Edição 246
OModal está de volta ao mercado de institucionais. Depois de re-estruturar a equipe de gestão e seus produtos no começo do ano passado, a partir do início de 2013 está batendo novamente na porta das fundações e demais clientes para tentar recuperar o terreno perdido. A instituição quer provar que superou problemas dos últimos anos, com a baixa performance de seus fundos após a crise financeira mundial e o negócio frustrado de venda para o Plural, no final de 2011. “Não estamos à venda. Pelo contrário, estamos contratando e investindo para voltar a crescer”, diz Flávio Stanger, sócio-diretor do Banco Modal.
Uma das áreas que o Modal está resgatando é a sua asset. “Reestruturamos nossa asset e conseguimos boa performance no ano passado com nossos fundos multimercados. Queremos voltar ao tamanho que tínhamos antes da crise”, diz Luiz Eduardo Portella, sócio gestor da Modal Asset Management e responsável pelos multimercados. A Modal Asset Management chegou a ter R$ 1,5 bilhão de recursos de terceiros sob gestão antes da crise financeira mundial de 2008. Desse montante, cerca de R$ 500 milhões eram oriundos de fundos de pensão.
A asset era comandada por Alexandre Póvoa, um gestor bastante conhecido do mercado, que hoje está em uma pequena asset especializada em family offices, a Canepa. “O problema é que nossos fundos não acompanharam a recuperação da bolsa em 2009 e 2010 para compensar as perdas da crise. Sem performance, os investidores foram resgatando suas aplicações”, conta Portella.
A asset viu o total de recursos sob gestão minguar para R$ 300 milhões, dos quais, apenas R$ 10 milhões eram de fundos de pensão. Seu principal gestor, Póvoa entrou em um acordo com os sócios do Modal para deixar o comando da asset em meados de 2011. Depois disso, a venda frustrada para o Plural contribuiu para dificultar ainda mais as coisas. O negócio foi anunciada em agosto de 2011, sendo cancelado em novembro do mesmo ano. “Desistimos da venda para o Plural no final de 2011. Decidimos reestruturar a asset e voltar a crescer. Agora não se fala mais em venda”, diz Portella.
Stanger é ainda mais enfático ao ressaltar que a instituição não está a venda. “Se alguém do Modal falar que estamos à venda, é demitido por justa causa”, brinca o executivo. Responsável pela área de Real State do banco, Stanger mostra que o grupo está voltando a captar entre os fundos de pensão e cita como exemplo um fundo de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) que contou com a aplicação de fundações (ver box). Ele esclarece porém, que os produtos de Real State têm gestão segregada dos fundos líquidos da asset, embora o canal de distribuição para as fundações seja único.
Dinheiro proprietário – A reestruturação da asset do Modal, a partir do início de 2012, contou a junção da equipe da tesouraria do banco com a gestão de fundos. Luiz Eduardo Portella, que está na tesouraria do banco desde 2010 – e tem mais de 10 anos de Modal – foi chamado para coordenar a asset. “Juntamos a equipe de tesouraria e asset e alinhamos os interesses. Colocamos o dinheiro proprietário do banco nos fundos da asset”, diz Portella. Ele explica que desta forma, a asset dá uma garantia que a gestão será realizada da melhor forma possível.
“A gestão de nosso dinheiro é a mesma dos investidores. Estamos levando a estratégia vencedora de nossa testouraria para os fundos da asset”, conta. Ele mostra que os resultados já começam a aparecer. O fundo multimercado Tactical, por exemplo, teve rentabilidade de 29,79% em 12 meses até final de janeiro de 2013.
A equipe conta com profissionais que já estavam na asset, como Felipe Tâmega (pesquisa macro), Eduardo Roche (chefe de analistas) e Antônio Dupim (renda fixa). Outros Ronaldo Baeta (moedas/internacional) e Carlos Alberto Jr (bolsa), além do próprio Portella, vieram da tesouraria do Modal. Apesar da junção das equipes, continua existindo a segregação de atividades da tesouraria do banco e da gestão da asset. “Foi a solução encontrada, fomos até o limite do chinese wall”, diz Portella.
Na grade de produtos da asset, além do fundo Tactical, figuram outros multimercados como o Phoenix (long and short), Lion (crédito privado) e o Eagle (fundo de fundos). Uma novidade é o lançamento de um fundo de ações, o Equity Head, que começou a funcionar em novembro de 2012. Passados os seis primeiros meses, o fundo também estará disponível para os institucionais. “Hoje já temos trabalho e resultados para mostrar”, comenta Portella. A meta da Modal Asset é chegar a R$ 2 bilhões em ativos sob gestão até 2015, dos quais, cerca de um terço será proveniente de fundos de pensão. Atualmente, a asset tem R$ 560 milhões sob gestão, dos quais R$ 125 milhões referem-se ao dinheiro proprietário do banco.
Fundo de CRIs para fundações.
O Banco Modal acaba de encerrar a captação de R$ 200 milhões de um fundos de certificados de recebíveis imobiliários. A captação do Modal Gaia Institucional Recebíveis Imobiliários foi comemorada pela instituição por causa da participação de 11 cotistas fundos de pensão. “Tivemos forte demanda das fundações que vinham demonstrando interesse pelos ativos, mas que tinham dificuldade de acessar diretamente o mercado”, diz Flávio Stanger, sócio-diretor do Modal. O maior cotista é a Previ do Banco do Brasil que entrou com R$ 40 milhões.
É que para os fundos de pensão existe a limitação de 25% por emissão de CRIs. Em casos de emissões pequenas, não compensa para a fundação realizar todo o trabalho de análise para adquirir um montante baixo. “O fundo de CRIs tem a vantagem de oferecer um leque diversificado de papeis para os institucionais, que dificilmente teriam acesso se fossem entrar diretamente nos leilões”, diz João Paulo Pacífico, sócio-diretor da Gaia Securitizadora – parceira do Modal no fundo.
Além da limitação por emissão, as fundações também contavam com dificuldade para analisar as condições de cada papel. “Os fundos de pensão demoram um ou dois meses para analisar cada emissão. Nesse tempo, as oportunidades são desperdiçadas”, conta Pacífico. O fundo oferece expectativa de retorno de IPCA mais 6,5% ou NTN-B mais 2% ao ano (vale o que for menor).