Edição 143
Líder no ranking das instituições com maior número de fundos considerados excelentes, a Bradesco Asset Management (Bram) se destacou tanto na performance da renda fixa, quanto da renda variável. O fundo BCN Blue Chip, por exemplo, rendeu 85,83% para quem manteve a aplicação nos últimos 12 meses. Outro destaque foi o Bradesco BD Fia, que rendeu 89,06% no mesmo período. Na área de renda fixa, os fundos selecionados tiveram rendimento médio de 23%. “O resultado que nos premiou com a seleção de dez fundos de diferentes modalidades é um reconhecimento importante do acompanhamento minucioso que fazemos da relação risco-retorno dos investimentos”, diz o diretor superintendente da instituição, Robert van Dijk.
Segundo Herculano Alves, que dirige a área de renda variável da Bram, a gestão dos fundos atrelados ao Ibovespa e ao IBX seguiu primordialmente a análise fundamentalista do cenário econômico interno e externo. “Deixamos o instrumento das análises grafistas apenas para alguns momentos. Na maior parte do tempo, nossas decisões são tomadas com base em fundamentos”, diz o diretor. “Nós iniciamos 2003 sem saber se o discurso usado pelo governo recém-eleito havia sido apenas retórico para vencer o pleito, ou se seria realmente colocado em prática. Com o passar do tempo, percebemos a consolidação de um cenário positivo e identificamos na bolsa os setores que teriam mais chance de apresentar bom desempenho”, diz Alves.
Entre esses setores, a Bram deu atenção aos de siderurgia e mineração. Em 2002 os preços das ações de ambos os segmentos haviam sido duramente atingidos pela alta do dólar, já que uma grande parcela de suas dívidas está indexada à moeda americana. Em 2003 essa pressão diminuiu com a valorização do real. Além disso, as empresas passaram a se beneficiar do aumento do preço de seus produtos no mercado externo. “Para este ano, será necessária uma gestão ainda mais rigorosa do que no ano passado, já que a bolsa já ajustou seus preços”, explica ele.
O diretor de renda fixa, Carlos Otero, por sua vez, diz que o bom desempenho dos fundos da Bram nessa categoria foi construído com uma série de pequenos acertos colecionados ao longo do ano. “Olhando agora, é fácil dizer que a queda da taxa de juros era esperada em 2003 e que esse era o caminho certo a se tomar. Mas enquanto estávamos vivendo aquele período, nada parecia tão óbvio assim. Portanto, mantivemos durante todo o ano uma administração bastante ativa e fomos superando etapa por etapa, somando vários pequenos acertos”, diz o diretor. “Mantivemos constante atenção ao risco-retorno com base nas análises fundamentalistas e aos poucos fomos percebendo o cenário positivo que se desenhava para o Brasil, coincidindo com a boa surpresa da correta condução das políticas fiscal e monetária do país”, afirma Otero.
Já para 2004, Otero espera um ano mais complicado para a gestão. “Os prêmios já não têm tanta gordura quanto os do ano passado. Por isso, deveremos orientar mais os investimentos de acordo com o perfil do investidor”, diz ele. De acordo com o diretor Robert van Dijk, investimentos como os fundos atrelados aos índices de inflação como IGP-M e IPCA são alternativas bastante atraentes para aplicações de médio e longo prazo. “Esses são investimentos que atendem ao perfil tanto dos investidores institucionais que querem fazer hedge, ou seja, proteger seu patrimônio contra a inflação, quanto daqueles que estão apenas procurando diversificar as aplicações para conseguir um rendimento melhor”, diz van Dijk. Ele exemplifica, dizendo que os cupons de IGP-M, no terceiro trimestre do ano passado, ficaram entre 9 e 9,5%.
Já os fundos de renda fixa ativa poderão avaliar com mais atenção títulos da dívida privada. “Este é um ano que vai requerer bastante cuidado e responsabilidade na análise do foco do investimento e na relação risco-retorno”, avalia o diretor. Ele espera que a captação dos investimentos institucionais continue crescendo, a exemplo do que aconteceu no ano passado, principalmente se houver avanços nas reformas do setor previdenciário.