Edição 246
O ano de 2013 começou agitado na Fator Administração de Recursos (FAR). Como não bastasse a promoção da diretora da área de gestão de renda variável Patrícia Stierli para o comando da asset, no lugar de Damont Carvalho – que foi para a Claritas no final do ano passado – outro fato movimentou a casa. É que a gestora decidiu incorporar uma pequena asset, a Lótus Investimentos, que é especializada em sistemas quantitativos capazes de gerar algorítimos para auxiliar na alocação de ativos. O acordo inclui a incorporação de dois fundos multimercados e a equipe de três profissionais da asset. Com isso, o fundador da Lótus, Marcos Paolozzi, assume a direção da área de gestão de renda fixa e multimercados da Fator.
Além de reforçar a grade de produtos multimercados, com a chegada de dois fundos que eram da Lótus – o Dinâmico e o Quanti – a Fator traz também uma equipe especializada em sistemas quantitativos de gestão. É uma equipe enxuta comandada por Paolozzi, que conta também com a presença de um matemático-estatístico e outro profissional de tecnologia da informação (TI). O gestor, na verdade, é um antigo parceiro do Fator, que vinha colaborando com o comitê de investimentos da asset há vários anos, mas que nunca havia se integrado ao quadro interno. Com a saída de Damont Carvalho, que além de comandar a asset também era responsável pela renda fixa da FAR, surgiu a brecha para a entrada de Paolozzi.
“Venho colaborando desde a década de 90 com o Fator e sempre admirei sua filosofia de gestão baseada na análise fundamentalista e macroeconômica”, diz Marcos Paolozzi. Ele acredita que seus sistemas quantitativos vão se complementar com a expertise e a capacidade de análise de empresas da FAR com o objetivo de otimizar sua gestão dos fundos. De imediato, o gestor vai cuidar da grade de multimercados, formado por oito fundos – já contando com os dois incorporados recentemente.
O gestor espera alcançar o objetivo com o melhor desempenho dos multimercados, a partir da utilização da alocação baseada na geração de algorítimos nos mercados de câmbio, renda variável (Brasil e exterior) e renda fixa. “É um sistema capaz de gerar algoritmos, que nada mais são que um conjunto de instruções tomado a partir de uma análise dos padrões dos mercados”, explica Paolozzi. Os sistemas quantitativos são comuns em mercados mais desenvolvidos como nos EUA, onde as bolsas estão melhor preparadas para abastecer as assets com grande volume de dados sobre as negociações dos ativos. No Brasil, são poucos os gestores que utilizam tais sistemas, até porque a bolsa não tem uma interface automatizada específica para esta finalidade.
Outra mudança importante dos multimercados da Fator é a abertura de um limite de até 20% para aplicar em ativos no exterior. “Aumentamos nossa grade de multimercados e estamos abrindo novos books e mercados para os fundos que já tínhamos”, diz Patrícia Stierli.
Metas – Com um patrimônio sob gestão de R$ 6,3 bilhões (fevereiro de 2013), a FAR tem a meta de crescer mais R$ 1,2 bilhão até final de 2013. No segmento de multimercados, o objetivo da asset é dobrar o tamanho do patrimônio sob gestão, que atualmente gira em torno de R$ 200 milhões. Com isso, a área de multimercados deve ganhar importância, aproximando dos fundos de renda variável e de governança da asset. Estes últimos são conhecidos como a família de fundos fechados Sinergia, que já está em sua quinta edição, que somam recursos da ordem de R$ 850 milhões. O Sinergia 5 está aberto para captação e soma R$ 125 milhões de patrimônio atualmente.
“Os fundos de governança e a renda variável são nosso carro-chefe, mas queremos também crescer com os multimercados. Também estamos preparando fundos de crédito”, diz Patrícia. As carteiras administradas e fundos exclusivos são outro produto da FAR que conta com alto volume de recursos de institucionais. Atualmente são R$ 1,8 bilhão nestes veículos.
Focada em investidores fundos de pensão, que são responsáveis por cerca de 70% dos ativos sob gestão da FAR, a asset pretende continuar crescendo neste segmento, mas sabe que é necessário diversificar o leque de opções. “Os institucionais estão buscando uma gestão mais ativa de renda variável e multimercados e acredito que em breve vão começar a investir no exterior”, diz Fernando José, diretor de produtos da FAR. Ele revela que em breve a asset vai começar a oferecer o fundo global do Fator, que conta com a gestão de Roseli Machado, para o mercado de institucionais.