A caminho dos 100 mil pontos | Ibovespa se aproxima de marca simb...

Após ter registrado no triênio 2016/2018 uma valorização superior a 100%, a bolsa brasileira caminha para alcançar a marca simbólica dos 100 mil pontos. Ao final de fevereiro o Ibovespa negociava ao redor dos 95,6 mil pontos, com uma alta acumulada no ano de aproximadamente 9%.
“Trata-se de um marco importante a ser rompido”, afirma o superintendente nacional de gestão de ativos de terceiros da Caixa, Fabiano Zimmermann. Na avaliação do executivo, a agenda liberal adotada pelo governo Temer, a queda significativa dos juros, e que espera-se que seja estrutural, e a recuperação da economia, ainda que lenta, sustentaram os ganhos da bolsa nos últimos três anos. “Esse cenário doméstico foi ainda favorecido pelo ambiente global de ampla liquidez que beneficiou os emergentes”.
Zimmermann ressalta, no entanto, que ao ultrapassar os 100 mil pontos a bolsa tem um bom espaço para seguir com sua trajetória ascendente, claro que dependendo da aprovação das reformas, especialmente a da previdência.
A Caixa trabalha com uma projeção para o Ibovespa ao redor dos 130 mil pontos no final do ano, o que embute uma valorização de pouco mais de 30% em relação aos patamares atuais, projeção que considera a aprovação de uma reforma robusta da previdência, que gere uma economia estimada de R$ 1 trilhão nos próximos anos. Caso a reforma passe, mas em menor magnitude do que o esperado, com uma economia de R$ 400 bilhões, a estimativa do banco para a bolsa vai para os 110 mil pontos, com a alta esperada indo para 13%.

Em revisão – A BB DTVM está no momento em processo de revisão de suas estimativas para a bolsa, que deve se encerrar após o fim da atual temporada de balanços trimestrais. A projeção anterior da asset previa a bolsa ao redor dos 107 mil pontos ao final do ano, o que embute um potencial de valorização próximo de 7%, mas o gestor de renda variável da casa, Jorge Ricca, prevê que ao final da revisão a estimativa deverá ser um pouco maior. “A temporada de divulgação de balanços das empresas, que já esperava-se que mostraria a continuidade na recuperação dos lucros, têm vindo ligeiramente acima do esperado”, afirma Ricca, que ressalta que o banco está com uma visão um pouco mais otimista do que a média do mercado quanto a recuperação da economia brasileira. Atualmente o Focus projeta crescimento de 2,48% do PIB em 2019. “As empresas fizeram um trabalho forte de redução de custos nos últimos anos, e diante da retomada lenta da economia elas ainda têm capacidade para aumentar as receitas sem ter de elevar os custos na mesma proporção, por isso acreditamos que poderemos ter boas surpresas nos resultados das companhias durante o ano”.
Apesar da bolsa ter subido mais de 100% no triênio 2016 a 2018, o especialista da BB DTVM não entende que o mercado local de renda variável está caro, embora reconheça que também não está barato como estava quando essa trajetória ascendente se iniciou. “A bolsa tem uma média histórica de Preço/Lucro de 11,9 vezes, que é exatamente o patamar atual”.
As oportunidades na bolsa local, contudo, devem ser aproveitadas pelos investidores no curto prazo, alerta o gestor da BB DTVM, que espera para o último trimestre do ano um quadro global menos benigno em que o Federal Reserve deve sinalizar um aperto nas condições da política monetária para combater as prováveis pressões inflacionárias. “Como os 100 mil pontos se trata de um número redondo, que nunca foi batido, acaba gerando um pouco mais de visibilidade o Ibovespa estar se aproximando do patamar, mas o número em si não é nenhum elemento que vai fazer preço no mercado. Se trata mais de uma questão comportamental do que realmente de fundamento”, diz Ricca.