Edição 248
Para alguns funcionários de assets norte-americanas, o bombardeio que ocorreu durante a maratona de Boston no dia 15 de abril deste ano não foi apenas mais uma tragédia fruto de terrorismo. O acontecimento marcou suas vidas. Na corrida, em casa ou no trabalho, gestores de recursos passaram por momentos angustiantes em uma das regiões que possui forte concentração de escritórios de empresas de asset e investidores institucionais. Boston é uma cidade que complementa o principal centro financeiro do país, localizado na ilha de Manhattan.
No local, enquanto aqueles que estavam perto das bombas buscavam suspeitos, outras pessoas se focaram em ajudar sobreviventes, especialmente pessoas mutiladas que estão enfrentando uma longa recuperação. “Eu estava perto o bastante para ouvir, ver e sentir as explosões”, diz a diretora de serviços para clientes institucionais na Eaton Vance, Susan Brengle, que estava a 160 metros da linha de chegada da prova quando a primeira bomba explodiu. “Foi extremamente alto.”
Susan, que corria sua quarta maratona na cidade, tinha acabado de ver o marido e dois filhos adolescentes. Ela havia passado a marca de 41 quilômetros percorridos. “Eu vi a linha de chegada na minha frente quando ouvi o primeiro estrondo”, conta. “Depois de cerca de 10 segundos ouvi a segunda explosão. Eu estava correndo com as pessoas e elas se perguntavam se o barulho era de fogos de artifício”. A executiva afirma que seu primeiro pensamento não foi em uma bomba, mas quando ouviu a segunda explosão pensou que o alvo havia sido o metrô.
“Os policiais estavam por toda parte, não havia ambulâncias e as pessoas eram atendidas de todas as maneiras. Minha percepção era de que alguma coisa muito ruim tinha acontecido e que haveria muitas perdas”. Susan só reencontrou sua família 40 minutos depois da confusão.
Você está bem? – Cinco quarteirões. Esta era a distância que estava o vice-presidente sênior e diretor de desenvolvimento de negócios da Acadian Asset Management, Ted Noon. Ele estava almoçando com sua esposa e filho após completar sua primeira maratona em Boston pouco mais de 3 horas, quando ocorreram as explosões, que nem chegaram a ser ouvidas pela família. “Peguei minha medalha e fomos comer no nosso apartamento, em seguida, meu irmão ligou e perguntou se estávamos bem”, conta Noon. “Tivemos muita sorte”, completa.
O diretor detalha que outros três corredores de Acadian participaram da corrida. Dois completaram a prova e outro foi parado pela polícia após a primeira explosão. “Meu colega ficou aliviado por ter sido tão lento”, diz. Noon não quis ir ao local após as explosões.
Perseguição – Após o ataque, o nível de armamento usado pela polícia local aumentou muito, com a presença da Guarda Nacional americana e muitos carros blindados. A segurança foi reforçada em todos os bairros. A comunidade médica e muitos voluntários foram incrivelmente organizados no atendimento aos feridos.
Em 19 de abril, um suspeito foi encontrado escondido em um barco em um quintal no subúrbio de Watertown, cerca de 300 metros da casa do diretor de investimentos e diretor de pesquisa da Investors, Shanta Puchtler. “Foi um dia louco”, diz Puchtler, cuja residência também fica a um quilômetro do tiroteio da noite anterior entre os dois irmãos acusados do crime da maratona e policiais.
Apesar da polícia ter enviado chamadas para todos os telefones fixos para alertar e orientar que os moradores permanecessem em suas casas, Puchtler, que não tem um telefone fixo, só soube do alerta por meio de um amigo que telefonou para ele às 4h30 da madrugada. Neste dia, uma multidão de pessoas tomou três quarteirões próximos as ruas bloqueadas pela polícia. O clima foi de agitação quando o suspeito foi capturado.
Mas não foi só o medo que tomou conta das pessoas que estavam próximas do atentado de Boston. Também há diversos casos de atuação de voluntários que ajudaram as vítimas e de organizações que continuam trabalhando para auxiliar as vítimas. Um exemplo é o dos funcionários de uma organização sem fins lucrativos, a Mead Welles, de Nova York, que ajuda as pessoas com lesões físicas graves. Eles estão ajudando a coletar fundos de caridade em Boston em benefício das vítimas das explosões, afirma o diretor da Infineon Capital Management e também co-fundador e presidente da entidade.