Ibovespa recua com tensão política e “super quarta”

O Ibovespa, principal índice da B3, voltou ao campo negativo nesta terça-feira (9/12) fechando em queda de 0,13%, aos 157.981 pontos, em um pregão marcado pelo aumento das incertezas políticas e pela expectativa em torno das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos. O movimento interrompeu a recuperação observada mais cedo, quando o índice chegou a tocar a máxima do dia.

A piora no humor veio após a suspensão das atividades na Câmara dos Deputados, provocada pelo protesto do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que ocupou a cadeira da presidência durante sessão do Conselho de Ética. Até então, o mercado reagia positivamente à sinalização de que o PL da Dosimetria seria votado rapidamente, em meio às discussões sobre a possível retirada da pré-candidatura presidencial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Com a proximidade da “super quarta”, quando Fed e Copom anunciam suas decisões de política monetária, investidores mantiveram postura conservadora. A expectativa majoritária é de manutenção da Selic em 15% ao ano e de novo corte de 25 pontos-base nos EUA.

O dólar fechou em alta de 0,28%, cotado a R$ 5,43, em um pregão de forte sensibilidade às declarações do senador Flávio Bolsonaro sobre sua pré-candidatura à Presidência. Pela manhã, a moeda chegou a R$ 5,4958, após o senador afirmar que sua candidatura é “irreversível”, contrariando sinais anteriores de possível desistência.

Segundo operadores, a manutenção do nome de Flávio Bolsonaro na disputa aumenta a percepção de fragmentação da direita, elevando a incerteza eleitoral e, por consequência, a volatilidade do câmbio. À tarde, porém, a pressão diminuiu após o presidente da Câmara, Hugo Motta, pautar a votação do projeto da dosimetria, que pode beneficiar Jair Bolsonaro e reordenar as articulações políticas para 2026.

No exterior, o índice DXY operou em leve alta, ao redor de 99.200 pontos, enquanto o iene caiu cerca de 0,60% após declarações do Banco do Japão sugerindo ajustes graduais nos juros. Moedas de emergentes perderam força, pressionadas pela queda do petróleo e do minério de ferro; o peso mexicano foi exceção.

O mercado agora aguarda a “super quarta”, com decisões simultâneas de Copom e Fed, que podem influenciar o câmbio e a direção dos fluxos globais nos próximos dias