Disputa de gigantes | Maior fundo de investimentos do mundo desde...

Edição 254

O PIMCO Total Return, do gestor Bill Gross, não é mais o maior fundo mútuo de investimento do planeta. O produto encolheu US$ 37,5 bilhões desde o início do ano, e encerrou outubro com US$ 247,9 bilhões em ativos, de acordo com dados da Pacific Investment Management Co. compilados pela Bloomberg. O fundo de índice Vanguard Total Stock Market encerrou o mês passado com US$ 251 bilhões, e ficou em primeiro lugar no ranking.
O PIMCO, que se tornou o maior fundo mútuo de investimento em 2008, está a caminho de registrar o maior resgate de sua história neste ano – foram retirados US$ 28 bilhões até o final de setembro, segundo estimativas da consultoria Morningstar. Os investidores estão migrando seus recursos de fundos tradicionais de renda fixa, em um típico movimento de antecipação à expectativa de que o rally das últimas três décadas no mercado de títulos do governo está terminando, e partindo em busca de fundos de ações, principalmente os fundos de índice, por conta de seu baixo custo.
O fundo da Pimco é um produto de renda fixa que adota uma estratégia ativa, para bater o benchmark. O PIMCO Total Return deixou para trás 56% de seus pares em 2013, e superou 77% deles nos últimos cinco anos, de acordo com dados da Bloomberg. Apesar das perdas, o fundo se mantém entre os maiores produtos de investimentos do planeta.
O fundo Vanguard foi impulsionado neste ano por um retorno de 27% do índice CRSP U.S. Total Market, um benchmark que inclui Bolsas de diferentes mercados. A Vanguard é a maior gestora americana de fundos mútuos de investimento, com cerca de US$ 2,4 trilhões em ativos, e tem apresentado importante crescimento na área de indexados. Os fundos indexados, diz John Woerth, porta-voz responsável pelo fundo Vanguard Total Stock Market, representam 63% dos ativos da Vanguard. Desde o fim de 2008, o fundo de índice Vanguard Total Stock Market já triplicou de tamanho.
“Esse é um fenômeno emblemático da popularidade adquirida pelos fundos de índice”, diz Woerth. O porta-voz do PIMCO, Michael Reid, preferiu não comentar o assunto, assim como Bill Gross.

Cenários – Os investidores começaram a deixar os ‘treasuries americanos’ este ano diante das preocupações de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) irá iniciar a retirada dos estímulos concedidos para recuperar a economia do país, em um movimento que pode ter como reflexo a elevação das taxas de juros, e uma consequente perda no valor de face dos ativos.
O mercado de ações, por outro lado, teve uma boa performance recente, tanto por conta dos resultados corporativos crescentes, como também devido à previsão de que a maior economia do globo irá ganhar tração em 2014.
Os fundos mútuos que atuam na compra de títulos públicos nos Estados Unidos tiveram resgates líquidos de US$ 117 bilhões nos quatro meses encerrados em setembro, enquanto os fundos de ações receberam aportes de US$ 35 bilhões no período, segundo informações do Investment Company Institute.
O mercado esperava o início do “tapering”, como é chamada a retirada dos estímulos, ainda em 2013, conforme vinha sinalizando o ex-presidente do Fed, Ben Bernanke. Já um pouco antes de deixar o posto, o executivo mudou o discurso em relação ao imediatismo do “tapering”, o que foi interpretado pelos analistas de mercado, como um prazo maior antes do início efetivo da retirada dos estímulos. A escolha de Janet Yellen para substituir Bernanke reforçou ainda mais a tese que a mudança da política do Fed deve começar apenas em 2014. Apesar do adiamento, o mercado não acredita que a manutenção da política irá durar muito tempo.