Fundações desinvestem em renda variável | Entidades como Previ e ...

Edição 292

 

As grandes fundações de estatais recentemente realizaram desinvestimentos na carteira de renda variável, aproveitando oportunidades do mercado para gerar mais liquidez e rentabilidade aos seus planos. Um dos movimentos realizado foi a venda conjunta da CPFL Energia, realizada no ano passado. O controle da companhia, vendida para a chinesa State Grid, se dava por meio da holding Bonaire, da qual participava Petros, Funcesp, Sistel e Sabesprev. A Previ também possuía participação independente da empresa e recebeu mais de R$ 5 bilhões em seu caixa com a alienação.
Já em fevereiro deste ano, a Previ vendeu a totalidade de sua participação de 17,48% na empresa de agronegócios Kepler Weber para o grupo americano AGCO. O valor da compra ficou em R$ 22 por ação, o que totaliza um montante de R$ 100 milhões ao caixa do fundo de pensão. Um mês depois, a Petros nunciou a alienação de sua participação de 10,20% na Iguatemi Empresa de Shopping Centers S.A durante leilão realizado na BM&FBovespa. O valor da venda foi de R$ 567,68 milhões.
De acordo com a Petros, a estratégia de desinvestimentos em renda variável, que inclui tanto ações em bolsa quanto participações em empresas, depende das condições de mercado, mas a fundação sempre está acompanhando o melhor momento para entrar ou sair de um ativo com o objetivo de obter maior retorno aos seus planos. “As recentes operações de venda seguiram as diretrizes da nossa política de investimentos para os próximos cinco anos, que prevê a redução das aplicações em renda variável no Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP), de benefício definido (BD), priorizando investimentos com menor grau de risco”, diz a fundação em comunicado.
A Previ mantém estratégia semelhante para gerar liquidez ao seu Plano 1, também da modalidade BD. Segundo o diretor de investimentos, Marcus Moreira, de uma maneira planejada, o movimento primário é diminuir a posição na renda variável em relação à renda fixa nos próximos sete anos. “Temos cerca de 45% em alocação nos dois segmentos. A visão de longo prazo é fazer com que renda fixa fique mais relevante no Plano 1, que é maduro. A velocidade em que vamos fazer isso dependerá das condições do mercado”, salienta Marcus Moreira.

Ganhos – De acordo com o diretor da Previ, no ano passado, o desinvestimento realizado na CPFL Energia ajudou a fundação a cumprir a meta de desinvestimentos para 2017. “Nosso objetivo era ter um ganho de R$ 6,5 bilhões com venda de participações, o que foi cumprido integralmente com essa operação, pois receberemos um total de R$ 7 bilhões com a venda, dos quais R$ 5 bilhões já foram integralizados”, explica Moreira. “Isso não significa que não vamos fazer nenhum novo desinvestimento. Vai depender muito de oportunidades”, destaca.
A Previ arca com uma folha de pagamento de benefícios na ordem de R$ 1 bilhão por mês no plano BD e os ganhos com esses desinvestimentos serão naturalmente incorporados a essa folha. Já a Fundação Cesp (Funcesp) está estudando maneiras de realocar a entrada de R$ 450 milhões em seu caixa resultante da venda da CPFL Energia para a State Grid. “Nosso desafio será localizar ativos adequados para realocar o dinheiro que entrará em nosso caixa ao longo do ano”, diz o diretor de investimentos da fundação, Jorge Simino. Segundo ele, o cenário de queda da taxa de juros fez com que a fundação tivesse que rever a estratégia de apenas realocar o dinheiro em renda fixa. “Voltamos a tomar risco no final do ano passado, aplicando mais em multimercados, ações e NTN-Bs, mas teremos que identificar oportunidades para essa entrada de recursos”, salienta.