Recuperação dos EUA pode vir antes | Segundo a gestora global Bla...

Estudo elaborado pela gestora global BlackRock sugere que o desempenho do mercado acionário dos Estados Unidos deve reagir mais rapidamente que outros mercados desenvolvidos nos próximos 6 a 12 meses, quando os países começarem a voltar lentamente à normalidade após minimizados os efeitos da crise do Covid-19. Segundo o estudo, as duas principais razões para isso são o tamanho do pacote fiscal anunciado pelo governo do presidente Donald Trump, de mais de US $ 2 trilhões, bem como as medidas extraordinárias do Federal Reserve para amortecer o impacto econômico e de mercado do choque do coronavírus.
“São ações combinadas que não têm precedentes, nem em tamanho e nem no grau de coordenação entre as autoridades monetárias e fiscais. São um tipo de resposta decisiva que preparam o cenário para a recuperação econômica”, avalia o CEO da BlackRock no Brasil, Carlos Massaru Takahashi. Além disso, segundo ele, “outras crises, de grande abrangência, mostraram a força e a capacidade de rápida recuperação da economia americana”.
O executivo acredita que os fundos de pensão brasileiros deveriam usar o limite permitido pela Resolução 4.661 para alocar no exterior, predominantemente nos Estados Unidos, cuja concentração de empresas de alta qualidade é maior que em outras regiões. Serão elas que irão puxar a recuperação, avalia Takahashi. Para ele, a desvalorização do real frente ao dólar, que chegou a R$ 5,90 por US$ 1 em meados de maio por conta da crise política que afeta o governo do presidente Jair Bolsonaro, não deveria ser encarada como obstáculo. “Tentar fazer “market timing” da moeda, além de ser difícil no longo prazo, só compensou quando tínhamos uma taxa alta de reinvestimento como o CDI”, avalia.
Além disso, os portfólios locais acabam sendo beneficiados com uma redução de risco ao serem expostos a ativos internacionais, pelo efeito da diversificação. Na sua opinião, a melhor estratégia é a de comprar agora e manter ao invés de esperar o mercado subir para só então voltar a comprar. Essa estratégia faz sentido, avalia, tanto para alocações globais hedgeadas quanto sem hedge.

Algumas fundações locais já anunciam que estão ampliando a presença dos ativos internacionais em seus portfólios. É o caso da Fundação Promon, cujo fundo exclusivo voltado para ativos globais, criado em meados de 2019 pela asset M Square, está buscando oportunidades nesta crise. “De forma bastante gradual o gestor tem começado a aproveitar algumas oportunidades nas bolsas internacionais, em prazos curtos da renda fixa e em fundos de ações long short”, diz André Natali, diretor AETQ da Fundação Promon.
A Fundação Libertas, que reúne as principais companhias estatais de Minas Gerais, é outra que está debatendo com seu conselho deliberativo espaço para mais investimentos no exterior. Sua nova diretoria, encabeçada pelo presidente Lucas Ferraz Nóbrega e pelo diretor de investimentos Rodrigo Eustáquio Barbosa Barata, acredita que a concentração dos ativos em renda fixa, da ordem de 80,67% em dezembro do ano passado, deve ser redesenhada.
A Celos, fundo de pensão dos funcionários das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), também está estudando o início de operações com investimentos no exterior. A fundação tinha um patrimônio líquido de R$ 3,22 bilhões em janeiro.

Para a BlackRock, o direcionamento de recursos para o exterior deveria ser feito através de fundos ETF. Numa comparação entre duas carteiras hipotéticas feita pela gestora, uma sem investimentos no exterior e outra com 10% de ativos no exterior nos primeiros quatro meses do ano, a primeira teria menor rentabilidade e maior risco que a segunda. Enquanto a carteira sem investimentos no exterior obteria -10,3% de rentabilidade com 24,3% de risco, a carteira com 10% de ativos no exterior obteria -8,4% de rentabilidade com 22,9%% de risco. “A adição de ativos estrangeiros pode reduzir o risco total da carteira devido ao efeito de diversificação. Em momentos de alta volatilidade, diversificar no exterior tende a ajudar a reduzir efeitos negativos da conjuntura global”, complementa Takahashi.