Edição 263
Engajada nos investimentos responsáveis há cerca de 10 anos, a Aberdeen Asset Management passou a adotar sua estratégia voltada a sustentabilidade em diferentes segmentos: o de responsabilidade social e na incorporação ou integração das questões chamadas ESG (Environmental, Social and Governance, ou meio-ambiente, social e governança).
Cindy Rose, chefe da área de análise no setor de investimento responsável da gestora, explica que alguns investidores não querem investir em empresas de tabaco, pornografia, etc., então a Aberdeen sempre realiza o chamado filtro negativo, para excluir esse tipo de empresa do seu portfólio. Contudo, há alguns anos, há um olhar mais focado para a integração ESG como portfólio principal.
“Se o investidor quer ter certeza que o investimento está sendo positivo acerca dos critérios de ESG, temos um serviço para esses clientes e olhamos para esses investimentos observando os riscos e oportunidades em ESG”, explica Cindy. A executiva diz que há uma grande concentração desses investidores com maior foco em portfólio realmente sustentável na Holanda, Escandinávia, Austrália e em alguns lugares da Europa, como o Reino Unido.
Cindy destaca que muitos fundos possuem restrições de investimento do lado ético, e muitos clientes olham para as questões ESG, mas não necessariamente com grande impacto no portfólio. “Temos também clientes que identificam os princípios ESG e os acham muito importantes, querem se relacionar com companhias que adotam esses princípios, mas se a empresa não tiver progresso, eles saem do portfólio”.
Contudo, a executiva ressalta que há a pressão do PRI (Principles for Responsible Investment) e até de legislações em determinados países para que esses princípios sejam seguidos. “Pessoas estão agora requerendo um gestor que informe sobre os investimentos, para analisar as questões sociais, ambientais e de governança”, diz Cindy.
Exigências – Bruno Bertocci, gestor sênior de global equities da UBS Global Asset Management, corrobora opinião de Cindy no sentido que muito desse interesse tem a ver com o movimento iniciado pelo PRI, que acabou gerando uma maior pressão para que seus signatários realmente provem que estão fazendo algo em prol dos princípios de investimento responsável. “O PRI é muito influenciador em fazer os investidores pensarem nessas questões. Os princípios são muito simples. Mas a execução é importante. Você pode ser signatário e não fazer nada, mas eventualmente os clientes questionarão isso”, diz Bertocci.
O executivo explica que fundos de pensão estão enviando pesquisas para os gestores para saber se eles estão integrando esses princípios. “O valor de mercado das empresas é ligado ao valor da marca. Adotar as boas práticas é uma forma de manter uma boa reputação. E as pessoas investem, pois acreditam no produto e acreditam na gestão da empresa”.
A Aberdeen destaca que quando vai falar com uma companhia a ser investida, pergunta sobre sua avaliação de risco e pede para eles citarem seus principais riscos. “Também queremos seguir suas metas, objetivos, ciclo de relatórios, e quando eles vão fazer uma nova avaliação interna de riscos. Então, se tornou muito mais orientado materialmente”, salienta Cindy Rose.
A executiva diz ainda que a gestora faz treinamento com fundos de pensão sobre como estruturar políticas e diretrizes para seus investimentos levando em consideração os princípios de responsabilidade. “Eles querem levar em consideração o ESG, mas não querem eliminar investimentos por conta dessas considerações”.
Já Bruno Bertocci acredita que considerar o ESG não é um problema para os investimentos, pois as empresas que de fato possuem e seguem princípios fortes em sustentabilidade, e fazem sua gestão de acordo com esses princípios, geram melhores retornos em ações ao longo do tempo. “Falamos sobre princípios que se conectam ao modelo de negócios da empresa. Isso é o mais importante. Notamos um grande interesse em sustentabilidade globalmente, e há um entendimento de que práticas de sustentabilidade levam ao sucesso dos negócios”, ressalta.