BB mantém a dianteira | Diferença cai para poucos bilhões quando ...

Carlos Takahashi

 A lista dos dez maiores administradores de recursos apresentou crescimento de 21% no volume de recursos em 2012. O volume sob administração fiduciária saltou de R$ 1,59 trilhão no final de 2011 para R$ 1,93 trilhão em dezembro do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Algumas novidades foram as ascensões das empresas ligadas ao grupo Itaú-Unibanco, a Intrag, que passou a figurar como a décima colocada do ranking, e a BEM DTVM, que subiu para a quinta posição – antes era a sexta.

Em ambos os casos, Itaú e Bradesco utilizam essas estruturas para fazer a administração de fundos de gestores externos, enquanto a administração dos fundos próprios é feito no banco. Somando-se Itaú e Intrag chega-se a R$ 437,2 bilhões, enquanto Bradesco e BEM somam 431,8 bilhões, ambos muito perto da líder, a BB DTVM, com R$ 444 bilhões.

Com uma vantagem tão pequena, a BB DTVM quer ampliar suas posições junto aos gestores independentes neste ano. Atualmente, quase a totalidade dos recursos sob administração da BB DTVM provém de fundos da própria asset.

A líder aumentou o volume de recursos administrados em 9,18% nos últimos doze meses, mas os planos são os mesmos do ano passado. O avanço entre os clientes foi aquém do esperado e apenas parcerias pontuais com Votorantim e Mapfre foram fechadas. A estratégia traçada no início de 2012 teve de ser modificada.

Os_dez_maiores

O presidente da BB DTVM, Carlos Massaru Takahashi, lembra que a mudança do panorama macroeconômico e o aparecimento de novas oportunidades adiaram os planos da empresa de crescer entre os independentes.

“Fizemos um trabalho com as casas que estão mais próximas da gente, até por questão societária, como é o caso do Votorantim e outros casos pontuais. Mas a gente não cresceu o que queria em 2012, demos uma revisada. Foi um ano com mais volatilidade, houve queda de juros, mudança no cenário, principalmente depois de maio. Por isso nós focamos mais em adaptação do nosso campo interno”, conta Takahashi.

Para ele, o cenário pedia que as atenções se voltassem para a estrutura interna, se preparando para buscar os clientes independentes. “Todas essas mudanças nos deram a seguinte mensagem: existe uma oportunidade interna mais interessante, um processo de rearrumação da própria casa.”

O processo de 2012 passou por reestruturação de equipe, realocação de pessoas para cuidarem da administração de estruturados e alternativos. “A gente imagina, por várias razões, que sejam os setores com mais avanços em 2013.”

Para este ano, porém, ele garante uma estratégia mais agressiva e diz que a BB DTVM está mais focada em trazer recursos dos independentes. “Agora sim estamos preparados para atender estas oportunidades. Além do crescimento por necessidade de diversificação, há as novas tendências, como as debêntures de infraestrutura.”

O otimismo para 2013 é grande. Takahashi aposta que o novo contexto macroeconômico é positivo e a indústria de fundos vai continuar crescendo. “A gente vai continuar o processo de ampliação, processo gradual e focado em fundos estruturados. Depois a gente vai para fundos 409, multimercados, renda variável e assim por diante. Estamos no jogo para tentar morder um bom pedaço dessas oportunidades todas”, planeja.

Em um ranking com os mesmos líderes, as principais diferenças para 2011 são as entradas da Intrag, administradora ligada ao Itaú, e a saída do Citibank do ranking dos dez, ficando em 11º lugar.

A BNY Mellon, oitava colocada no ranking, é uma empresa que mantém o foco na prestação de serviços de administração e controladoria para terceiros. Todos os R$ 105 bilhões da entidade vêm de gestoras independentes. De 2011 para 2012, o crescimento da empresa foi de apenas 3,41%.

O diretor da Área de Serviços Financeiros do BNY Mellon, Alberto Elias, admite que 2012 não foi um bom ano, mas diz que a empresa está satisfeita em manter o posto de principal administradora e controladora de fundos de assets independentes. Pelas contas de Elias, das 470 gestoras independentes registradas na CVM, a BNY atende 315. São mais de dois mil fundos, uma média de 50 novos fundos por mês. Entre os clientes, estão ainda mais de 20 institucionais, entre fundos de pensão e seguradoras.

“A gente esperava crescer mais no mundo dos estruturados, mas o desempenho não foi como o esperado no segmento de FIPs. Imaginávamos um maior investimento estrangeiro e em infraestrutura. Pode ser que aconteça, mas o mercado ainda não registrou o crescimento que se esperava em função das necessidades de investimentos que o país tem no momento”, analisa Elias.

Para 2013, a aposta também é nos fundos estruturados. Alberto Elias diz que a queda da taxa de juros faz com que, na teoria, os investidores busquem novas alternativas. Ele acredita ainda na capacidade do Brasil de atrair recursos. Segundo Elias, o país está na moda por conta do Pré-Sal, Copa e Olimpíadas, que podem impulsionar o crescimento nos póximos anos.

 

Independentes – O grupo Bradesco é outro grande participante do mercado de administração. Além da empresa encarregada dos fundos próprios, que ocupa a terceira posição no ranking, a BEM DTVM também é um braço do banco. A BEM, quinta colocada com R$ 144 bilhões, que administra prioritariamente ativos de gestores independentes comemora o crescimento acima das taxas registradas pelo mercado.

Os recursos sob responsabilidade da administradora aumentaram 35% nos últmos doze meses. “O crescimento da BEM DTVM foi centrado principalmente em fundos exclusivos de fundos de pensão e no aumento do volume financeiro de assets parceiras”, disse André Bernardino, diretor da Área de Ações e Custódia do Bradesco.

Para Bernardino, 2013 será um ano de ajustes e preparação para novas oportunidades. Ele cita as novas exigências feitas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para as administradoras de fundos estruturados e diz que o grupo Bradesco está se preparando. “O desafio é atender uma série de demandas colocadas pela CVM. Será um ano de muitos ajustes, mas que nós acreditamos que será bom no que diz respeito ao desenvolvimento e fortalecimento da indústria.” E o diretor de Ações e Custódia acredita que em breve a CVM vai apertar as regras em um dos setores que mais cresce nos últimos anos, os fundos imobiliários.

Quanto às novidades para os próximos doze meses, a aposta é no crescimento da internacionalização dos serviços. Bernardino cita os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) não patrocinados e os fundos de fundos no exterior. No mercado interno, Bernardino diz que as empresas se preparam para atender, principalmente, às demandas de fundos de private equity e de direito creditório (Fidcs).