Paraná Banco mira fundações | Instituição lança papéis de médio e...

O Paraná Banco está ampliando seu leque de captação para além seu público tradicional, que é o varejo, passando a oferecer papéis de médio e longo prazo como Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE) e Letras Financeiras (LF) aos fundos de pensão. Nos dois meses iniciais da crise do Covid-19, essencialmente março e abril, o banco colocou pouco mais R$ 100 milhões em DPGEs, com prazo de dois anos, junto a cerca de 15 fundos de pensão.
Além dos DPGEs, o banco também conseguiu colocar algumas LF, com prazo de 5 anos, e Certificados de Depósito Bancário (CDB) de curto prazo junto aos institucionais. “Estamos aos poucos, devagarinho, começando a entrar nesse mercado”, explica o diretor de investimentos do banco, André Luiz Malucelli.
A decisão de aproximar o banco dos fundos de pensão foi tomada no início deste ano e Malucelli começou a visitar pessoalmente as fundações, inicialmente as do Rio de Janeiro e Brasília, para apresentar as LF da instituição. Com o início da pandemia, ele viu que se abriu uma oportunidade para apresentar um novo papel, os DPGE, que por contarem com o aval do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) tiveram uma aceitação mais rápida por parte dos comitês de investimentos das entidades previdenciárias.
Também contribuiu para essa facilidade no acesso aos fundos de pensão o bom relacionamento que a instituição vinha construindo, ao longo de mais de um ano, com as consultorias de investimento que atuam junto a esse público. Segundo Malucelli, a cada balanço trimestral da instituição, ela encaminhava os resultados para as consultorias e depois realizava reuniões presenciais para explicar os seus fundamentos. “Com isso, passamos a entender melhor as fundações e aquilo que fazia sentido para elas”, explica o executivo.

Outro aspecto que ajudou bastante na aproximação com os fundos de pensão foram os ratings positivos do banco, dois Duplo A, sendo um da Standad&Poors (AA+) e outro da Risk Bank (AA-), além de uma avaliação de baixo risco para médio prazo da Fitch. Pesou na avaliação dessas agências o fato do banco ter uma atuação diversificada, sem depender apenas do crédito bancário para seus resultados mas também de suas controladas nas áreas de seguros e resseguros (Juntos Seguro), gestão de recursos (4Um Investimentos) e crédito consignado (PB Consignado).
Além disso, por ser um banco bastante conservador em seus negócios e operar pouco alavancado, exibe um índice de Basiléia elevado. O Basiléia do banco, que já foi de 29% e hoje está em 20%, é bastante acima do exigido pelo Banco Central, que é um índice de 11%, e também acima da média dos bancos médios nacionais, que está por volta de 15%. O índice de Basiléia mede o volume de recursos próprios do banco em relação aos ativos de terceiros ponderados pelo risco.

Segundo Malucelli, a emissão de papéis mais longos faz todo o sentido para o Paraná Banco, que usa os recursos como funding para sua operação de crédito consignado. Esses papéis também fazem todo o sentido para a carteira dos fundos de pensão, por serem compatíveis como o ALM (Asset Liability Management) de grande parte deles. “Poucos bancos médios têm interesse em emitir esses papéis de médio e longo prazo, mas para nós eles casam muito bem com nossa estrutura de negócio, porque sustentam nossa operação de consignado”, explica. De acordo com ele, assim que passar a pandemia, o banco vai ampliar as visitas aos fundos de pensão para ampliar a oferta desses papéis, tanto DPGE quanto Letras Financeiras.
Embora as taxas desses papéis estejam muito voláteis, algumas LF do Paraná Banco foram colocadas no final do ano passado pagando entre IPCA + 4,5% e IPCA + 5,5% para um período de oito a dez anos, mas caíram neste ano para algo entre IPCA + 4,0% e IPCA + 4,5% logo após o episódio da renúncia e acusações de Sérgio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro. Segundo o executivo, essa volatilidade deve continuar nos próximos meses, impulsionada principalmente por notícias vindas do mundo político assim como dos desdobramentos da crise do coronavírus. “Mas estamos acompanhando as cotações no dia a dia, sempre oferecendo taxas”, garante Malucelli.