Taxa alta, retorno baixo | Estudo mostra que pagar uma alta taxa...

Edição 250

Pagar taxas de administração mais altas não quer dizer que os retornos serão também os maiores, mostra levantamento sobre fundos de pensão públicos dos Estados Unidos realizado pelo Instituto de Política de Maryland em parceria com a Fundação de Educação Fiscal do Estado americano.
Os dez Estados com as maiores taxas de administração apresentaram uma taxa média de 0,61%, ante os 0,22% dos dez Estados com os menores percentuais. Aqueles que pagam as taxas mais altas, entretanto, tiveram um retorno anualizado de 1,34% nos últimos cinco anos, enquanto os que têm os custos menores obtiveram retorno de 2,38%.
Carolina do Sul é o Estado americano que paga a maior taxa de administração, de 1,31%, seguido pelo Missouri, com 0,94%. Os 46 fundos de pensão públicos dos Estados Unidos juntos somam aproximadamente US$ 2 trilhões em ativos, e pagaram cerca de US$ 9 bilhões em taxas de administração em 2012. O estudo das entidades de Maryland afirma que, indexando a maior parte da carteira de investimentos, os Estados americanos poderiam economizar até US$ 6 bilhões em pagamento de taxas a cada ano, sem efeito prejudicial no retorno.
“Simplesmente não há correlação entre as taxas de administração elevadas e bons retornos dos investimentos”, afirma John J. Walters, co-autor do estudo, e professor no Instituto Público de Política de Maryland. “Funcionários públicos aposentados não estão recebendo o merecido. Eles merecem uma estratégia de investimento mais simples e eficaz para seus fundos previdenciários”.
O retorno anualizado médio dos fundos de pensão públicos dos Estados Unidos nos últimos cinco anos atingiu 1,5% no ano fiscal encerrado em 30 de junho, frente ao ganho de 2,19% apresentado por um portfólio indexado elaborado pelos autores do estudo. O portfólio indexado que serviu como base de comparação foi obtido por meio da ponderação entre as alocações dos fundos de pensão estaduais com a performance média do mercado como um todo.
O levantamento indica ainda que, nos cinco anos encerrados no último dia 31 de dezembro, 69% dos fundos de equity dos Estados Unidos não superaram a performance do S&P 500, e 13 dos 14 índices que servem como benchmark tiveram um desempenho melhor que fundos de renda fixa administrados por gestores.
Outro lado – Os executivos responsáveis pelas aplicações financeiras dos fundos de pensão dos Estados americanos criticaram o estudo, como Michael Golden, responsável pelo fundo de pensão de Maryland, com patrimônio de aproximadamente US$ 40,6 bilhões.
Golden afirma que, além de “erros flagrantes” de um relatório similar publicado um ano atrás não terem sido corrigidos, neste ano a média das taxas de administração foi distorcida pela falta de informações disponibilizadas por alguns fundos estaduais.
“Se os números estão errados, não podemos fazer comparações”, defende-se o executivo, que questiona ainda a relação feita pelos autores do estudo entre os retornos obtidos pelos gestores com os resultados de carteiras indexadas.
Segundo Golden, o retorno da gestão ativa de Maryland, até 31 de maio, superou em 1,2 ponto percentual o benchmark, resultado esse livre de comissões. Caso o instituto tivesse optado pela gestão passiva desses mesmos ativos, teria lhe custado US$ 300 milhões. “Há uma correlação entre taxas e retornos, e ela é positiva”, pontua o responsável pelo fundo de Maryland.
“O estudo usou números incorretos ao contar duas vezes a taxa de administração da Carolina do Norte, o que gerou uma distorção de US$ 218 milhões”, pontua o porta-voz da entidade, Schorr Johnson.
Ao final do ano fiscal de 2012, o instituto de previdência de Carolina do Norte, diz Johnson, com US$ 81,1 bilhões de patrimônio, tinha gastos de US$ 317 milhões com taxas de administração, o que corresponde a uma relação de custo de aproximadamente 0,42%.