Canabidiol nos negócios | Gestora Vitreo lança no Brasil fundo de...

Negócios ligados à indústria da cannabis, já legalizada no Canadá e em oito estados americanos, estão gerando bons lucros para algumas empresas do segmento. De olho nisso a Vitreo, gestora brasileira com pouco mais de um ano de existência e 10 fundos no portfólio, lançou no final de outubro o FIA-IE Canabidiol, um fundo de ações que investe em empresas americanas e canadenses atuantes nesse segmento. O fundo acompanha cerca de uma centena de empresas listadas nas bolsas desses dois países para tentar ganhar com elas. Com uma semana de funcionamento o FIA-IE Canabidiol já contabilizava 1015 cotistas e R$ 20 milhões captados no Brasil.
Com aplicações mínimas de R$ 5 mil, o fundo é voltado à investidores qualificados, que mantém pelo menos R$ 1 milhão em aplicações no mercado financeiro ou possuem algum tipo de certificação de entidades aprovadas pela CVM. A boa aceitação do fundo pelo público a que se destina, basicamente pessoas físicas de média e alta renda, surpreendeu o gestor da Vitreo, Patrick O’Grady. “Nós achávamos que o fundo, com esse nome, iria encontrar muito mais resistência por parte do investidor, não esperávamos uma aceitação tão rápida”, diz.
Segundo ele, como o fundo foi registrado na classe de investimento no exterior, pelo menos dois terços dos seus ativos devem estar fora do Brasil. De acordo com O’Grady, hoje 100% dos papéis comprados estão fora do Brasil, basicamente em duas bolsas de valores dos Estados Unidos (Nyse e Nasdaq) e duas do Canadá (TSX e TSXV), que somadas listam cerca de 100 empresas do segmento de canabidiol. O’Grady não revela em quantas ou em quais investe, apenas confirma que pertencem à área farmacêutica, a principal mas não a única do segmento da cannabis, que abrange também negócios nas áreas de cosméticos, gastronomia e bebidas, roupas (cânhamo) etc.
Segundo levantamento feito pelo Banco de Montreal, uma vetusta casa financeira do Canadá, o segmento de cannabis movimentou no mundo cerca de US$ 18 bilhões no ano passado, devendo chegar a US$ 194 bilhões em 2026. Apenas nos Estados Unidos, de acordo com a consultoria especializada Brightfield Group, os negócios ligados aos derivados da cannabis devem movimentar US$ 5,7 bilhões neste ano e alcançar até US$ 22 bilhões em 2022.
Apesar da velocidade com que captou os primeiros R$ 20 milhões, em apenas uma semana após o lançamento, o Canabidiol FIA IE não tem uma meta de captação elevada. Ele deve permanecer aberto até os R$ 100 milhões, quando deverá fechar para captação para avaliar se a estratégia inicial se mantém ou deve ser adaptada ao novo volume de recursos. A partir dessa avaliação a gestora poderá reabrir o fundo ou lançar um novo, explica O’Grady. O fundo é custodiado pelo Santander Securities Service, possui carência de 32 dias para resgate, cobra 1,5% de taxa de administração e mais 20% de performance sobre o que exceder o índice S&P500 (em reais).

Previdenciários – A Vitreo, hoje com R$ 2,6 bilhões sob gestão, foi criada há cerca de um ano como uma casa especializada na seleção de gestores, alocando nos melhores fundos das casas selecionadas. Foi assim que nasceu a sua primeira família de fundos, um conjunto de quatro fund of funds (fof) previdenciários que surfaram na onda da incerteza das pessoas no ano passado em relação à reforma da previdência. O primeiro fundo dessa família, um fof balanceado incluía estratégias de renda fixa, renda variável e multimercados, e alcançou a marca de R$ 1 bilhão com seis meses de captação, quando fechou para aplicações. Tem rentabilidade acumulada no ano de 10,33% até 4 de novembro.
Com o fechamento desse fof foi criado um novo, com igual balanceamento, denominado Superprevidência 2 que passou a compor, juntamente com dois outros fofs, um mais conservador de renda fixa e outro mais agressivo de renda variável, a nova família previdenciária. Todos têm menos de seis meses de histórico, razão pela qual não podem divulgar suas rentabilidades. Em termos de Patrimônio Líquido (PL), o Superprevidência 2 tem R$ 80 milhões, o previdenciário conservador tem R$ 2 milhões e o previdenciário agressivo pouco mais de R$ 20 milhões.
Fora da área previdenciária a casa montou outro fof, também balanceado, com a inclusão de cotas de fundos de 15 gestores independentes. Segundo O’Grady, esse fundo mantém 15% dos recursos em fundos de crédito privado, 22,5% em fundos de renda variável, 40% em multimercados, 10% em caixa e 7,5% em proteções (câmbio, dólar, investimentos no exterior). O fundo possui PL de R$ 550 milhões e, como também tem menos de seis meses de cotas, não pode divulgar a rentabilidade.
Além dos fofs a casa tem dados os primeiros passos na gestão de ativos propriamente dita. Antes do canabidiol, a gestora montou em julho deste ano um multimercado que compra e vende posições de acordo com as recomendações da Empiricus, uma casa de análise, atingindo já um PL de R$ 600 milhões. Lançou também um segundo multimercado, de R$ 17 milhões, e um fundo de ações (blue chip + small caps) de R$ 40 milhões. E há um mês estreou um fundo que investe em ouro, voltada a clientes que buscam diversificação, com um PL que já chega aos R$ 43 milhões.

Equipe – Embora com apenas um ano de existência, a Vitreo possui uma equipe bastante experiente. O’Grady tem cerca de 25 anos de mercado, tendo trabalhado antes no Pactual, Polux e XP Investimentos. Os outros sócios são George Wachsmann, também com 25 anos de mercado e ex-gestor da GPS Investimentos; Everson Ramos, 20 anos de mercado e passagens pelo Citibank, Unibanco e BankBoston; Ilana Bobrow, 12 anos de mercado e passagens pelo Credit Suisse, Goldman Sachs e XP Investimentos; Paulo Lemann, sócio da Vitreo e atual CEO da Polux; e Alexandre Aoude, sócio da Vitreo e CEO da Vectis Capital.
Segundo O’Grady, a direção da asset está animada com as perspectivas para o mercado. Após a reforma da previdência, que jogou água no moinho dos seus fundos previdenciários, agora é a tendência de queda na taxa de juros que tem ajudado a trazer novos investidores para seus fundos, principalmente para aqueles produtos que contam com um apelo diferenciado, como o fundo que espelha as recomendações da Empiricus, o fundo de ouro e agora o fundo canabidiol.

Consumo da cannabis
País Legalizado Descriminalizado
 para uso pessoal
Liberado p/uso
terapêutico
Alemanha   x x
Argentina   x x
Australia   x x
Austria     x
Belgica   x  
Bolívia   x  
Brasil     x
Canadá x    
Chile   x  
Colômbia   x x
Croácia     x
Equador   x  
Eslovênia     x
Espanha   x  
Estados Unidos   x x
Finlândia     x
França   x  
Georgia   x  
Grã-Bretanha     x
Grécia     x
Holanda   x x
Itália     x
Jamaica   x x
México   x x
Paraguai     x
Perú     x
Polônia     x
Portugal   x  
Romênia     x
Uruguai x    
Fonte: Pesquisa Investidor Institucional