Bram define estrutura da nova equipe da gestora | Asset do Brades...

Edição 284

 

Com a aprovação da compra do HSBC pelo Bradesco pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), foi dado o sinal verde para o início da reestruturação das duas instituições. No segmento de gestão de recursos, o processo de incorporação tem sido denominado de “nova Bram”, em alusão ao surgimento de uma nova asset, agora reforçada pela equipe da HSBC Gestão de Recursos. A asset do Bradesco agora se aproxima de seu principal concorrente, a Itaú Asset, não só em ativos sob gestão, mas também de expertise da equipe de gestão e atendimento.
Com a incorporação do HSBC, a Bram chega a R$ 562,04 bilhões em ativos sob gestão, sendo R$ 482,96 bilhões da Bram e R$ 79,07 bilhões do HSBC, aproximando-se bastante dos R$ 599,50 bilhões da Itaú Asset (ver tabela na pag. 19). É importante lembrar que a edição do ranking Top Asset não considerou ainda os dados consolidados das duas assets, porque se refere ao fechamento de junho e a incorporação foi formalizada a partir de 1º de julho.
Não é a primeira vez que a asset do Bradesco passa por processo de reestruturação. No final dos anos 90, a gestora fez uma joint venture com a Franklin Templeton. A união deu origem à Bradesco Templeton, que durou até meados dos anos 2000, quando houve a separação dos grupos.
“Estamos chamando o processo de união das equipes de ‘nova Bram’. Temos o foco no reforço das estruturas em várias áreas e segmentos de atuação, pois os times possuem expertises complementares”, diz Vinícius Albernaz, diretor superintendente da Bram. O executivo assumiu a Bram no primeiro semestre de 2016, em substituição a Reinaldo Le Grazie, que foi chamado para integrar a equipe econômica comandada por Ilan Goldfajn no Banco Central. Albernaz está conduzindo o processo de redefinição das principais posições na asset.
O novo diretor de investimentos (CIO) é Ricardo Almeida, que era anteriormente chefe da renda variável da Bram. Guilherme Abbud, que veio do HSBC, fica como chefe da renda fixa e multimercados. Também do HSBC, Renato Ramos é o novo chefe da área de crédito privado, enquanto Luís Guedes, que estava na Bram, fica como chefe da renda variável. “Procuramos a convergência entre as principais fortalezas dos times”, explica Albernaz. A Bram aposta no reforço da equipe de renda fixa com a chegada de Abbud e Ramos, gestores com reconhecimento no mercado de gestão.
Marcelo Toledo, que veio da equipe econômica do Bradesco, é o novo chefe da equipe de pesquisa da Bram. Ele passou a integrar a asset do Bradesco no último mês de maio, em substituição a Fernando Honorato Barbosa, que voltou para o banco. Na área comercial, Alcindo Canto, que era do HSBC, fica como diretor de relacionamento. Em sua equipe, Isabel Paula, também do HSBC, é a nova responsável pelo relacionamento com investidores institucionais, enquanto Flávio Ciolini fica como responsável pelos clientes corporate e demais segmentos do banco.
Com isso, a Bram também espera reforçar o atendimento aos clientes institucionais, com soluções mais customizadas para os fundos de pensão. “Procuramos manter um time de primeira linha para atender os institucionais”, afirma Albernaz. A Bram ocupa atualmente a quinta posição em recursos de clientes fundos de pensão, segundo dados do ranking Top Asset, mas agora deve ficar mais próximo de seus principais concorrentes no segmento, a Santander (terceira) e a Itaú Asset (segunda). A liderança do segmento pertence à BB DTVM.

Preocupações – Uma das preocupações no processo de integração das assets é a perda de clientes que mantinham aplicações nas duas casas e que possuem limites de concentração na política de investimentos. Com a incorporação do HSBC, alguns fundos de pensão relataram à Investidor Institucional que teriam que reduzir a alocação final nas duas assets. O novo diretor superintendente da Bram acredita que a perda de clientes não será relevante, pois a maior parte da saída de recursos já deve ter ocorrido nos últimos meses. “Houve um movimento natural de perda de ativos pelo HSBC após o anúncio da venda para o Bradesco. Acredito que os resgates já foram feitos em 2015 e início do ano e agora sobra uma pequena sobreposição”.
Outra preocupação é a diferença na política de remuneração dos executivos. A remuneração do HSBC era mais focada em prêmios. Já a remuneração da Bram, tinha um componente fixo maior. Esse é um problema que está sendo negociado internamente e que deve continuar nos próximos meses. Em todo caso, os principais executivos do HSBC devem ficar na Bram, pelo menos em um primeiro momento. O próprio Alcindo Canto, que era o CEO da asset do HSBC, concordou em assumir a diretoria comercial da Bram, o mesmo ocorrendo com os principais gestores.