Edição 233
Os gestores de recursos que lutam para ampliar sua participação no mercado de ETFs (Exchange Traded Funds, ou fundos de índices) enfrentarão desafios em duas frentes em 2012: de um lado, novas companhias estão entrando no segmento, enquanto de outro é cada vez maior o impulso de investidores em direção a estratégias ativas. Para completar, todas as atenções do segmento estão sobre a Pacific Investment Management Co. (Pimco), sediada na Califórnia (EUA), que está tentando se tornar a primeira gestora de recursos a “clonar” um fundo mútuo popular e transformá-lo em um ETF, dizem os analistas.
A verdade é que todos querem conquistar seu espaço em um negócio dominado por três players que juntos detêm 80% do mercado de ETFs – BlackRock, State Street Global Advisors (SSgA) e Vanguard Group Inc. A iShares, unidade de negócios de ETFs da BlackRock, tem quase 43% do mercado norte-americano de ETFs, cujo total é de US$ 1,05 trilhão; em seguida vem a SsgA, com 25,3%, e a Vanguard com 16%. Depois delas, as fatias do bolo diminuem abruptamente de tamanho: o quarto maior provedor de ETFs, Invesco Power Shares Capital Management, detém 4,2% do mercado.
Dos três maiores, somente a BlackRock tem um ETF ativo, mas é o único entre os mais de 200 ETFs da gestora. Executivos da iShares e da SSgA dizem que planejam lançar diversas estratégias ativas de ETFs em 2012. Já a Vanguard protocolou pedido de autorização para três ETFs ativos junto à Securities and Exchange Commission (SEC, órgão norte-americano semelhante à Comissão de Valores Mobiliários – CVM) em 2008, e continua aguardando o aval do órgão.
Jogo novo – A Pimco está pensando em oferecer uma versão, em forma de ETF ativo, do maior fundo mútuo do mundo, o Pimco Total Return Bond Fund, com US$ 244 bilhões de patrimônio. De acordo com um prospecto enviado à SEC em abril de 2011, o fundo de índice poderia vir a ser gerido por William Gross, fundador e co-CIO da Pimco.
“A versão em ETF do Total Return Bond Fund pode ser um elemento que vai mudar toda a dinâmica do jogo”, afirma Paul Justice, diretor de pesquisa em ETFs no mercado norte-americano da Morningstar Inc. Ele comenta que o lançamento do ETF pode acontecer já neste mês de janeiro. “Isso poderia levar o mercado para uma perspectiva mais ativa”, opina.
Os novos entrantes com pedidos de registro para ETFs ativos junto à SEC incluem Legg Mason Inc., Eaton Vance Investment Managers, T. Rowe Price Inc., Janus Capital Group, Northern Trust Corp., Goldman Sachs Asset Management, JP Morgan Asset Management, Federated Investors Inc., AllianceBernstein LP e Neuberger Berman Group LLC. A Fidelity Investments também está aguardando o aval da SEC, tendo como meta ampliar seu portfólio de apenas um ETF passivo.
Um levantamento da McKinsey & Co com data de agosto de 2011 mostra que mais de 800 ETFs ativos estão aguardando autorização da SEC. Enquanto a aprovação não sai, outros gestores de recursos estão expandindo suas ofertas.
A Russell Investments, por exemplo, deu um passo à frente ao comprar a licença da US One Inc, um pequeno provedor de ETF, em janeiro do ano passado. Como a US One já tinha recebido aprovação da SEC para seu único ETF ativo, a Russell se tornou rapidamente capacitada para turbinar a oferta do produto, e em maio introduziu seis ETFs passivos vinculados a novos índices da Russell. Atualmente, a gestora oferece 26 ETFs, e planeja colocar entre 10 e 20 novos fundos por ano nos próximos anos, segundo James Polisson, diretor de gestão do negócio global de ETFs da Russell. A companhia conta com um ETF ativo e pretende lançar mais três em 2012, de acordo com documentos protocolados na SEC.
Caso emblemático – De qualquer forma, os ETFs ativos correspondem somente a 1% do total mundial de recursos aplicados em fundos de índices, que chega a US$ 1,5 trilhão segundo dados divulgados pela McKinsey em agosto de 2011.
Jim Ross, diretor sênior de gestão da SSgA e head global do negócio de ETFs da companhia, aponta que um ponto crítico dos ETFs ativos seria a falta de histórico. A Pimco, no entanto, não deve ser prejudicada por esse problema, dado o sucesso do Total Return Bond Fund. “Isso pode decolar rapidamente”, opina Ross. “Qualquer investidor que conehce a Pimco e seu track record terá confiança no produto sob essa perspectiva”, completa. Michael Reid, porta-voz da Pimco, disse que os executivos não podem falar sobre o fundo que está sendo prosposto ou do negócio de ETFs de forma geral. Justice, da Morningstar, acredita que se a Pimco for capaz de fazer com sucesso a “clonagem” do fundo mútuo, outros gestores seguirão o exemplo.
Mas questões significativas permanecem no ar até que as estratégias ativas ganhem de fato uma participação de mercado relevante, particularmente para os produtos focados em ações, de acordo com gestores de recursos e consultores. Ross, da SSgA, comenta que “transparência é uma peça-chave”. Isso porque os gestores ativos de ações não costumam querer revelar suas estratégias, com medo de que outros possam copiá-las. As informações são da Pensions&Investments.