Edição 259
A aquisição bilionária da asset Nuveen pelo Tiaa-Cref , por US$ 6,25 bilhões, não deve ser o único caso de reestruturação de gestores de recursos previsto para os próximos meses. Especialistas da indústria de gestão de investimentos estão prevendo uma onda de negócios de M&A para 2014 e 2015 no mercado americano. “Acredito que haverá uma explosão na atividade de fusões e aquisições nos próximos 12 meses”, diz Ben Phillips , sócio da consultoria Casey Quirk, especializada em negócios de gestão de ativos. O consultor explica que um fator que favorece o aumento dos negócios entre assets é a redução dos preços entre os potenciais compradores e as assets que estão a venda.
Com a aquisição, o gigante Tiaa-Cref deve incorporar uma carteira de cerca de US$ 220 bilhões, que é gerida pela Nuveen, alcançando o patamar de US$ 800 bilhões de ativos sob gestão (Aum). A Nuveen era controlada pelo fundo de private equity Madison Dearborn. O negócio faz com que a asset entre para o ranking dos dez maiores gestores de recursos do mercado dos EUA, no qual fazem parte BlackRock, Vanguard, Fidelity, entre outros. A aquisição é a maior transação do setor de gestão de recursos desde 2009, quando a BlackRock adquiriu o Barclays Global Investors e seus iShares (fundos do tipo Exchange Traded Funds – ETFs) em um negócio avaliado em US$ 13,5 bilhões.
Na mesma semana da venda da Nuveen, uma outra asset menor, a Victory Capital anunciou a aquisição da Murder Capital, por US$ 37 milhões. O negócio conta com recursos do fundo de private equity da asset Crestview. Com a transação, a asset deve incorporar uma carteira de US$ 16,5 bilhões em ativos sob gestão (Aum).
Outro destaque recente foi a compra de participação majoritária da River Road pela AMG (Affiliated Managers Group). A mesma asset comprou também uma participação minoritária na EIG Global Energy. Desde 2008, a pesquisa da Pensions & Investments reportou 10 aquisições de gestores de recursos realizadas pela AMG, que somaram cerca de US$ 100 bilhões.
Apesar das previsões dos especialistas, o ritmo de fusões e aquisições entre assets permanece relativamente estável. Houve um pequeno aumento do número de transações entre o primeiro trimestre de 2014 com relação ao período anterior. Ocorreram 12 negócios no primeiro trimestre do ano contra 9, do último quarto de 2013, segundo dados do centro de pesquisa da publicação americana. Em comparação com o mesmo período do ano passado, porém, houve queda de 55% no número de negócios. No primeiro trimestre de 2013, houve 26 transações.
“Hoje, estamos verificando maior atividade de fusões e aquisições no setor de investimentos alternativos onde os grandes players buscam incorporar expertise em áreas relativamente incomuns”, diz Burton Greenwald , consultor de fundos que trabalha com Franklin Templeton Investimentos. “Essa é uma área especial que está crescendo rapidamente e requer um conhecimento muito específico”, afirma o consultor.
O consultor Ben Phillips também concorda que as empresas especializadas em investimentos alternativos são as que estão verificando maior demanda para aquisições. O especialista explica que os gestores de ativos estão buscando expertise especialmente em crédito privado, investimentos globais e alocação de fundo de fundos.
Russell – Outra asset de renome que está em processo de negociação é a Russell Investments, que é controlada pela seguradora Northwestern Mutual Life. A controladora já rejeitou cerca de 100 potenciais compradores, dizem fontes do mercado. No momento, permanecem no páreo alguns grandes private equities como Blackstone, Bain Capital, Apollo Global e Carlyle. Goldman Sachs e J.P Morgan estão realizando a assessoria para a venda da empresa.
Segundo estimativas de consultores, o negócio deve ser realizado com a venda de US$ 1,5 bilhão em ações mais um financiamento através de debêntures conversíveis para totalizar uma transação de US$ 3 bilhões. Os PEs demonstram forte interesse pela Russell, que tinha ativos sob gestão de US$ 257 bilhões até final de dezembro de 2013. É uma forma de agregar uma empresa de gestão de recursos ao portfólio das companhias.