Edição 233
O BNP Paribas está ampliando sua atuação no Brasil. Além da área de asset management e demais serviços financeiros, começa a operar também com custódia, liquidação e representação legal para investidores locais. Esses serviços são realizados pela sua área de securities services, que terá 18 profissionais. O coordenador da área no País será nomeado ainda no primeiro trimestre de 2012. A plataforma brasileira será a base de operações para a América Latina, servindo como central para o Chile, Colômbia e Peru, que são os próximos mercados em que o BNP pretende implantar esses serviços.
Na verdade, o BNP Paribas já tinha uma área de securities services no Brasil, mas atendia apenas aos investidores estrangeiros que investiam no País. Com a integração da plataforma brasileira com as operações globais, passa também a oferecer os serviços para os investidores locais. A área da filial brasileira estará integrada mais diretamente com as operações de Portugal e da Índia. “Estamos investindo 3 milhões de euros para tropicalizar nossa plataforma global para implantá-la no Brasil. Parece pouco, mas é que já investimos 200 milhões de euros no desenvolvimento da plataforma nos últimos anos”, diz Patrick Colle, diretor global da área de securities services do BNP Paribas.
A área é uma das principais fontes de receita da instituição. Do faturamento total em 2011 até setembro, de 32,7 bilhões de euros, cerca de 40% foram provenientes da área de securities services presente em 23 países. Os novos serviços são uma alternativa para os fundos de pensão brasileiros que pretendem investir no exterior. É que a área de securities services da filial brasileira do BNP Paribas poderá atender as fundações nas operações de custódia e liquidação, mas inicialmente apenas para ativos no exterior.
O serviço de custódia e liquidação local para investidores domésticos deve ser implantado dentro de dois anos. “Já podemos auxiliar os investidores institucionais locais na realização de aplicações no exterior. No caso dos fundos de pensão, é um processo que acreditamos que vá se acentuar nos próximos anos, devido à necessidade de diversificação de seus portfólios”, aponta Álvaro Camunas, diretor do BNP Paribas para Portugal, Espanha e América Latina.
O executivo acredita que as fundações que não passarem por esse processo estarão perdendo as oportunidades de aplicações no exterior. Ele comenta também que a nova plataforma brasileira vai abrir espaço para os investidores institucionais de outros países da América Latina, principalmente do Chile, direcionem maior volume de recursos para o mercado brasileiro. Lá, os fundos de pensão – denominados AFP (Administradoras de Fondos de Pensiones) – já apresentam um elevado grau de internacionalização de suas aplicações. Com o desenvolvimento e as perspectivas favoráveis para o mercado brasileiro, acredita-se que as AFPs chilenas poderão investir com maior regularidade em ativos daqui.
Corretora – A ampliação da área de securities services do BNP Paribas faz parte da estratégia da instituição de abrir uma corretora no Brasil. No ano passado, o banco de matriz francesa anunciou que pretendia comprar uma corretora brasileira para se estabelecer nesse mercado. Depois de algumas conversações, acabou postergando a aquisição.
O BNP preferiu iniciar suas operações em custódia e liquidação como um primeiro passo para depois entrar no negócio da corretagem. “Preferimos começar o negócio com recursos e equipe próprias. Primeiro queremos nos posicionar no mercado, conseguir os primeiros clientes, e depois podemos avaliar a aquisição de alguma outra empresa”, revela Camunas. O executivo diz que a incorporação de alguma corretora que já tenha atuação no Brasil não é um projeto descartado.
A instituição considera o Brasil como a porta de entrada para o crescimento de sua área de securities services na América Latina. Independente da instabilidade dos mercados mundiais, pretende continuar priorizando os investimentos para a implantação de todos os seus serviços no País. “As perspectivas para o desenvolvimento do mercado brasileiro são muito positivas. Não estamos preocupados com uma visão de curto prazo, ao contrário, temos uma visão de longo prazo para o desenvolvimento das principais economias mundiais de mercado”, avisa Patrick Colle. Como prova disso, o executivo diz que os investimentos no Brasil representarão, em 2012, cerca de 40% de todo o orçamento de securities services do BNP Paribas no mundo.