Fechar para preservar o foco | Oceana considera a possibilidade d...

Edição 362

Com R$ 10 bilhões em ativos sob gestão, a Oceana fecha o ano de 2023 com um crescimento de 33% em relação ao final de 2022, quando seus três fundos de ações acumulavam um patrimônio de R$ 7,52 bilhões. Em 31 de novembro último o FIA Valor 30 tinha R$ R$ 2,98 bilhões de patrimônio, o Long Biased R$ 4,10 bilhões e o Selection R$ 2,74 bilhões. “Considerando a liquidez do mercado de ações no Brasil, não é prudente passarmos muito desses patamares”, afirma o sócio e diretor comercial da gestora, Daniel Tavares. “Estamos considerando fechar esses fundos para novos aportes caso o patrimônio sob gestão continue a crescer”.
Segundo ele, embora a asset tenha sofrido o impacto das altas taxas de juros que sugou recursos da renda variável para a renda fixa nos anos de 2022 e 2023, sofreu menos que a concorrência. Dados da indústria compilados pela Anbima, a associação que reúne os gestores de fundos de investimentos, mostra que os fundos de ações sofreram resgates líquidos R$ 70,5 bilhões em 2022, enquanto os multimercados perderam R$ 87,6 bilhões no mesmo ano. “A Oceana sofreu bem menos em 2022 e já em 2023 voltou a crescer”, diz Tavares.
A principal explicação para isso é que os fundos da gestora estavam fechados desde 2019, antes da pandemia, o que permitiu que atravessassem os anos da pandemia e da alta de juros —que começou em março de 2021 mas só se tornou atrativa aos investidores a partir de 2022— com menos turbulências. Segundo Tavares, “não captamos dinheiro novo nesse período, apenas para substituir eventuais resgates”.
Por conta disso, a base de cotistas dos seus fundos era formada basicamente por investidores que estavam com a asset há bastante tempo. “Eles já compreendiam bem a nossa filosofia de investimentos”, explica o diretor da asset. “Isso provavelmente trouxe conforto para esses investidores nos momentos de turbulência”.

Institucionais – De acordo com o ranking Top Asset da Investidor Institucional, os fundos de pensão são os principais investidores da asset, com uma participação de 35,8% em 30 de junho deste ano. Além deles, outros 33,40% do volume sob gestão eram concentrados em fundos de investimentos e 24,70% em clientes private. “Buscamos clientes alinhados com a nossa filosofia de investimento, de preservação do capital”, diz Tavares. “Após uma perda de 40%, um fundo precisa obter um retorno de 67% apenas para recuperar o capital inicial aplicado”.
A rentabilidade dos fundos da asset superavam o Ibovespa no período de 12 meses encerrado em 31 de novembro. O FIA Valor 30 rendeu 18,86% no período, o Long Biased 19,61% e o Selection 17,69%, contra o Ibovespa que ficou em 14,81% nos mesmos 12 meses. Em 24 meses renderam 34,95%, 31,16% e 27,97%, respectivamente, contra um Ibovespa de 23,85% no período. “Somos uma gestora mono-estratégia, com todos os fundos geridos com base na mesma carteira core”, explica Tavares.

Acertos e erros – Segundo ele, entre os principais acertos da carteira da Oceana estão ações das empresas Equatorial e Aliansce Sonae, a primeira no portfólio há mais de uma década. Ele explica que a asset investiu na Equatorial quando seu valor de mercado era próximo a R$ 1 bilhão, e hoje ultrapassa R$ 36 bilhões. “O sucesso da Equatorial deve-se à eficiente alocação de capital, liderança qualificada, e expertise em operações complexas. A empresa realizou aquisições estratégicas e eficientes de distribuidoras, como a Cemar e a Celpa, e expandiu sua atuação para as áreas de saneamento e energia renovável”, explica Tavares.
Em relação à Aliansce Sonae, ele conta que a empresa efetuou movimentos acertados de alocação de capital nos últimos cinco anos. “Após a fusão com a Sonae, em 2019, a Aliansce Sonae aproveitou condições de mercado favoráveis para desalavancar o balanço e preparar-se para futuras consolidações. Na crise da Covid-19 comprou ações a preços deprimidos e em 2022 realizou uma fusão com a BrMalls, seguida de desinvestimentos estratégicos, criando uma empresa com um portfólio de shoppings mais resiliente e sinergias significativas”, pontua o diretor da Oceana.
Mas nem tudo são comemorações na carteira da Oceana. Um investimento feito na Vibra foi colocado na categoria de “desafios”, uma vez que a empresa, ao adquirir a plataforma de energia renovável Comerc, perdeu alguns dos seus atrativos como o fluxo de caixa previsível e os dividendos robustos. “Ela comprometeu-se com a transição energética, mas a velocidade e o retorno dessa mudança são questionáveis”, destacou Tavares.