Rio continua perdendo | Pimco e Itajubá são as duas mais novas ca...

O processo de emagrecimento do mercado financeiro do Rio de Janeiro, iniciado nas décadas finais do século passado, quando bancos como o Garantia, Pactual e Marka, entre outros, trocaram o Rio por São Paulo, pode estar entrando em uma nova fase. Nos últimos meses, dois conhecidos nomes do mercado financeiro instalados na antiga capital federal anunciaram suas transferências para São Paulo. A Pimco, gestora que se instalou no Rio de Janeiro em 2012, anunciou em fevereiro último sua mudança para São Paulo, e a Itajubá, criada em 2007 para representar algumas gestoras no mercado de fundos de pensão, está fazendo o mesmo movimento.O processo de emagrecimento do mercado financeiro do Rio de Janeiro, iniciado nas décadas finais do século passado, quando bancos como o Garantia, Pactual e Marka, entre outros, trocaram o Rio por São Paulo, pode estar entrando em uma nova fase. Nos últimos meses, dois conhecidos nomes do mercado financeiro instalados na antiga capital federal anunciaram suas transferências para São Paulo. A Pimco, gestora que se instalou no Rio de Janeiro em 2012, anunciou em fevereiro último sua mudança para São Paulo, e a Itajubá, criada em 2007 para representar algumas gestoras no mercado de fundos de pensão, está fazendo o mesmo movimento.
A Itajubá Investimentos fechou o escritório que mantinha na rua Santa Luzia, centro do Rio, e passou a centralizar suas atividades em uma torre de escritórios na zona sul da capital paulista. A Pimco, responsável pela administração de cerca de US$ 1,75 trilhão ao redor do mundo e R$ 6 bilhões no Brasil no início do ano, ainda continua instalada na Praia do Flamengo, mas está à procura de um imóvel em São Paulo.
“O surpreendente, no caso da Pimco, não é a mudança para São Paulo, e sim ter optado inicialmente pelo Rio”, comenta o consultor financeiro Edivar Queiroz, sócio da Luz Soluções Financeiras. Segundo ele, há seis anos, no coquetel de inauguração do escritório da Pimco no Rio, ele perguntou a um dos anfitriões as razões da opção pelo Rio. “A pessoa me disse que a localização fora definida por um sócio que conhecia a cidade. Pelo visto, a decisão deve ter sido fruto de uma experiência turística”, comenta. A Pimco, procurada por esta publicação para uma entrevista sobre as razões da mudança de seu escritório do Rio para São Paulo, não quis se pronunciar.
A competição com São Paulo, constata Queiroz, é extremamente desfavorável ao Rio, já que a primeira detém 10,9% do PIB nacional, mais que o dobro da segunda que tem apenas 5,2% do PIB nacional. Ainda assim, ele acredita que os remanescentes do mercado financeiro carioca – casos de SPX, Adam Capital, Leblon Equities e Mongeral Aegon – contam com uma sólida base de geração de negócios na cidade, formada por grandes fundos de pensão, seguradoras e estatais, além de uma expressiva clientela de pessoas físicas de alto poder aquisitivo. 
“O processo de migração das instituições cariocas para São Paulo, no entanto, pode estar sendo alimentado também pela forte onda de violência que vive a cidade, a ponto de ter sido necessária uma intervenção militar federal, além do caos em que se encontra a máquina pública estadual”, assinala o consultor. “Vou muito ao Rio, adoro a cidade. Mas confesso que fico com medo durante as visitas e penso duas ou três vezes antes de levar clientes para reuniões lá.”
Mas não foram os tiroteios, assaltos e outras ocorrências policiais que pesaram na balança da Itajubá ao trocar o Rio por São Paulo. A empresa, que distribui fundos de terceiros junto ao mercado de investidores institucionais, fez essa opção por causa do crescimento dos seus negócios no mercado paulista. “Hoje, a maior parte dos nossos negócios é gerado a partir de São Paulo”, explica o sócio fundador, Carlos Garcia. Segundo ele, o escritório paulista foi inaugurado seis meses após a abertura da empresa no Rio, e de lá pra cá o volume de transações não parou de crescer. 
“Hoje, nossas receitas em São Paulo superam em cinco vezes as do Rio. Resolvemos, então, focar o trabalho e a atuação em nosso principal mercado”, diz ele. Mas embora frisando que o motivo da sua mudança foi econômico, ele não invalida a tese de que violência e caos administrativo possam influenciar decisões de outras empresas. “Não foi a violência que pesou na nossa decisão de mudar, mas acredito que possa ter influenciado ou vir a influenciar outras instituições a seguir esse caminho. E não me surpreenderia, em absoluto, com outras decisões nesse sentido no futuro, pois é grande a insegurança na cidade.”
Leitura idêntica tem a Associação dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro (Aberj), a mais antiga entidade do ramo financeiro nacional. Fundada em 1922, seu quadro associativo possui 12 nomes, dos quais apenas três são cariocas, e dois desses expandem suas operações em ritmo contínuo em São Paulo. “A violência urbana, com certeza, vem contribuindo para o encolhimento e o êxodo do setor no Rio, assim como a falência do Estado”, afirma a superintendente da Aberj, Angélica Moreira. “O fenômeno, diga-se, não é novo. Já ouvi relatos de executivos que resolveram deixar a cidade por causa da falta de segurança.”
Embora o segmento que represente esteja rareando na antiga capital da República, a Aberj segue firme a caminho de seu centenário. A entidade, que na década de 1920 contribuía com a redação final de leis sobre o sistema financeiro e dava conselhos ao governo sobre a política monetária, agora sobrevive dando cursos e treinamento para os associados e outros interessados. “A clientela inclui seguradoras e empresas de vários setores, interessadas em capacitar, principalmente, suas equipes de recursos humanos”, conta Angélica. “Aliás, o pessoal de bancos e assets é minoria em nossas turmas.”