Disputa pela liderança | Com pequena margem, Itaú Asset assume li...

Tatiana Grecco, da Itaú AssetBruno Stein, da BlackRockEdição 256

 

Em um ano de dificuldades para a bolsa brasileira e, sobretudo, para o Ibovespa, o mercado de ETFs (Exchange Traded Funds) apresentou mudanças em seu ranking. A Itaú Asset assumiu a liderança, por pequena margem, com maior patrimônio líquido de sua família de fundos do tipo ETF, superando a BlackRock pela primeira vez em um período de 12 meses. Mais que um crescimento de seus fundos, o motivo para a mudança foram os resgates e a própria desvalorização do BOVA11, principal ETF da BlackRock que fechou 2013 com R$ 1,009 bilhão de ativos sob gestão, segundo dados da BM&FBovespa, do final de dezembro de 2013. Já o maior ETF da Itaú Asset, o PIBB11 fechou com R$ 1,18 bilhão no ano passado.
Com isso, os ETFs da Itaú Asset ficaram com 48% do mercado, enquanto a BlackRock ficou com 47%, e a Caixa, com 5%. “O PIBB11 é um fundo que sofreu menos com as dificuldades do Ibovespa no ano passado. Percebemos que tem um público mais fiel, com investidores com visão de maior prazo, por isso, apresenta maior estabilidade”, explica Tatiana Grecco, superintendente de produtos indexados da Itaú Asset Management. O PIBB11 segue o índice IBRX.
Já o BOVA11 teve que enfrentar maior instabilidade, pois é indexado ao Ibovespa, índice que passou por dificuldades em função da queda e da saída das ações da OGX. Com gestão da BlackRock,o ETF já teve patrimônio superior a R$ 2 bilhões, viu seus ativos despencarem para menos de R$ 1 bilhão ao longo de 2013. Mas no final do ano passado, voltou a captar recursos novamente. “É um fundo que seguiu exatamente a trajetória do Ibovespa, por isso, foi um ano difícil, mas teve uma recuperação ainda antes do término de 2013”, diz Bruno Stein, diretor da BlackRock.
O executivo acredita que o BOVA11 deve apresentar boa recuperação em 2014 com a mudança de metodologia do Ibovespa, que começou a valer a partir de janeiro. “O BOVA11 completou cinco anos em novembro passado e se consolidou como um importante instrumento do mercado, tendo passado por vários momentos, de alta, de baixa e de instabilidade como foi em 2013”, diz Stein. Ele acredita que o Ibovespa continua como a principal referência do mercado brasileiro, pois conta com liquidez, mercado futuro e longo histórico. “É o principal índice da bolsa brasileira e agora vai voltar mais forte com as recentes mudanças”, diz o diretor da BlackRock.
Ele explica ainda que a queda do BOVA11 se deve também ao alto nível de aluguel de ações, que chega em alguns momentos a até 100% do fundo. O alto nível de aluguel colabora para que o patrimônio diminua, como foi o caso de 2013. Outros ETFs do mercado não possuem um nível tão alto de aluguel de ações. Além disso, o BOVA11 continua como o ETF mais negociado na BM&FBovespa, tendo se consolidado como ferramenta para alocação de recursos para assets e demais investidores.

Tracking error – A área de fundos indexados da Itaú Asset tem realizado um trabalho que visa a redução do tracking error para o menor nível possível para seus ETFs e demais produtos indexados. O tracking error para os produtos indexados ao IBRX-50, por exemplo, ficou em 0,05% em setembro de 2013 (últimos 12 meses), segundo dados da Anbima – para o IBRX, o índice ficou com 0,06%. São os índices mais baixos do mercado, de acordo com Tatiana Grecco, da Itaú Asset. “É um trabalho que envolve a atividade de trading centralizado, fundamental para gerar mais eficiência para zerar as posições dos ETFs”, diz Tatiana.

A superintendente ressalta também o trabalho integrado da equipe de produtos indexados com o time de pesquisa quantitativa da Itaú Asset, na elaboração de sistemas de algorítimos e modelos mais eficientes de gestão dos fundos.
A Itaú Asset se prepara em 2014 para lançar novos ETFs, alguns deles na nova modalidade de renda fixa, que está em fase de regulamentação pelo mercado. Um projeto mais adiantado é o lançamento do ETF do S&P 500 (índice Standard&Poors), cujo pedido de constituição foi enviado para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em dezembro passado. Se aprovado o pedido, a Itaú Asset pretende lançar o novo ETF ainda no primeiro semestre de 2014, por volta do mês de abril. “É uma opção atrelada ao mercado internacional, com a vantagem que o investidor doméstico não terá que sair do país e nem constituir um fundo local para aproveitar as oportunidades dos mercados internacionais”, explica Tatiana.
Para crescer ainda mais, a Itaú Asset aposta também na evolução de outros ETFs além do PIBB11. É o caso do ISUS11, que acompanha o Índice de Sustentabilidade Empresarial (Ise), que encerrou o ano passado com R$ 46 milhões sob gestão, e do DIVO11. Este ETF acompanha o índice de dividendos e fechou 2013 com R$ 49 milhões sob gestão, mas já foi bem maior, tendo alcançado R$ 80 milhões.
Para distribuir os ETFs, a Itaú Asset destacou recentemente um profissional para ficar focado exclusivamente na comercialização desse tipo de fundo. Fabiano Cintra fica responsável pela distribuição dos ETFs tanto para o segmento institucional quanto para o varejo. Com formação em engenharia, Cintra ingressou no Itaú em 2010 para atuar inicialmente no projeto de internacionalização da asset. Dentro do banco, também teve passagem pelas áreas de desenvolvimento de produtos offshore e distribuição corporate. Anteriormente, a distribuição dos ETFs era dividida entre a própria superintendente da área e a gerência de institucionais.

Mercado chileno – Uma novidade da Itaú Asset em 2013 foi o lançamento do primeiro ETF da Bolsa de Santiago, em outubro do ano passado. A asset tinha vencido uma concorrência em que participaram outras gestoras que atuam no mercado chileno. O nome do produto é o ETF Ipsa, que conta atualmente com cerca de US$ 20 milhões de ativos sob gestão.

A gestora do Itaú entrou no mercado chileno a partir de 2006, com a aquisição do BankBoston, que mantinha uma unidade no país. Desde então, começou a investir em equipe e produtos e atualmente já ocupa a oitava posição no ranking das maiores gestoras do mercado chileno. Recentemente, a gestora do Itaú captou recursos, pela primeira vez, de duas AFPs (Administradoras de Fondos de Pensiones) do Chile.
Uma delas é a maior do mercado, a Provida, que está investindo no ETF Ipsa. As aplicações devem chegar inicialmente a cerca de US$ 6 milhões, acompanhando o limite permitido de 30% do patrimônio do fundo. “Estamos investindo e fortalecendo nossa atuação no mercado chileno. Recentemente conseguimos a captação de recursos de fundos de pensão de lá”, diz Tatiana. Além do ETF, a Itaú Asset oferece outras opções de fundos e gestão de carteiras para os investidores chilenos.