Oportunidades de private equity no exterior | Gestora prepara fun...

Gonzalo Fernández Castro, do Partners GroupUrs Wietlisbach, do Partners GroupEdição 261

 

Com mais de US$ 44 bilhões sob gestão no mundo, o Partners Group mira captar investimentos de fundos de pensão no Brasil. A gestora de investimentos privados baseada na Suíça possui escritório no Brasil há três anos e atua na América Latina desde 2001, região onde possui mais de US$ 500 milhões sob gestão. Na região, a gestora tem recursos captados de fundos de pensão do Chile, Colômbia e Peru. No mundo, cerca de 85% dos recursos sob gestão da empresa são provenientes de fundos de pensão de diversos países. Para começar a captação no Brasil, o grupo pretende lançar um feeder local para atrair investimentos dos fundos de pensão domésticos.

A estrutura consiste em lançar esse fundo no país, já no segundo semestre, que investirá em um fundo master em Luxemburgo. Para esse fundo master já foram captados 200 milhões de euros, e a expectativa é chegar a 1 bilhão de euros. Já para o feeder, ainda não é possível estimar quanto será captado, pois dependerá da demanda por parte das fundações locais. “Os fundos de pensão da América Latina têm aumentado o investimento em private equity ultimamente, mas não os brasileiros”, afirma Urs Wietlisbach, cofundador do Partners Group.
Para atrair as fundações brasileiras, o grupo atua com um processo educacional sobre investimentos em mercado privado. “Criamos uma série educacional sobre os mercados privados que consiste em mostrar como fundos ao redor do mundo investem nesse mercado”, diz Gonzalo Fernández Castro, responsável pelos investimentos na América Latina. Segundo o executivo, 20 diferentes fundações participam desse programa educacional no Brasil.
Para os executivos do Partners Group, o essencial para quem começa a investir no mercado privado é diversificar os investimentos. “Diversificando você tem os mesmos retornos, mas com certeza o risco é menor. Claro que há alguns anos o Brasil estava indo muito bem, então ninguém considerava investir no exterior, mas isso mudou nos últimos dois anos, a economia não está tão forte”, opina Urs.
Gonzalo Castro dá o exemplo de um grande cliente da empresa. “Um de nossos clientes, o fundo de pensão canadense CPP Investment Board (CPPIB), investe diretamente em infraestrutura nos mercados emergentes, por exemplo. Isso faz menos sentido para os fundos de pensão brasileiros, pois eles estão começando”, explica Castro.
Para os fundos de pensão, que têm compromissos de longo prazo, a liquidez não deveria ser a maior preocupação, e sim o retorno mais alto. “É por isso que os grandes fundos de pensão estão aumentando suas alocações no mercado privado, incluindo real estate, infraestrutura e private equity. E a principal razão são os retornos mais altos”, diz.
Estratégia – A estratégia de diversificação do grupo consiste em oferecer para as fundações três tipos de investimento. O investimento direto na empresa, o investimento primário, também conhecido como fundo de fundos, e o secundário, que consiste em um investimento realizado em um portfólio já existente. Esse último é o investimento mais adequado aos investidores institucionais, pois além de entrar no fundo quando ele já está em operação, ele consegue mitigar a curva J e reduzir os riscos do investimento.
O investimento secundário ocorre quando outro investidor, que já possui um comprometimento de captação com o fundo, decide sair do veículo antes dele fechar. Com isso o novo investidor compra a cota do fundo com seu valor de mercado atual e se compromete com as próximas chamadas de capital.
Quando se trata de investimentos diretos, a estratégia adotada é em alocações em middle market. Isso porque as empresas grandes estão muito caras. “Os preços estão ainda mais caros que a pré-crise. Principalmente nos Estados Unidos”, explica Urs. Já para empresas menores, o mercado de crédito não está aberto. Para crescer, elas precisam ir para o mercado privado. A estratégia também vale pra o Brasil.
Do total de recursos geridos pelo Partners Group, metade está concentrada em private equity, 25% em investimentos imobiliários e os outros 25% em infraestrutura. No Brasil, a empresa investiu em algumas companhias, sendo a mais recente o Grupo SBF, detentor das marcas Centauro, By Tennis, Almax e operador da rede Nike Store no país. “O Brasil é um país muito grande, não tem como não investir aqui se quisermos ser globais”, diz Gonzalo Castro.