Edição 141
Pelo quarto ano consecutivo a revista Investidor Institucional promove a votação para eleger os Melhores Profissionais do Mercado Financeiro. Neste ano, foram 19 eleitos pelo voto direto de 730 leitores, entre os 12 mil que recebem a nossa publicação. Para os eleitos, a indicação representa o reconhecimento de um trabalho realizado com seriedade, dedicação e competência ao longo do ano junto ao mercado de investidores profissionais.
Das 22 categorias que compõem o Prêmio Investidor 2003, apenas 19 receberão neste ano a premiação, pois os mais votados dentre elas conseguiram alcançar o mínimo de 50 votos. Outras quatro categorias não tiveram nenhum candidato que conseguisse chegar à esse número, o que nos impede de entregar o prêmio.
Como sempre fazemos, não iremos divulgar o número de votos de cada premiado, para evitar criar com isso um clima de competição entre as diferentes categorias. Até porque, as categorias têm públicos de tamanhos diferenciados, algumas têm interesse mais amplo e outras mais restrito. Acreditamos que o fato de o profissional ter sido o mais votado da sua categoria e de ter obtido um mínimo de 50 votos já é indicador suficiente da boa reputação de que goza junto ao seu público.
Dos 19 premiados neste ano, 9 estão ganhando o prêmio pela primeira vez. Outros 3 ganham pela segunda vez, 3 pela terceira vez e dois ganham pela quarta vez. Os dois que ganham pela quarta vez consecutiva são Marcelo Kayath, do CSFB e Paulo Tenani, do Citigroup (ver quadro).
Nas páginas seguintes, você vai encontrar um pequeno perfil desses profissionais, acompanhado de pequenos flashes sobre como avaliam 2003 e quais são as suas projeções para 2004, tanto do cenário macroeconômico quanto do setor em que atuam.
• Melhor analista de alimentos e bebidas
Carreira – O gerente de investimentos do Unibanco, Basílio Ramalho, foi eleito como o melhor analista de alimentos e bebidas. Acompanhando essa área desde 1997, ele já foi anteriormente analista do setor de agribusiness e de macroeconomia pelo mesmo Unibanco, onde trabalha desde 1989 (com uma rápida interrupção, de 6 meses, onde trabalhou no Banco Central, como técnico). Português de nascimento, Ramalho encontra-se no Brasil desde 1975, onde formou-se em administração de empresas pela USP e fez pós-graduação em economia também pela USP.
Acertos em 2003 – Ele avalia que seu principal acerto tenha sido a correta antecipacão do comportamento dos preços dos grãos e, por conseguinte, da trajetória das margens operacionais das companhias.
Projeções econômicas para 2004 – Segundo Ramalho, a economia brasileira reúne hoje a maior parte das pré-condições para um crescimento sustentável nos próximos anos. Por esta razão, o ano de 2004 deve ser favorável para o setor de consumo doméstico. Em primeiro lugar para o segmento de bens de consumo duráveis, que responde mais rapidamente à reducão das taxas de juros e à ampliação da oferta de crédito. Em segundo lugar, ao segmento de não-duráveis, que depende da ampliação da massa real de salários da economia.
Projeções para o setor de alimentos e bebidas em 2004 – Para Ramalho, o mercado doméstico deve registrar um crescimento mais acentuado no ano que vem, comparativamente a 2003, porém menos intenso das exportações. No conjunto, portanto, o crescimento não deverá diferir muito do deste ano. Os custos da ração não deverão diferir muito do ocorrido neste ano, de forma que as margens deverão sustentar-se.
• Melhor analista de bancos
Carreira – Bruno de Mello Pereira foi eleito como o melhor analista de bancos. Formado em administração de empresas, Pereira trabalha na UBS como analista de instituições financeiras desde 2000, tendo trabalhado anteriormente no Icatu e BBA Corretora.
Acerto em 2003 – Com a crise de 2002, as ações dos bancos sofreram muito. Mas a partir do início de 2003 Pereira passou a manter uma visão positiva sobre o setor, com recomendação de compra para Itaú e Unibanco. Em maio, após fortes ganhos nesses papéis, recomendou redução da exposição ao setor, através de Unibanco. A performance dos papéis a partir do segundo trimestre mostrou que a estratégia foi acertada.
Projeções econômicas para 2004 – Pereira acredita que o Brasil está diante de uma oportunidade importante para entrar numa rota de crescimento sustentado a partir de 2004. Para isso será necessária uma retomada de investimentos do setor privado, que ocorrerá na medida em que o cenário político se mantiver estável e o ambiente regulatório se tornar mais claro. Recuperação de confiança será o fator chave.
Projeções para o setor de bancos em 2004 – Os bancos tem muito a ganhar com a retomada do crescimento, o aumento de investimentos e a conseqüente expansão de crédito. Mas o ano de 2004 traz desafios para o setor. As receitas com investimentos em títulos caem significativamente com a redução da taxa Selic, resultando em pressão sobre o resultado operacional. O ano de 2004 também deve trazer aumento de competição.
• Melhor analista de energia elétrica
Carreira – Pedro Batista de Lima Filho foi indicado, pelo segundo ano consecutivo, como o melhor analista do setor elétrico pelos leitores de Investidor Institucional. Com formação em engenharia de produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lima Filho trabalha no Pactual desde 1997. Anteriormente, trabalhou na Shell e Cope-UFRJ.
Acertos em 2003 – O seu principal acerto foi um claro diagnóstico do modelo inicialmente proposto para o setor, assim como uma antecipação de que este seria revisto para um formato que reduziria o risco do investimento em ações do setor. Os principais destaques foram as recomendações de compra de Cemig e Eletropaulo, com altas de 88% e 169%, respectivamente, no ano.
Projeções econômicas para 2004 –Sua visão alinha-se com a de Guilherme Bacha, economista-chefe do Banco Pactual, também premiado por essa revista (ver pág. 37)
Projeções para o setor elétrico em 2004 – O ano de 2004 será o da implantação do novo modelo, com ajuste nas distorções na metodologia da revisão tarifária das distribuidoras assim como o da recuperação econômica-financeira das empresas do setor, com retomada do consumo e menores taxas de juros. Segundo Lima Filho, o setor deve se beneficiar em função da redução de risco criada por esses fatores.
• Melhor analista de mineração
Carreira – O analista de renda variável do Credit Suisse First Boston (CSFB), Marcelo Kayath, leva pela quarta vez consecutiva o prêmio de melhor analista do setor de mineração. Formado em engenharia eletrônica pela Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ), Kayath trabalha no CSFB desde 1996, tendo antes trabalhado na GP Investimentos.
Acertos em 2003 – O analista do CSFB diz que foi otimista sobre o ciclo de minério de ferro, antecipando o papel da China no aumento da demanda do minério de ferro importado. Isso o levou a reforçar a recomendação de CVRD e Caemi durante todo o ano de 2003.
Previsões para 2004 – Com a volta do crescimento econômico e a continuidade do crescimento da produção de aço na China, Kayath acredita que as perspectivas são muito favoráveis ao setor de mineração e aos preços de commodities em geral. Ele avalia que os preços de minério de ferro podem subir até 15% em 2004 e mais 5% em 2005.
• Melhor analista de papel e celulose
Carreira – Edmo Chagas foi eleito como o melhor analista do setor de papel e celulose desde ano. É a terceira vez consecutiva que Chagas recebe a indicação dos leitores de Investidor Institucional, só que nas vezes anteriores ele ganhou como o melhor analista do setor de petróleo e gás (2002) e de siderurgia (2001). Formado em administração de empresas, Chagas trabalha no UBS desde 2000, tendo anteriormente trabalhado no Pactual
Acertos em 2003 – Em 2003 ele apostou no cenário de recuperação de preços de celulose, que deram às empresas de papel e celulose condições de manter suas margens de lucro em níveis bastante altos. Desde modo, recomendou a compra com base na expectativa de que as empresas continuariam a ver expansão de múltiplos. Chagas acredita que a recuperação dos preços de celulose prossiga em 2004.
Projeções econômicas para 2004 – ele acredita que a retomada do crescimento econômico global, a depreciação do dólar frente a outras moedas e uma demanda menos volátil pelo mercado chinês, devem contribuir para recuperação da demanda global de celulose e papel e para o consequente aumento dos preços desses insumos.
Projeções para o setor de papel e celulose em 2004 – para Chagas, o cenário é de preços e volumes em recuperação e deve proporcionar crescimento de lucros e boa performance na bolsa às ações das empresas de papel e celulose. Ele avalia que o posicionamento estratégico das empresas no mercado deve trazer surpresas em 2004, dado que empresas como Klabin e VCP precisam definir quais serão suas estratégias de crescimento.
• Melhor analista de petróleo e gás
Carreira – O analista de petróleo e petroquímica do Pactual, Luiz Otavio B. Laydner, foi eleito como o melhor do setor em 2003. Formado em engenharia eletrônica pela PUC do Rio de janeiro, Laydner trabalha no Pactual desde 2000. Antes, ele trabalhava na Esso Brasileira de Petróleo.
Acertos em 2003 –A alta correlação que se estabeleceu entre a ação da Petrobras, até o mês de setembro, com o índice da Bovespa, gerou significativas oportunidades de long/short de PETR4 contra o índice e vice versa, permitindo o ganho na volatilidade desse spread.
Projeções econômicas para 2004 – Para Laydner, na ausência de algum choque externo significativo que impacte a liquidez dos mercados internacionais, o Brasil estará pronto a apresentar crescimento já em 2004. O desafio do governo será, portanto, ao longo do ano focar na agenda microeconômica para que esse crescimento seja sustentável nos anos que se seguirem.
Projeções para o setor de petróleo e gás em 2004 –O preço do petróleo deverá continuar relativamente alto. Os maiores desafios do setor devem estar no front doméstico, onde espera-se a solução para a questão da tributação de novas plataformas no Rio de Janeiro bem como a definição da nova refinaria. Em petroquímica, deverá ser um ano de recuperação do ciclo, já a partir do segundo semestre.
• Melhor analista de siderurgia
Carreira – O melhor analista do setor de siderurgia de 2003 é Paolo Di Sora, da Itaú Corretora. Vindo do banco BBA, comprado pelo Itaú em 2002, Di Sora é formado em engenharia civil pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), com pós graduação em finanças pela FGV. Antes do BBA, Di Sora trabalhou no banco Indosuez.
Acertos em 2003 – Ele recomendou, no início de 2003, aos investidores concentrarem suas apostas no setor de siderurgia, principalmente nas empresas produtoras de aços planos, notadamente Usiminas e CSN. Esta recomendação estava baseada no fato destas empresas estarem direcionando a maior parte de sua produção para a exportação e o preço do aço no mercado internacional estar com tendência de alta, principalmente devido a forte importação chinesa. Esta recomendação se mostrou bastante acertada, com as ações da Usiminas se valorizando 368% enquanto CSN subiu 221%, as duas melhores apostas no setor este ano.
Projeções econômicas para 2004 – Ele acredita que o ano de 2004 será de retomada de crescimento, devendo beneficiar as empresas com forte exposição ao mercado interno. Não acredita em pressão inflacionária nem forte depreciação do Real ao longo de 2004. A grande questão que permanece é se este crescimento se dará de forma sustentável a partir de 2005 e, neste sentido, o governo precisa dar sinais mais claros sobre o marco regulatório em setores fundamentais, criando condições para a iniciativa privada voltar a investir na expansão de capacidade instalada para sustentar o crescimento após 2004.
Projeções para o setor de siderurgia em 2004 – Suas projeções para o setor siderúrgico são otimistas, e sua carteira sugerida para o setor é 50% Gerdau, 25% CSN e 25% Usiminas. A retomada da economia interna, e a sustentação dos preços internacionais de aço são os principais fatores sustentando a visão otimista para o setor em 2004.
• Melhor analista de têxteis
Carreira – A analista de produtos de varejo do Santander, Daniela M. Bretthauer, foi eleita como a melhor analista do setor têxtil pelos nossos leitores. Formada em economia pela Iowa State University, dos EUA, e com pós-graduação em finanças pela FGV, Daniela trabalha no Santander desde 1997. Anteriormente, trabalhou no Citibank.
Acertos em 2003 – Acompanhando a Coteminas, Daniela fez recentemente um “downgrade” na recomendação de investimento para os papéis dessa companhia, de forte compra para compra. Segundo ela, esse rebaixamento refletiu a preocupação com relação a evolução futura dos preços do algodão e das quotas para o segmento de toalha existente entre Brasil e EUA.
Projeções econômicas para 2004 – O cenário para 2004 será favorável para as empresas do setor de consumo e varejo, acredita Daniela. Essas empresas devem ser beneficiadas pela inflação e taxa de juros menores e por uma pequena recomposição na renda disponível e no nível de emprego da população. Adicionalmente, medidas como o movimento dos banco privados em adquirir financeiras e a prática do empréstimo “com desconto em folha” poderão fomentar o consumo.
Projeções para o setor têxtil em 2004 – A analista do Santander avalia que as perspectivas de rentabilidade e evolução de vendas no setor têxtil para 2004 estarão atreladas não somente a uma recuperação do nível de atividade e retomada do crescimento econômico, mas também à evolução dos preços do algodão e de outras matérias primas importantes, tais como o poliéster.
• Melhor analista de telecomunicações
Carreira – A escolha de melhor analista de telecomunicações de 2003 recaiu sobre Roger Oey, da Bradesco Corretora. Formado em ciências econômicas pela universidade Mackenzie e com MBA em Mercado de Capitais pela Fipecafi/USP, Oey entrou para a Bradesco Corretora no início deste ano. Anteriormente ele trabalhou na BBV Corretora, Telesp Celular, Banco Itaú e Banco Chase Manhattan
Acertos em 2003 – Oey iniciou o ano com otimismo moderado, passando a desenhar um cenário mais favorável a partir do segundo semestre. Segundo ele, isso favoreceu o acerto do timing dos investimentos. A preferência por Telemar sobre Brasil Telecom e a aposta em Telesp Celular para o ano de 2003 foram os grandes acertos das suas recomendações.
Projeções econômicas para 2004 – Ele acha que o ano de 2004 será marcado pela retomada do crescimento econômico. Aposta em um aumento da demanda por bens de consumo no país, sem pressão inflacionária ou drástica redução do superávit da balança comercial, e num aumento do poder de compra da população e redução do nível de desemprego.
Projeções para o setor de telecomunicações em 2004 – A telefonia móvel deve manter o ritmo acelerado de crescimento em 2004, com aumento do nível de investimentos. A telefonia fixa deve reduzir a ociosidade da planta, mantendo os investimentos de manutenção e reduzindo suas dívidas. O cenário econômico favorável deve estimular fusões e aquisições no setor.
• Melhor analista de varejo
Carreira – A analista da Itaú Corretora, Juliana Rozenbaum, foi eleita como a melhor analista do setor de varejo. Formada em economia pela PUC do Rio de Janeiro, Juliana veio do BBA, que foi absorvido pelo Itaú em 2002. Antes do BBA, onde entrou em 2000, ela trabalhou no Pactual e JGP.
Acertos em 2003 – Ela acredita que um dos diferenciais da sua análise foi acompanhar de perto os detalhes operacionais e a estratégia de cada uma das empresas, sem perder de vista a grande relevância do ambiente macroeconômico sobre suas operações.
Projeções econômicas para 2004 – Para Juliana, as expectativas são bastante construtivas para 2004, com retomada do crescimento interno, em um ambiente de inflação contida, taxa de juros ainda mais baixas e taxa de câmbio comportada. Ela acredita em um ano mais tranqüilo e positivo.
Projeções para o setor de varejo em 2004 – Dentro de um ambiente macroeconômico mais benigno, ela projeta a expectativa da retomada da demanda interna e do impacto positivo sobre as empresas no setor de consumo. O crescimento da renda disponível deverá ser refletido em crescimento real de vendas, contribuindo para a rentabilidade das empresas em 2004.
• Melhor analista de títulos públicos
• Melhor analista de títulos privados
Carreira – O eleito em duas categorias, como o melhor analista de títulos públicos e também o melhor analista de títulos privados foi o diretor adjunto de renda fixa da Bram (Bradesco Asset Management), Luis Roberto Zaratin Soares. Formado em economia pela PUC de São Paulo, Soares está na Bram desde 2001, quando foi constituída a empresa. Antes, trabalhou na Bradesco Templeton, BMG, BankBoston e Citibank.
Acertos em títulos públicos em 2003 – O risco que foi agregado aos títulos públicos em 2002, em função das eleições e conseqüente corte de linhas de crédito ao País, foi retirado em 2003. Com exceção dos títulos indexados à inflação, que tiveram um desempenho inferior ao do custo do dinheiro no primeiro semestre, todos os títulos deram um resultado expressivo ao longo do ano. O “mix” entre os títulos para manter o perfil de rentabilidade e risco dos fundos nos trilhos foi o que fez a diferença.
Acertos em títulos privados em 2003 – Com o fechamento do mercado externo para empréstimos e emissões de empresas nacionais no segundo semestre de 2002 e primeiro semestre de 2003, mesmo as grandes empresas passaram a emitir títulos no mercado interno com prêmios muito altos. A criteriosa análise de crédito para seleção das emissões contribuiu para a manutenção dos perfis de risco/retorno citada nos títulos públicos.
Projeções para 2004 – O Brasil experimentará em 2004, provavelmente, patamares de juros reais muito abaixo da média histórica. Os prêmios dos títulos públicos estarão muito baixos e a expectativa dos investidores muito alta, em função das rentabilidades apresentadas pelos fundos em 2003. O que prevalecerá, no médio e longo prazo, é a máxima de que para baixo risco deve se esperar baixo retorno e para conseguir resultados melhores será necessário correr mais riscos. Os prazos estarão mais longos e os prêmios entre ativos privados e públicos farão a diferença. Tal cenário sugere acompanhar de perto o mercado de renda variável.
• Melhor analista de autopeças
Carreira – O melhor analista do setor de autopeças e material de transportes de 2003 é José Miguel Vilela, do Pactual. Formado em economia pela PUC do RJ, Vilela está no Pactual desde 2001, tendo anteriormente trabalhado no Matrix.
Acertos em 2003 – Ele não apostou no setor em 2003, pois avaliou que a valorização cambial, redução do risco Brasil e a tendência de queda da taxa de juros beneficiaria as empresas mais líquidas e com alto endividamento. Como a maioria das empresas de autopeças apresenta exposição relevante ao mercado externo e baixa liquidez, o desempenho do setor ficou aquém do índice Bovespa.
Projeções econômicas para 2004 – Vilela espera que o ano de 2004 continue apresentando queda nos spreads de risco e na taxa de juros interna, garantindo um fluxo de investimentos positivo. Em sua opinião, os riscos estão concentrados em eventuais choques externos adversos e na possibilidade de pressões políticas ocasionadas pelo ano eleitoral.
Projeções para o setor de autopeças em 2004 – O setor de autopeças será beneficiado em 2004 por um mercado interno mais aquecido, impulsionado pelo crescimento agrícola (rodas e eixos), pelo ano eleitoral (carrocerias de ônibus) e pela evolução das exportações, a despeito da estabilidade cambial.
• Melhor analista de câmbio
Carreira – pela quarta vez consecutiva, o estrategista do Citigroup Asset Management, Paulo Tenani, é eleito como o melhor analista de câmbio pelos leitores de Investidor Institucional. Formado em economia pela USP e em administração de empresas pelo Mackenzie, Tenani é PhD em economia pela Columbia University, de Nova York. Ele trabalha no Citi desde 1999 e, anteriormente, trabalhou no UBS Warburg, em Nova York.
Acertos em 2003 – Contrariamente à 2002, quando uma bolha especulativa derrubou o real para 4 R$/US$, foram os fundamentos que deram o tom ao mercado cambial em 2003, avalia Tenani. Segundo ele, a política monetária do Banco Central, aliada aos altos e baixos da renda fixa americana, foram chave para entender a apreciação do real em 2003 e sua oscilação entre 2.8 R$/US$ e 3.10R$/US$ desde abril.
Projeções econômicas para 2004 – Devido às baixas taxas de juros mundiais e a queda no Risco Brasil, 2004 talvez seja o ano da recuperação cíclica da economia brasileira. Porém, deveria ser também o ano da cautela, uma vez que a economia global possui sérios desbalanceamentos que, cedo ou tarde, serão corrigidos. Neste sentido o Brasil, apesar dos bons fundamentos, poderia também ser afetado.
Projeções para o câmbio em 2004 – Nos próximos meses a Selic deve continuar caindo em velocidade maior que os yields da dívida externa. O câmbio pode ceder, mas gradativamente. Porém riscos existem e se o BC derrubar a Selic abaixo da “zona do perigo”, uma bolha especulativa pode surgir. Outro risco vem dos desbalanceamentos globais – que podem se resolver de maneira desordenada.
• Melhor gestor de portfólio de renda fixa
Carreira – Rodrigo da Rosa Borges, do Votorantim Asset Management, foi eleito o melhor gestor de portfólio de renda fixa. Formado em engenharia de produção pela Poli-USP, Borges trabalha no Votorantim desde 1997. Anteriormente, trabalhou no Sudameris
Acertos em 2003 – Segundo ele, o ano começou com projeções pessimistas, com prêmios elevados nos títulos públicos. Mas, na sua opinião, o compromisso assumido pelo governo com a ortodoxia econômica não justificava tais prêmios, portanto apostou na compra desses papéis como uma boa oportunidade de investimento.
Projeções econômicas para 2004 – Os mercados seguem ajustando o preço dos ativos para um cenário macroeconômico mais favorável. O ajuste suave dos desequilíbrios internacionais ainda direciona forte liquidez para mercados emergentes. A retomada do crescimento brasileiro num patamar de 3,5% não deve trazer pressões inflacionárias, permitindo continuidade na queda gradual dos juros.
Projeções para a renda fixa em 2004 – O cenário otimista que se desenha levará o mercado de renda fixa ao alongamento de prazos. Isso propiciará uma série de novas oportunidades, que poderão ser bem aproveitadas nos fundos multimercado. O controle de risco torna-se, porém, extremamente importante pois a alavancagem do sistema financeiro tende a aumentar.
• Melhor gestor de portfólio de renda variável
Carreira – Herculano Anibal Alves, da BRAM (Bradesco Asset Management), foi eleito como o melhor gestor de portfólio de renda variável. Com mestrado em finanças e investimentos pela FGV e em economia pela PUC de SP, Alves é diretor de renda variável da BRAM desde 2001. Antes, trabalhou na Bradesco Templeton, ABN Amro, Unibanco e Bozano Simonsen.
Acertos em 2003 – Ele antecipou, a partir da política adotada pelo novo governo, um cenário positivo para o comportamento do dólar, inflação e principalmente risco Brasil, com valorização dos ativos. Isso beneficiou as empresas alavancadas, com a valorização do Real e a queda das taxas de juros. Como exemplo, ele cita as empresas do setor siderúrgico, que além da melhora do cenário interno também se beneficiaram com a alta dos preços internacionais do aço.
Projeções econômicas para 2004 – Ele acredita que as linhas da política macroeconômica adotadas em 2003 deverão ser mantidas em 2004. O saldo comercial não repetirá o recorde de 2003, mas ainda será robusto o que, associado à maior disponibilidade de crédito internacional, nos permitirá conviver com uma situação cambial benigna e um ambiente de tranqüilidade para o comportamento da inflação, mesmo considerando a hipótese de um crescimento da ordem de 3,5% a 4,0% do PIB em 2004.
Projeções para a renda variável em 2004 – As perspectivas para o mercado de ações em 2004 permanecem favoráveis, pois com taxas de juros em torno de 14% e a economia em crescimento as empresas voltadas para o consumo interno deverão começar a apresentar resultados positivos. Nesse contexto, o trabalho do analista de investimentos será muito importante, na medida que a performance dos fundos dependerá do “stock picking”, ou seja, da escolha das ações.
• Melhor analista de investimentos imobiliários
Carreira – Sérgio D. O. Belleza Filho foi eleito o melhor analista de investimentos imobiliários. Formado pela universidade Mackenzie, ele é o responsável pelo departamento de fundos imobiliários da Coinvalores desde 2000. Já trabalhou antes na SFI – Serviços Financeiros Imobiliários, James Andrew International e MC Associados, entre outros.
Acertos em 2003 – Belleza Filho conseguiu ver duas teses que defende virarem realidade em 2003: um mercado secundário organizado e a pulverização dos fundos imobiliários via rede bancária. O sucesso dos negócios com cotas de fundos imobiliários em bolsa (Europar na Bovespa e Almirante Barroso e Shopping Higienópolis no Soma), bem como o êxito da pulverização das cotas do Almirante Barroso nas agências da Caixa.
Projeções econômicas para 2004 – Segundo ele, mesmo imperfeitas as reformas possíveis mostrarão seus resultados. A política agressiva de redução na taxa de juros deve continuar. O governo terá que intensificar o apoio à produção, visando retomar o crescimento e reduzir o desemprego.
Projeções para o setor imobiliário em 2004 – Se a queda nas taxas de juros continuar, 2004 será um excelente ano para os investimentos imobiliários. Mas é fundamental que as cotas de Fundos Imobiliários negociados em Bolsa mudem da classificação, nas carteiras dos Fundos de Pensão, de imóveis para renda variável. O envolvimento dos bancos de varejo na distribuição das cotas é outro requisito, segundo Belleza.
• Melhor consultora atuarial
Carreira – A escolha da melhor consultora atuarial recaiu sobre Marlene A. Rainer, da Towers Perrin. Formada em atuária pela PUC de São Paulo e trabalhando na Towers Perrin, ela trabalhou anteriormente na Mercer, Citibank e Prever.
Acertos em 2003 – Para Marlene, as empresas estão preocupadas com o seu custo e ao mesmo tempo com a atração e retenção de talentos, exigindo do consultor a utilização de diferentes formas de previdência complementar, inclusive a inserção de planos individuais no ambiente das entidades fechadas.
Projeções econômicas para 2004 – Segundo ela, o ano que vem deve ser marcado por inflação em queda, taxa de juros um pouco menores e tímido crescimento econômico. Com a aprovação das reformas previdenciária e tributária neste ano, haverá um avanço nas discussões importantes do ano que vem, inclusive na questão da estabilidade de regras e abertura mais efetiva da economia.
Projeções para as consultorias atuariais em 2004 – O cenário do ano que vem vai exigir criatividade contínua, levando o cliente à plena reflexão sobre o alinhamento do plano de previdência complementar às suas estratégias de recursos humanos. Ainda de acordo com ela, o papel do consultor atuarial deverá jogar um papel importante na definição da política de investimentos do plano – conceituando e desenvolvendo o ALM, ALTM.
• Melhor economista de instituição financeira
Carreira – O economista-chefe do Pactual, Guilherme Bacha de Almeida, foi eleito como o melhor economista de instituição financeira. Formado em economia pela Universidade de Brasília e com mestrado em economia pela PUC-RJ, é a segunda vez que ganha esse título dos leitores de Investidor Institucional (a primeira foi em 2001). Bacha, que trabalha no Pactual desde 1997, já trabalhou anteriormente no fundo de Pensão dos funcionários do Banco do Nordeste (CAPEF), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Ministério da Indústria e do Comércio (antigo MIC).
Acerto em 2003 – Antecipou os efeitos benignos da combinação “liquidez internacional” e “política de equilíbrio macroeconômico do governo Lula” sobre os indicadores econômico-financeiros e os preços dos ativos brasileiros. Neste cenário, antecipou o movimento de redução expressiva da taxa SELIC por parte do Banco Central em 2003.
Projeções econômicas para 2004 – Acredita que a manutenção de um ambiente externo benigno e a continuidade do afrouxamento monetário por parte do BC do Brasil tendem a viabilizar um crescimento econômico mais expressivo em 2004, refletindo-se positivamente sobre o mercado de trabalho do país. Este deverá ser o tema mais sensível da agenda política e econômica ao longo do ano.