BDRs para institucionais | Depois da Bram, agora é a vez da asset...

Alenir de Oliveira Romanello, da CaixaEdição 250

De olho no combalido mercado financeiro nacional e nos sinais de retomada da economia dos Estados Unidos, a Caixa Econômica Federal lançou no final de junho passado dois fundos de Brazilian Depositary Receipts (BDRs). Um deles é voltado para investidores institucionais, como fundos de pensão e regimes próprios dos estados e municípios, e o outro, para clientes de alta renda – investidores qualificados.
A asset do Bradesco (Bram) foi a pioneira no lançamento de um fundo de BDRs no mercado brasileiro, no final de 2011. Já a partir do segundo semestre de 2012, o produto começou a captar recursos dos fundos de pensão. Agora a Caixa é a segunda asset a lançar um produto na mesma linha.
No caso do fundo da Caixa voltado para os institucionais, a taxa de administração será de 0,70% com aplicação mínima de R$ 10 mil. No outro fundo, para clientes de alta renda, a taxa de administração é de 1,5% e já conta com R$ 1 milhão de patrimônio. O produto para institucionais ainda está na fase de apresentação junto às fundações e regimes próprios de estados e municípios.
O ritmo de processamento das informações e aprovação mais lento dos comitês e órgãos deliberativos dos fundos de pensão faz com que as aplicações demorem um pouco mais a chegar. A estimativa da casa é que cada um tenha cerca de R$ 20 milhões no médio prazo. “Não dá para pensar só em fundos atrelados a índices”, afirma Alenir de Oliveira Romanello, superintendente nacional de desenvolvimento de produtos de ativos de terceiros da Caixa. “Mesmo na renda variável, é preciso ampliar a diversificação”, diz.
No primeiro semestre de 2013, o Ibovespa acumulou forte queda de 22,1%, frente a valorização de 22,9% registrada no período pelo BDRX, índice da Bolsa brasileira que mede o desempenho dos BDRs Não Patrocinados que são negociados na BM&FBovespa.
O BDR Não Patrocinado não tem participação da empresa lastro do ativo em sua emissão no Brasil, que fica a cargo de instituições depositárias que venceram o processo de concorrência realizado pela Bolsa, como Bradesco e Itaú.
“A economia americana está apresentando uma retomada do crescimento, com aumento mais sólido do consumo, e apostamos na recomposição de margens no lucro das empresas”, pondera Romanello. Nos Estados Unidos, o índice acionário S&P 500 teve nos seis primeiros meses do ano corrente seu melhor desempenho desde 1998, ao subir 12,6%.
Setores – Entre os 70 BDRs Não Patrocinados que podem ser adquiridos no mercado brasileiro hoje, o gestor da Caixa está selecionando aproximadamente 20 ativos que terão maior peso nos fundos da instituição. A maior exposição do fundo de BDRs da Caixa está no setor bancário americano, com cerca de 32,4% do patrimônio alocado em ativos de instituições financeiras. Na sequência aparecem os segmentos de tecnologia, com 27,96%, e o de consumo, com 11,9%.
Na divisão por empresas, o Wells Fargo responde pela maior fatia dos investimentos no exterior do banco público brasileiro, com 11,8%, seguido pela Apple, com 10,2%, e pelo Citigroup, com 9,1%. Microsoft (7,35%), Coca Cola (6,26%), Google (3,35%) e McDonalds (2,31%) são outras empresas nas quais o investidor poderá ter seu capital aplicado. “O potencial de rentabilidade dessas empresas tem crescido”, diz Alenir.
Após uma primeira investida internacional parcial, nos próximos anos, ou mesmo meses, diz a superintendente, certamente veremos a Caixa com outros produtos voltados para o exterior, possivelmente com aplicações em outros mercados financeiros, além dos Estados Unidos. “No médio e longo prazo a Caixa pretende ampliar a atuação para outras classes de ativos, como por exemplo, nos fundos de participação no exterior”. Para isso, o banco tende a fechar parcerias com gestores do Brasil, mas que tenham experiência e sede em outros mercados.