BNDES dá aval para que médios invistam em private | O Banco Naci...

Edição 244

Sejam fundos de pensão ou regimes próprios, a intenção do banco é facilitar o acesso destes investidores a projetos maiores, aos quais eles não teriam acesso se não fosse com impulso da instituição. O BNDES planeja tirar a estratégia do papel durante o ano de 2013 e, para isso, já iniciou as conversas com assets internacionais especializadas na área. “A gente quer colocar a placa BNDES, dar um voto de confiança e gerar conforto para os menores investidores”, conta Eduardo Sá, chefe do departamento de investimento em fundos do banco. 

O executivo explica que a intenção do BNDES é atrair o capital das pequenas e médias fundações para projetos que garantam retorno adequado e, ao mesmo tempo, contribuam para o desenvolvimento da economia brasileira. A maneira encontrada para que este tipo de investidor não fique fora do mercado de private equity é a aposta em fundos de fundos. São fundos das várias modalidades de private: venture capital, infraestrutura, growth capital, buy out, entre outros. “Para o grande investidor não é tão interessante, já que pode montar uma carteira própria. Isso é para aquela fundação que tem até R$ 50 milhões para investir em private equity. Ao entregar isso a um gestor que vai selecionar e distribuir os recursos em vários fundos”, explica.

O banco entraria como parceiro e seria dono de cerca de 15% destes fundos cujo tamanho costuma variar geralmente entre R$ 400 milhões e R$ 1 bilhão. Apesar de este ponto ainda não estar totalmente definido, a intenção do BNDES é ter um assento do comitê de investimentos.

Apesar de otimista com o projeto, ele explica que é necessária uma conscientização dos investidores sobre o mercado de private equity, que tem diferenças significativas na comparação com outros ativos. “ A gente trabalha para que eles conheçam e participem de fundos de infraestrutura e venture capital. Eles precisam entender como funciona este mercado de private equity, que é diferente dos demais segmentos. São fundos que demoram oito, dez anos para dar retorno. Não é como multimercados, que ele pode sair quando quiser. Não há um mercado secundário de fundos de participações consolidado no Brasil”, alerta.

Ao contratar os serviços de uma empresa para selecionar outros fundos, o investidor institucional acaba pagando duas taxas de administração, o que, segundo Eduardo, não tira a atratividade do negócio. “O investidor tem que acabar com este preconceito e ver o retorno que o investimento pode gerar”, diz.

Gestora – Uma das empresas que já se reuniu com o BNDES é a Capital Dynamics, empresa suíça que desde 2010 atua no Brasil. A gestora informa que está trabalhando na estruturação dos produtos, em uma fase chamada de pré marketing. A conversa com possíveis investidores ajuda a moldar as regras do fundo. A intenção da asset é criar um produto com investimento mínimo de R$ 3 milhões e espera registrá-lo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até março de 2013.

O diretor executivo da Capital Dynamics no Brasil, Marcelo Moraes, recomenda que os institucionais invistam cerca de 7% de seu capital em fundos de private equity, que dão retorno em médio e longo prazo e possuem baixa liquidez. O fundo de fundos seria a oportunidade de institucionais com capital menor acessar o setor sem se concentrar em poucos fundos, reduzindo o risco de perdas. “Para fazer esta seleção, é necessário ter uma equipe que não é barata. Todo este custo que envolve montar e gerir este programa só é compensado se existir uma alocação importante na carteira”, diz Moraes.

O diretor explica que em fundos de private equity, por conta da baixa liquidez é recomendável que se faça também uma diversificação de “safra”, com fundos dando retorno em anos diferentes. Além de garantir um retorno melhor distribuído ao longo do tempo, a diversificação dos prazos protege contra ciclos econômicos.

O gestor defende ainda a importância de se ter fundos com um certo tamanho para que a diversificação seja bem feita. “Com R$ 10 milhões, ele não consegue investir em dez fundos, em cinco safras. Com este dinheiro ele vai investir em dois fundos e aí não há a diversificação apropriada. O projeto do fundo é investir em 12 fundos e quatro safras.

Por fim, Moraes defende a iniciativa do BNDES de incentivar o setor, trazendo recursos para a chamada economia real. “A melhor maneira de trazer estes recursos que estão empoçados no curto prazo e em títulos públicos, é com os fundos de private equity”, defende o gestor.