O Compass Group (CG), gestora e distribuidora de fundos baseada em Nova York que tem como foco principal oferecer alternativas de investimento no exterior para investidores da América Latina, aterrissou no país em meados de outubro. O executivo George Kerr, que esteve nos últimos cinco anos à frente da gestora escocesa Aberdeen no Brasil, foi contratado pelo CG para montar o escritório local, contratar pessoal para as áreas comercial e de gestão, e estruturar os fundos, sejam próprios ou feeders funds que vão alocar em estratégias de terceiros. “A equipe do CG no país, quando estiver completa, em meados de 2019, deve ter cerca de oito profissionais, entre gestores para os fundos próprios, e representantes da área comercial”, prevê Kerr. Além disso, dois analistas brasileiros do CG alocados atualmente no Chile, que cobrem o mercado brasileiro, serão transferidos para o país.
Fundado em 1995, o CG tem cerca de US$ 6 bilhões em ativos sob gestão e US$ 35 bilhões em ativos de terceiros distribuídos por eles.
O CG tem parcerias com diversas gestoras globais, ofertando aos clientes latino-americanos fundos de casas nem sempre acessíveis na região. Entre as assets que passarão a ter veículos disponíveis aos investidores brasileiros por meio do CG nos próximos meses, constam nomes como Investec, gestora da África do Sul com US$ 140 bilhões sob gestão, e Wellington, de Boston, com US$ 1,1 trilhão, entre as estratégias de maior liquidez. Já entre as estratégias ilíquidas aparecem gestoras como a americana Blackstone, com US$ 450 bilhões, e a inglesa Cinven, com 27 bilhões de euros.
Kerr prevê que o primeiro lançamento de um fundo de investimento do CG no país deve ocorrer por volta do segundo trimestre de 2019, já que ainda vai precisar de algum tempo para montagem da estrutura e obtenção das licenças necessárias junto à CVM e Anbima.
O executivo não descarta, inclusive, fechar parcerias com assets brasileiras para distribuir seus produtos em outros países. “Essa não é, no entanto, uma das prioridades do CG em sua chegada ao Brasil”, pondera Kerr.
O grupo americano já tem cerca de US$ 2 bilhões investidos em empresas brasileiras por meio de instrumentos de renda variável e renda fixa, e vai se valer dessa expertise na estruturação de seus fundos proprietários locais, que deverão ser compostos por ativos presentes na própria região, como ações e títulos públicos.
Embora atue em países da América Latina há bastante tempo, como o Chile, onde tem importante fatia do mercado atendendo as AFPs, o grupo ainda não tinha presença no Brasil. “As mudanças promovidas nos últimos meses na regulação, que flexibilizaram as formas de investimento no exterior pelos institucionais locais, foram um incentivo importante para a decisão do CG de vir ao país”, afirma Kerr.
Procurada pela revista para falar sobre os seus planos para o país nos próximos anos, a gestora escocesa Aberdeen, que teve certa dificuldade em conseguir captação relevante de recursos para o feeder fund lançado em parceria com a BB DTVM, enviou o seguinte posicionamento: “Temos uma equipe de investimentos em São Paulo há quase dez anos e expandimos constantemente nossa presença durante esse período. Ter equipes com bons recursos de maneira presencial nos principais mercados nos quais estamos investindo é fundamental para nosso processo de investimento. Nossa equipe em São Paulo é apoiada pela Menno de Vreeze [que fica baseado em Miami, nos Estados Unidos], que vai liderar os esforços de distribuição”.