Em busca do risco | Com títulos públicos pagando taxas insuficien...

Edição 298

 

A área de clientes institucionais do Itaú, com uma dúzia de profissionais voltados ao atendimento de fundos de pensão, seguradoras, assets e corretoras de valores, sabe que tem um grande desafio pela frente a partir do ano que vem: buscar alfa em ativos de risco para entregar a esses clientes, que até o início do ano estavam sentados em cima de NTN-Bs de longo prazo, ganhando juros excelentes e se preocupando bem pouco em diversificar os portfólios.
Com a queda da taxa de juros, que finalmente esses clientes sentiram ser uma tendência que veio para ficar, eles começaram a se mexer em busca de alfa e a área de institucionais do Itaú já percebe essa movimentação. “Eu, pessoalmente, visitei cinco fundações nessas últimas semanas, todas com meta atuarial de 5,70% acima da inflação”, conta o diretor responsável pela área, Cesar Ming. De acordo com ele, “não existe hoje NTN-Bs pagando taxas nesse patamar, para obter essa rentabilidade elas vão ter que diversificar os investimentos”.
Ming conta que cerca de dois terços dos ativos das fundações visitadas por ele estavam aplicados em renda fixa, e mais da metade em NTN-Bs. Mas, segundo o executivo do Itaú, os dirigentes dessas entidades já sentiram que esse perfil de alocação tem que mudar. “Eles percebem que o perfil da carteira de investimentos tem que evoluir para conseguir alcançar o atuarial deles”, analisa. Segundo Ming, a mudança para incorporar mais risco nas carteiras acontecerá de forma gradual entre os institucionais, primeiramente com produtos indexados ao Ibovespa e ETFs e gradativamente avançando em direção a produtos mais especializados como small caps, fundos imobiliários e fundos de participações (Fips).
Outra área que tende a crescer, segundo Ming, é a de investimentos no exterior, sendo que muitas fundações já estão deixando um limite contemplado para essa estratégia em suas políticas de investimento. Mesmo quem não está com planos para alocar fora do País no momento, preventivamente já está prevendo um limite para essa estratégia na política de investimentos.

Terceirização – De acordo com o diretor de institucionais do Itaú, essa necessidade das fundações de gerar alfa nas carteiras deve promover um novo ciclo de terceirização da atividade de gestão, algo que não se mostrava tão importante quando mais da metade dos ativos estavam alocados em NTN-Bs e muitas fundações alocavam por conta própria. Mas com a necessidade de diversificar, tendo que olhar para um leque de estratégias diversas e especializadas, a gestão própria fica limitada e a terceirizada tende a aumentar. “Poucas fundações contam hoje com equipes especializadas em renda variável e estruturados, e a inclusão dessas estratégias nos portfólios vai demandar um novo tipo de profissional”, diz Ming. “São profissionais que elas não tem, que estão nas assets ou nas grandes fundações”.
De acordo com ele, de olho nessa necessidade de diversificação por parte das fundações é que a asset do itaú está apostando no Itaú Solutions, uma estratégia que consiste na montagem de Fundos de Investimentos em Cotas (FIC) específicos para atender as políticas de investimento de diferentes fundações. Em um mesmo FIC poderão ser reunidas todas, ou pelo menos as principais, estratégias de investimento dessa fundação. Como as cotas são de fundos do próprio Itaú, além de permitir uma diversificação de estratégias o Itaú Solutions fará isso com um custo menor, justifica Ming.
Mesmo para aplicações mais conservadoras, como renda fixa longa, o Multisolution permite alocações inteligentes diversificando a carteira em vários vértices. “Os vértices são sempre passivos, o cérebro está nas alocações”, justifica o executivo.

Equipe – Com dois anos à frente da área de institucionais do Itaú, Cesar Ming comanda uma equipe de 11 profissionais, dos quais 9 são gerentes de relacionamento sênior com foco em clientes institucionais. Além de gestão de fundos, sua área também oferece custódia e administração de fundos e produtos de corretoras. Vindo do Itaú BBA, onde estava desde meados de 2011, esteve anteriormente no HSBC por três anos cuidando de operações com instituições financeiras, e no Citibank por oito anos, onde cuidava da mesma área.