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Adolfo Alviço, da VenkoLuis Miguel Santacreu, da AustinPedro Lins Barbosa, da STK CapitalEdição 248

Com a tão alardeada corrida das fundações em busca de produtos com gestão diferenciada de ativos, as assets especializadas não ficaram paradas. Gestores de recursos que antes não costumavam acessar o mercado de investidores institucionais, agora estão adaptando seus fundos para entrar no radar das fundações. As assets acreditam que podem oferecer fundos diferenciados, mas para isso, sabem que precisam se adaptar às exigências das entidade fechadas e regimes próprios de previdência.
“Em geral são casas que possuem produtos muito bem estruturados e que costumavam distribuir apenas para clientes private”, diz Adolfo Alviço, sócio-diretor da Venko Investimentos, uma distribuidora de fundos voltada para os institucionais. Ele explica que é um movimento que já dura cerca de dois ou três anos, mas que se intensificou com o ciclo mais forte de corte dos juros básicos.
O próprio surgimento da Venko em meados de 2012, foi estimulada pelo trabalho de conexão entre as assets especializadas e independentes com os fundos de pensão. “Auxiliamos na adaptação dos produtos, que precisam estar adequados à resolução dos investimentos dos fundos de pensão e suas exigências”, diz Alviço. Ele verifica um maior movimento entre assets especializadas em investimentos estruturados ou renda variável diferenciada (gestão de valor).
Um dos requisitos para o mercado de fundos de pensão, apesar de não ser obrigatório, mas sim desejável, é a contratação da avaliação de rating. O movimento de adaptação das assets tem provocando um aumento da procurar pelas avaliações de agências de rating. “Verificamos aumento da procura desde 2010, mas foi acentuado no ano passado”, diz Luis Miguel Santacreu, analista de gestores de recursos da agência de ranting Austin. Ele diz que em 2010 a agência tinha apenas quatro clientes na condição de assets independentes. Hoje são 41 assets, das quais apenas metade autoriza a divulgação pública da avaliação.
Efetivamente, no site da Austin aparecem cerca de 20 assets especializadas. Outras oito assets não atingiram a nota mínima (QG3 menos) e mais 13 gestores, atingiram a nota, mas não querem divulgá-la. “É uma exigência de alguns fundos de pensão e também de vários regimes próprios dos estados e municípios”, diz Santacreu.
Assets – A STK Capital é uma das assets que está recorrendo a uma agência de rating com o objetivo de captar recursos junto aos fundos de pensão. Fundada em abril de 2010, a asset especializada em gestão de fundos de valor de renda variável tem se preparado para atuar no mercado de institucionais. Para isso, está em processo de obtenção de classicação de rating pela Fitch.
“É uma exigência relativamente nova. Os institucionais antes não exigiam, mas agora passaram a pedir”, diz Pedro Lins Barbosa, responsável pela área comercial da STK Capital. Ele acredita que a asset deve conseguir uma boa avaliação, pois já tem enfrentado processos de due dilligence de investidores estrangeiros, que não bastante rigorosos.
A asset possui atualmente R$ 790 milhões de patrimônio líquido sob gestão, dos quais R$ 350 milhões são do capital próprio dos sócios. Outros R$ 34 milhões são provenientes de um fundo de fundos. “Sabemos que é um caminho longo até entrar efetivamente no mercado de fundações. Não temos a expectativa de virar príncipe da noite para o dia”, diz Barbosa. O gestor mantém uma equipe de 14 profissionias, entre analistas e gestores.
A Bogari Capital é outra asset especializada que recentemente contratou a avaliação de uma agência de rating. “Um cliente institucional nos requisitou o rating e decidimos fazer no final de 2012”, conta Érico Argolo, sócio da Bogari responsável pela área de análise. A asset contratou o rating da agência Austin.
A asset é um exemplo de casa que adaptou um produto para atuar no mercado de fundações. “Recorremos a um escritório de advocacia há dois anos para adaptar o regulamento do fundo de acordo à Resolução 3792”, diz Argolo. Ele comenta que depois de seis meses após a adaptação, começou a captar recursos junto aos investidores institucionais.
Hoje a Bogari possui cerca de R$ 400 milhões de patrimônio sob gestão e conta com dez clientes fundações. “A demanda começou a aumentar mais nitidamente a partir do ano passado, principalmente com as fundações de médio porte”, diz. Argolo diz que uma das dificuldades para captar junto aos grandes fundos de pensão é o tamanho do patrimônio sob gestão, pois existe a exigência de ter no mínimo R$ 500 milhões.
Uma outra asset que está tentando acessar o mercado de fundações é a Edge Investimentos. Diferente dos casos anteriores, o gestor ainda não possui avaliação de agência de rating. Por enquanto, a Edge participou de dois processos de seleção para captar recursos de fundações. Em um dos processos foi eliminado por causa da falta de rating. “Estamos analisando a viabilidade do rating.
Se aumentar o número de processos de seleção com esta exigência, devemos providenciar a avaliação”, diz Bernardo Dantas, sócio-diretor da Edge Investimentos. O gestor de recursos possui um único fundo com patrimônio líquido de R$ 67 milhões. O fundo foi adaptado recentemente para a Resolução 3792, com a assessoria do administrador fiduciário, o BNY Mellon.
Regulamentos – Os escritórios de advocacia especializados em fundos de previdência e gestão de recursos estão registrando uma maior procura por assets independentes. As empresas procuram os advogados para adaptar seus fundos de investimentos às resoluções 3792 (entidades fechadas) e 3922 (regimes próprios – RPPS). “Procuramos escritórios especializados no mercado de institucionais para adaptar o regulamento de nossos FIDCs”, diz Pedro Mac Dowel, sócio-diretor da Quatá Investimentos.
O gestor explica que buscou uma orientação específica, pois sabia que as fundações são detalhistas na hora de avaliar um produto ou um gestor. “Tivemos que colocar algumas regras bem detalhadas, como por exemplo, como precificar um ativo em caso de default da instituição originadora”, diz Mac Dowel. Ele explica que não é comum colocar uma regra tão específica no regulamento de produtos voltados para outros clientes, mas que para as fundações foi recomendado.
Outra medida tomada pela Quatá, há cerca de dois anos, foi a contratação de um rating de qualidade de gestão, dos fundos, pois tratava-se de uma exigência dos regimes próprios de previdência. A agência escolhida foi a SR Rating. “Já fizemos a lição de casa. Não é um investimento barato, mas acreditamos que vai valer a pena”, diz o sócio-diretor da Quatá.
A resolução dos investimentos dos RPPS não indica a obrigatoriedade de contratação de assets com avaliação de rating, com exceção dos FIDCs. Nestes fundos, é obrigatório a avaliação de rating do produto, explica o consultor da Plena Investimentos, José Eduardo Toledo.
O escritório Bocater Camargo Costa e Silva tem registrado maior procura por clientes entre as assets especializadas. O trabalho dos advogados é realizar a adaptação dos fundos para as resoluções 3792 e 3922. Além disso, já promove a adaptação dos regulamentos segundo regras e necessidades específicas dos planos de benefícios, ao mesmo tempo, que procura seguir um guia de governança elaborado pela Previc – Superintendência Nacional de Previdência Complementar.