Edição 379
A Schroders Plc, maior gestora de recursos independente do Reino Unido, está em tratativas iniciais com a norte-americana Apollo Global Management para formar uma parceria de produtos, sem envolver participações societárias, visando ampliar sua presença no segmento de investimentos alternativos. O foco nesses investimentos alternativos, que os clientes normalmente mantêm por períodos mais longos e pelos quais tendem a pagar taxas mais altas, é um dos pilares da reestruturação que está em curso na instituição londrina fundada há 221 anos.
Segundo reportagem publicada pela Bloomberg, as negociações entre a Schroders e a Appolo estariam ocorrendo em nível de alta diretoria, e não há garantias de que resultarão em acordo. A Schroders, no entanto, ao divulgar seus resultados semestrais em julho último, reiterou que parcerias são essenciais para “permanecer relevante para os clientes e crescer”.
A gestora vem explorando diversas colaborações como parte de sua estratégia para expandir sua atuação em mercados privados. No ano passado a gestora já havia estabelecido uma parceria com o Phoenix Group Holdings para criar uma gestora visando investir bilhões de libras em ativos de mercados privados voltados aos pensions funds do Reino Unido.
Com cerca de US$ 1,05 trilhão (R$ 5,5 trilhões) em ativos sob gestão, dos quais US$ 95 bilhões (R$ 506 bilhões) em alternativos, a Schroders vem buscando acelerar o crescimento dessa divisão.
Reestruturação sob Oldfield – Desde que assumiu como CEO em 2023, Richard Oldfield vem conduzindo mudanças profundas na Schroders. Ele anunciou cortes de custos de US$ 200 milhões (R$ 1,07 bilhões), reduziu a força de trabalho em centenas de posições e recentemente encerrou operações consideradas não essenciais, como o escritório no Brasil, a unidade de crédito privado na Austrália e negócios imobiliários em Munique.
A meta agora é direcionar recursos para áreas de maior potencial, como crédito securitizado, infraestrutura ligada à transição energética e imóveis logísticos. Oldfield tem afirmado que a Schroders não pretende competir em escala com gigantes globais como Blackstone ou KKR, mas sim fortalecer sua capacidade de captação de recursos e consolidar nichos estratégicos.
O papel da Apollo – Nesse contexto, uma eventual parceria com a Apollo poderia dar à Schroders acesso a novas oportunidades em private equity e crédito privado. A Apollo, que administrava US$ 840 bilhões em ativos (R$ 4,47 trilhões) ao final de julho, tem experiência em estruturar produtos para investidores institucionais e, mais recentemente, vem ampliando o acesso de clientes de varejo aos mercados privados por meio de parcerias com plataformas digitais.
A corretora online alemã Trade Republic é uma dessas parcerias da Appolo. A Trade Republic anunciou em meados de setembro que está se unindo à Apollo e à EQT Group para oferecer aos clientes acesso aos mercados privados.
Apesar do potencial da parceria entre a Schroders e a Appolo, o sucesso de um acordo dependerá de compatibilidade cultural, da definição clara de responsabilidades e da adaptação às exigências regulatórias dos diferentes mercados em que ambas atuam.