Preparando-se para a guerra | Investidores institucionais america...

Edição 132

Cada dia mais próximos de uma guerra contra o Iraque, os Estados Unidos começam a sentir que, além da movimentação de tropas, também os investidores institucionais começam a reposicionar os investimentos de seus portfólios de ações.
“Estamos fazendo cada vez menos apostas e buscando menos riscos na alocação dos ativos por conta das incertezas que rondam a economia. Ninguém sabe quando irá acontecer ou qual será o resultado da campanha militar, mas sabemos que alguma coisa está para acontecer”, comenta o diretor do grupo de estratégias para o mercado de ações global da Credit Suisse Asset Management, Steven Bleiberg.
No mercado de ações, a asset está recomendando papéis de empresas de mercados emergentes e Austrália. “A Austrália tem uma economia atrativa que não passa pelos canais de tecnologia e telecomunicações. Por isso, estamos recomendando a compra de ações de empresas do País”. O diretor afirmou estar ainda desaconselhando aos investidores a compra de ações de empresas japonesas, européias e inglesas, apesar de, em alguns casos, até indicar a aquisição de papéis de companhias americanas. “O dólar fraco deve trazer mais vantagens às empresas dos Estados Unidos do que às européias. É tudo relativo”, conclui.
Valerie Sill, diretora do grupo de política de ações do The Boston Co., diz que a consultoria recentemente reduziu suas aplicações no setor de energia, já prevendo uma guerra. “Sentimos que os primeiros resultados de uma guerra recairiam sobre as commodities, com o barril de óleo sendo cotado a US$ 30 dólares e os preços do gás natural muito voláteis. Nós, que estávamos supervalorizando o setor energético nos últimos dezoito meses, não temos agora nenhum investimento que esteja se sobressaindo”, afirmou.
Ainda de acordo com Valerie, “ao mesmo tempo nós estamos aumentando nossa presença em empresas do setor tecnológico, como a Intel Corp e a Nokia Corp., porque sentimos que nossos ganhos estão diminuindo e essas companhias estão relativamente bem avaliadas”, concluiu. “Acreditamos que os gastos das empresas com telecom e tecnologia da informação devem ser retomados nos próximos doze ou dezoito meses”.
Entretanto, a Universidade da Carolina do Norte pegou a direção oposta e aumentou o percentual investido em ações de empresas energéticas. Mark Yusko, presidente da UNC Management Co., asset que administra o fundo derivado de doações de US$ 1 bilhão da universidade, diz: “O risco da guerra faz você querer ser mais defensivo. Empresas de energia serão oportunidades potenciais com bom acesso à recursos não relacionados ao Golfo. Já no caso de realmente existir uma guerra, haverá uma corrida para investimentos mais seguros. As pessoas irão comprar títulos do Tesouro e ouro”, prevê Yusko.
Ainda de acordo com ele, “aumentamos nossa exposição ao produto indexado ao Goldman Sachs Commodity por conta da previsão da guerra e do atual conflito na Venezuela”. “Tínhamos 3% dos ativos da fundação (cerca de US$ 30 milhões) investidos no fundo; reduzimos a exposição em julho passado e, no final de 2002, aumentamos o aporte no produto.
O fundo tem agora cerca de US$ 20 milhões investidos no fundo indexado ao Goldman Sachs Commodity. Também aportou mais US$ 10 milhões para cada um dos fundos private Energy Investors e ArcLight Energy Partners e ainda considera investir em um fundo dirigido a recursos naturais, concluiu o presidente.