Edição 232
O período em que a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) vigorou, entre 1997 e 2007, coincidiu com a ascensão e consolidação dos fundos exclusivos como principal veículo de investimento das fundações. As carteiras administradas, os fundos abertos e a gestão interna perderam espaço em virtude da incidência da taxa de 0,38% que comia boa parte dos rendimentos das aplicações. Com o fim da CPMF em 2007, começou uma nova etapa que, apesar de não derrubar os fundos exclusivos, abriu uma maior diversificação de veículos. Os fundos de pensão começaram a reavaliar as taxas de administração, o que os levou a redirecionar parte das aplicações para fundos não exclusivos.
“Após a queda da CPMF, verificamos um questionamento cada vez maior por parte das fundações sobre a vantagem, sob o ponto de vista dos custos, de se manter os fundos exclusivos, ainda mais se eles não adotam na prática estratégias ativas de gestão”, diz Raphael Santoro, consultor senior de investimentos da Mercer. Por isso, o especialista percebe que muitas entidades estão dando preferência para fundos não exclusivos e uma pequena parte voltou a adotar carteiras administradas, neste caso, geralmente para estratégias passivas. “O fim da CPMF representou o fim do reinado dos fundos exclusivos, ainda que muitas fundações ainda continuem com esse veículo”, afirma.
A desvantagem das carteiras administradas é a dificuldade para a adoção de algumas estratégias em que se necessita maior volume de recursos. “As carteiras administradas são mais complicadas para estratégias de renda variável, quando volumes menores dificultam a gestão para seguir os índices”, explica o consultor da Mercer. Já o problema dos fundos exclusivos é o custo fixo gerado por taxas de serviços de custódia ou pagas junto à Comissão de Valores Mobiliários, Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e outros, além das taxas de administração.
FIC – Outro fator que impulsiona os gestores de fundos de pensão para os fundos abertos é a necessidade de buscar maiores ganhos nas carteiras, em virtude da queda das taxas de juros da renda fixa tradicional. Isso faz com que os fundos de pensão direcionem parte dos recursos para produtos diferenciados, tais como private equity. “As fundações estão buscando cada vez mais os fundos estruturados, que não são exclusivos”, aponta Santoro. Ele ressalva, porém, que uma modalidade de fundo exclusivo ainda continua com forte apelo para as fundações: o FIC – Fundo de Investimentos em Cotas.
Outro fator que impulsiona os gestores de fundos de pensão para os fundos abertos é a necessidade de buscar maiores ganhos nas carteiras, em virtude da queda das taxas de juros da renda fixa tradicional. Isso faz com que os fundos de pensão direcionem parte dos recursos para produtos diferenciados, tais como private equity. “As fundações estão buscando cada vez mais os fundos estruturados, que não são exclusivos”, aponta Santoro. Ele ressalva, porém, que uma modalidade de fundo exclusivo ainda continua com forte apelo para as fundações: o FIC – Fundo de Investimentos em Cotas.
O FIC tem a vantagem de permitir a aquisição de cotas de outros fundos abertos, além de contar com publicação de informações na CVM. “É um fundo de fundos que permite a adoção de estratégias mais complexas, além de melhor acompanhamento e transparência”, comenta Fernando Lifsic, da FRP Consult. Uma das vantagens é a possibilidade de busca de ganhos diferenciados por meio da aplicação em fundos multimercados e de renda variável, ao mesmo tempo que se pode também buscar estratégias para seguir um determinado benchmark.
Apesar de cair no problema dos custos mais altos originados pela soma dos gastos fixos e das taxas de administração, os FICs são veículos de que muitos fundos de pensão não abrem mão em virtude da versatilidade na seleção e giro de aplicações entre os fundos do mercado. Outra estratégia que algumas entidades fechadas que possuem mais de um plano de benefícios é a abertura de FICs diferenciados para cada um deles.
Para o superintendente de investidores institucionais do Itaú, Flávio Pires, a opção pelos fundos exclusivos permanece para muitos fundos de pensão, mesmo após a queda da CPMF. “É uma tendência que foi impulsionada pela CPMF, mas que continua com muitos de nossos clientes institucionais e corporate”, diz. Apesar disso, ele percebe um movimento mais recente de busca por fundos abertos que possam gerar maior valor agregado para os rendimentos das fundações.
“Nos últimos seis meses percebemos que algumas fundações estão buscando fundos abertos que possam gerar mais alfa, geralmente multimercados e renda variável diferenciados”, comenta Pires. Outro caso que está levando os fundos de pensão a aplicar em fundos abertos é o da gestão de recursos de fluxo de caixa de curto prazo. As fundações avaliam que é mais fácil aplicar em fundos abertos que oferecem mais liquidez e custos atrativos.