O mercado de renda fixa tem atravessado recentemente um período de elevada volatilidade, com os principais benchmarks do setor apresentando rendimentos negativos diante das inúmeras incertezas que estão no radar dos investidores. Entre essas, pode-se citar a indefinição das eleições de outubro, o fraco desempenho da economia no front interno, o aumento dos juros nos Estados Unidos e as tensões geopolíticas no cenário global. Em maio o IMA B 5+ registrou desvalorização de 4,65% e o IRF-M 1+ caiu 2,62%; em junho as perdas prosseguiram, com o IMA B 5+ caindo 1,84% e o IRF-M 1+ perdendo 1,15% até o dia 7 de junho.
Analistas de mercado acreditam que os investidores precisarão ter sangue frio para suportar as movimentações bruscas nos preços dos ativos de renda fixa, que devem prosseguir durante o segundo semestre do ano. Segundo esses, as empresas de gestão têm dado preferência a operações táticas de curto prazo para atravessar esse período de baixa previsibilidade.
“As operações nos próximos meses serão menores e mais táticas do que estruturais, acompanhando a divulgação dos dados e das notícias”, afirma o superintendente da Santander Asset, Eduardo Castro. Segundo ele, “é uma situação diferente daquela vivida nos últimos dois anos, quando a queda da Selic era amplamente esperada”.
Além da volatilidade gerada pelas incertezas do cenário político e econômico, Castro lembra que o Banco Central está de ôlho no desempenho econômico dos próximos meses para determinar os rumos da política monetária e o futuro das taxas de juros. Essa é, segundo ele, uma variável que pode intensificar a volatilidade do mercado de renda fixa no segundo semestre do ano.
A Santander Asset trabalha, em seu cenário base, com um aumento da Selic a partir de abril de 2019. No entanto, o mercado tem revisado a cada semana para baixo suas estimativas para o crescimento da atividade econômica, nota o superintendente. Segundo ele, por conta da decepção com a retomada econômica, já começa a surgir no mercado, embora ainda de maneira bastante tímida, discussões em torno da possibilidade de o próximo passo da autoridade monetária ser de reduzir, e não de aumentar, novamente a Selic. “Os investidores, e nós também, estamos muito mais preocupados em preservar capital em função da volatilidade alta esperada para os próximos meses, do que encontrar oportunidades para fazer grandes posições”, diz Castro.
Crédito – O gestor da Quasar Asset, Carlos Messa, nota que o atual momento do mercado brasileiro, com a Selic na mínima histórica e uma série de vencimentos de títulos públicos previstos à frente, tem gerado um forte movimento dos investidores em busca de maior retorno através do crédito privado, o que tem achatado os prêmios do segmento. “No momento, e acredito que siga assim nos próximos meses, a não ser que tenhamos uma eleição muito conturbada é mais atrativo para a empresa emitir do que para o investidor encontrar boas oportunidades”, pondera Messa. Segundo o gestor, uma mesma operação que em abril era emitida a CDI mais 1,40% em maio estava sendo ofertada a 1,30%.