o movimento da crise política que envolve deputados federais e governo Lula deixou o mercado bastante apreensivo nos primeiros dois meses porque poderia contaminar os preços de ativos. Mas os acontecimentos que se seguiram com a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) e a reação positiva da economia mostraram certo amadurecimento do mercado financeiro. “Tenho uma visão positiva para o próximo semestre. Na parte econômica, vejo fundamentos muito bons. Têm sido tomadas decisões de bom senso em política macroeconômica que me levam a crer nisso. A partir de setembro, deveremos ter um afrouxamento dos juros. Vai ser um semestre bom para investimentos”, prevê.