A COP 30 debateu nesta segunda-feira (17/11) a necessidade de promover capacitação em sustentabilidade entre os agentes do mercado financeiro para garantir que os recursos necessários à transição climática cheguem onde é preciso. Para Luiz Pires, gerente de sustentabilidade e inovação da Anbima, “levar o cheque da Faria Lima até projetos menores e locais demanda esforço, tempo e critérios claros de sustentabilidade”, afirmou.
Pires, que participou de painel no evento “Para além de Belém: o legado da COP30”, lembrou que a Jornada rumo à COP30, realizada por Anbima, CNseg e Febraban, capacitou mais de 2 mil profissionais em conceitos e regulações de financiamento climático.
Para Daniel D’Elia da Costa, da Climate High-Level Champions Team, não falta capital para atingir a meta global de US$ 1,3 trilhão. “O grande gargalo é o matchmaking (processo de combinar pessoas, itens ou eventos com base em interesses, habilidades ou necessidades complementares) entre mercado e projetos”, disse. Segundo ele, iniciativas de planos de transição e taxonomias alinhadas mostram que o sistema financeiro está avançando para destravar investimentos.
Uma das painelistas, a diretora-presidente do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Maria Netto, ressaltou que o recurso público deve funcionar como catalisador do investimento privado. Ainda no painel, Pires citou o blended finance — que combina capital público/filantrópico com capital privado — como exemplo de alavancagem sustentável, lembrando o caso brasileiro do EcoInvest, estruturado nesse modelo.
Os painelistas também defenderam maior participação dos reguladores, mais transparência nas informações sobre investimentos verdes e atenção ao risco climático, inclusive para seguradoras que precisarão prever recursos para eventos extremos.