Fator internacionaliza gestora | A diretora Roseli Machado vai em...

CARVALHO E ROSELI: meta de ambos é diversificar grade de produtosEdição 239

 

Enquanto no exterior gestores de fundos contam com estratégias de investimento que permitem forte diversificação de carteiras e criação de valor, independente do patamar das taxas de juros, aqui no Brasil a oferta de produtos com diferentes correlações, nível de liquidez e elevados retorno ainda é tímida. De olho nesta oportunidade, a Fator Administração de Recursos (FAR) completa 15 anos colocando em prática uma ideia acalentada internamente há pouco mais de um ano: criar uma família de fundos exclusivamente com ativos no exterior e foco no investidor institucional. Serão opções de investimento em ativos internacionais, mas com cotas negociadas em reais, custodiadas por um banco local (Itaú) e reguladas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Hoje, a FAR conta com R$ 6 bilhões em ativos e 90 clientes institucionais ativos.

Para implementar a estratégia, Roseli Machado, diretora da FAR prepara sua mudança. Em julho, desembarca em Nova York com os filhos de oito e 12 anos e o marido, que trabalha em uma empresa de tecnologia e conseguiu transferência para acompanhar a esposa. Roseli vai atuar no escritório que a instituição mantém desde 2005 em Nova York, onde atuam seis profissionais para as áreas de corretagem, distribuição, compliance e risco. “Não foi qualquer surpresa. Sabíamos que, quando colocássemos em prática o projeto, eu iria estar à frente”, conta. Para o banco, ninguém mais talhado para o cargo. Roseli montou a área de administração de recursos da Fator quando chegou à gestora do banco em 1997, vinda da Brazil Equity, uma family office onde atuou por seis anos.

Neste período, a executiva liderou o lançamento de famílias de fundos badaladas por institucionais, como Sinergia, Prisma, Absoluto, dentre outros, e o patrimônio administrado atingiu a cifra de R$ 6 bilhões. Atualmente, 65% dos recursos geridos pela FAR são de institucionais. “Essas fundações terão necessidade de diversificação crescente para atingir suas metas atuariais”, opina. Mas é claro que só faz sentido buscar mais risco no exterior se os recursos não forem direcionados para opções, prazos ou volatidades já disponíveis no mercado interno. “Lá fora, há anos os gestores contam com estratégias de investimento que permitem gerar retornos independente do patamar dos juros. Aqui, as fundações terão que aprender a gerar retornos sem essa muleta. É preciso novos ativos, como outras moedas, cestas de ações diferenciadas e outras commodities que reduzam a correlação dos investimentos e, dessa forma, obtenham rentabilidade com o risco ponderado”, afirma.

Geração de rentabilidade – Nessa nova empreitada, Roseli será a principal executiva na gestão da nova estratégia de investimentos, também participando diretamente das decisões de investimento em renda variável dos fundos no Brasil. No exterior, ela irá prospectar e avaliar produtos que farão parte da carteira dos novos fundos e até mesmo dos atuais. Roseli vai compartilhar com Damont Carvalho, diretor de renda fixa da FAR, a gestão dos fundos da FAR. Ele manterá o foco em renda fixa e derivativos e ambos vão se reportar aos comitês de investimento da gestora, como ocorre atualmente. Carvalho está há sete anos na FAR, atuou no desenvolvimento dos produtos de renda fixa da gestora e ajudou a instituição a montar a atual grade de produtos. “ A ideia de diversificar a grade, buscar geração de alfa. A crise gera oportunidades e atualmente já passamos 80% do nosso tempo analisando o cenário internacional”, revela o diretor.

 

Segundo ele, as pesquisas internas e externas conduzidas pela instituição e por consultorias mostram que a iniciativa da FAR terá uma resposta positiva em relação ao mercado. “Com alguns ajustes na regulamentação, já que algumas fundações encontram dificuldades em classificar o investimento no exterior, teremos uma avanço na busca por novos ativos. Não seremos um estrangeiro que traz um produto massificado. Sabemos o que nossos clientes aguentam em termo de risco, quais são suas estratégias e necessidades”, afirma Carvalho. O executivo, que conta com 17 anos de experiência no mercado financeiro, atuou no Chase JP Morgan e ABN, e está há sete anos na FAR, com foco nos institucionais. “Completamos uma grade com fundos de maior risco e híbridos capazes de bater a meta atuarial das fundações”, diz. Segundo ele, a meta da FAR é ambiciosa. “Contamos com 47 profissionais na asset brasileira. Queremos atingir o mesmo porte nos EUA.”