ETFs para fundações de todos os tamanhos | Gestora cria fundos q...

Edição 231

 

Os fundos de pensão estão despontando como grandes investidores em ETFs – Exchange Traded Funds, ou fundos de índice. Prova disso é que ao menos 15 fundações passaram a aplicar em iShares (os ETFs da BlackRock) ao longo de 2011. Hoje, as entidades fechadas de previdência complementar são responsáveis por mais de 40% do patrimônio líquido dos iShares, cujo total gira em torno de R$ 1 bilhão. “O produto é visto cada vez mais como atraente pelas fundações”, constata Luiz Felipe Andrade, managing director da BlackRock no Brasil.
O executivo detalha que as fundações têm feito diversos usos dos ETFs em suas carteiras. Algumas delas trocam uma parte passiva do portfólio pelos fundos de índices, enquanto outras, em geral as maiores, alugam os ETFs para obter um retorno adicional. “Há ainda quem use os ETFs de maneira tática, mas nunca no curto prazo. Pelo próprio perfil das fundações, até a alocação tática é um pouco mais longa”, ressalva o executivo. Ele explica que, nesse caso, as entidades alternam posições em diferentes iShares (principalmente Bova11 e Smal11) de acordo com a variação dos preços no mercado. “Mas as posições costumam se manter por uns dois ou três meses. As fundações não ficam entrando e saindo todo dia”, reforça Andrade.
Mesmo com a participação cada vez mais relevante dos fundos de pensão nesse mercado, os ETFs ainda não são acessados por boa parte das entidades brasileiras. Um dos motivos para isso é que diversas fundações não fazem a gestão dentro de casa, por meio de carteira própria. “As entidades que terceirizam toda a gestão acabam não tendo acesso aos ETFs. Isso nos levou a criar fundos que compram 100% de seu patrimônio em iShares. Assim, conseguimos levar o produto a quem não pode adquirí-lo diretamente”, explica o executivo. Os regimes próprios de previdência social (RPPS) também são um público potencial para os produtos.
Os dois fundos lançados pela BlackRock em setembro último são o Institucional Ibovespa Fia e o Small Caps Institucional Fia. Luiz Felipe Andrade faz questão de ressaltar que os fundos têm um custo adicional baixíssimo em relação aos ETFs que os compõem. No caso do BlackRock Institucional Ibovespa Fia, a taxa de administração máxima é de 0,56% ao ano e, no BlackRock Small Caps Institucional Fia, a taxa máxima é de 0,71% ao ano. Na comparação com o investimento direto nos ETFs correspondentes, o aumento na taxa de administração é de apenas 0,02 ponto percentual.
Andrade afirma que os Fias são apenas mais um canal para ampliar a penetração dos ETFs no mercado de fundos de pensão. Perguntando sobre a existência de uma meta de captação para os dois fundos, ele limita-se a responder que “a BlackRock tem metas agressivas de captação para os ETFs como um todo”.

Small caps conquistam território

Para Andrade, o Smal11 é um ETF que por si só já consiste em um ativo extremamente interessante para os fundos de pensão. “É muito difícil os fundos ativos baterem benchmarks em small caps. Além disso, os ETFs apresentam como vantagem uma liquidez muito maior do que a dos fundos de small caps, dadas suas características de aplicação e resgate”, compara o executivo. Ele aponta ainda que, dada a composição do Ibovespa e do IBrX, faz todo o sentido o investidor se expor a small caps no Brasil. “Quem só está em Ibovespa ou IBrX não está exposto o suficiente à economia doméstica, que está pouco representada nos índices”, opina. Andrade recorda que tanto o Ibovespa quanto o IBrX são bastante concentrados em ações dos setores de commodities e grandes bancos. Essa concentração, diz ele, impede que o investidor capture ganhos relacionados à história de crescimento do Brasil.
A consciência em torno dessa questão já pode ser verificada diante da adoção, por algumas fundações, de benchmarks mistos para as carteiras de renda variável, incorporando parâmetros de small caps. “Já vemos consultorias recomendando que seus clientes dediquem uma parcela de seus benchmarks a small caps. Pode até não ser de uma maneira formalizada, mas na prática alguns fundos de pensão já começam a observar small caps em seus parâmetros de rentabilidade”, sinaliza o executivo.