Icatu de volta à gestão de ativos | Empresa retoma atividades na...

Edição 147

A Icatu Hartford Administradora de Recursos já nasce com uma história – e patrimônio de R$ 1,8 bilhão, reserva dos 4 milhões de clientes da seguradora. O objetivo é engordar este volume e, em cinco anos, alcançar R$ 10 bilhões em recursos.
Os planos podem parecer ambiciosos diante de um mercado onde cada vez menos entra dinheiro novo e que ainda se ressente de um ‘boom’ de assets independentes. Há lugar para mais um? Carlos Garcia, diretor comercial da administradora, garante que sim. Para isso, a instituição, presidida por Marcos Falcão, montou uma estratégia que foca, principalmente, atender fundos de pensão, seguradoras e private banking.
No caso específico das fundações, a administradora lança mão de um trunfo: dos 35 profissionais contratados – 100% advindos do Grupo Icatu – 13 são atuários. “Queremos desenvolver soluções customizadas para esses clientes, como um ALM dinâmico, tábua própria e política de investimento”, afirma Garcia. “Vamos acompanhar de perto a legislação dos fundos de pensão e a necessidade de entrega de relatórios para a Secretaria de Previdência Complementar (SPC). Aqui, falaremos a mesma língua”.
Para o executivo, as fundações precisam urgentemente de soluções para a diversificação de investimentos – hoje, mais de 60% dos recursos do setor estão em renda fixa. Garcia não esconde seu objetivo em transformar a administradora do Icatu em uma opção aos “multimercados com alavancagem em renda fixa”, um tipo de investimento que virou sinônimo de diversificação e que, muitas vezes, não atende o objetivo dos aplicadores. “Falta criatividade ao mercado. São poucos os gestores que conhecem as características dos passivos atuariais”, diz.
O Icatu está no mercado financeiro como administrador de recursos há quase 20 anos. A asset management do grupo, existente até o ano de 2002 em associação com o BBA, chegou a gerenciar cerca de R$ 5 bilhões quando o Icatu vendeu sua participação ao BBA. Agora, na retomada, a instituição terá quatro fundos abertos: o FIF Icatu Hartford Renda Fixa (taxa de 1% ao ano), que busca superar a Selic por meio da compra de ativos em renda fixa; FIF Icatu Hartford Selic (0,5% a.a.), produto referenciado que tem como objetivo acompanhar a variação da Selic; o FIF Icatu Hartford Renda Real (0,75% a.a.), que tem suas aplicações voltadas para títulos atrelados a índices de preços; e o FIA Icatu Hartford IBX (1% a.a.), fundo de ações que busca rentabilidade superior ao índice IBX. A criação de fundos exclusivos e carteiras administradas, para a montagem de estratégias customizadas, não é descartada pela instituição.
Garcia vê no Brasil um potencial muito grande na área de asset management, baseando-se em dados da indústria norte-americana, que possui mais de 8 mil fundos, enquanto no Brasil esses somam 4.600. “Temos um número de fundos equivalente a 58% do mercado dos Estados Unidos, mas apenas 2,5% do seu volume”, explica o diretor.

Histórico – O Icatu iniciou a atividade de administração de recursos de terceiros na década de 90, que perdurou independente até março de 2000, quando associou-se ao banco BBA para criar a BBA-Capital Asset Management. Em meados de 2002, o grupo desfez-se da sua participação nessa empresa e em novembro do mesmo ano o grupo BBA foi vendido para o Itaú, que levou junto a empresa de gestão.
No início de 2003, o grupo Icatu criou a Icatu Hartford Administração de Recursos, para gerir grande parte das reservas acumuladas pela venda dos produtos de seguro de vida, previdência e capitalização. “Queríamos ter a certeza de que nossos princípios seriam mantidos, o que ficou difícil controlar quando o BBA passou para o Itaú”, diz Garcia.

Icatu em movimento
A Icatu Hartford é a nova gestora do plano de previdência para os funcionários da Mellon Serviços Financeiros. O plano, do tipo PGBL, irá substituir o multipatrocinado que a Mellon tinha, desde janeiro de 1998, com a Brasprev – fundo de pensão do Grupo Brascan. Segundo o diretor comercial da Mellon, Roberto Pitta, a transferência dos R$ 4,5 milhões em recursos do fundo fechado para o PGBL deve ocorrer até setembro. Cerca de 80 funcionários devem migrar para o plano do Icatu.
O grupo, que possui a gestão de mais 350 planos corporativos, com um total de recursos da ordem de R$ 1 bilhão, pode comprar a operação brasileira da Canada Life – seguradora atuante nos ramos de vida e previdência, que anunciou sua saída do País, após quatro anos de atividades no Brasil.