Assets pedem ao BC para dar mais liquidez ao mercado | Representa...

Edição 122

Os bancos de investimento e as empresas de gestão de recursos estão tentando convencer o Banco Central a ter uma postura mais ativa na crise que vive a indústria de fundos, que perdeu nada menos de R$ 52,6 bilhões este ano, até o dia 7 de agosto último. Grande parte dos saques devem-se ao pânico que se criou com a notícia, divulgada já nos primeiros meses do ano, de que haveria uma marcação a mercado dos papéis de renda fixa em poder dos gestores de fundos, o que provocaria uma desvalorização das cotas.
Foi a história da profecia que se auto-realiza. O Banco Central realmente pensava em fazer isso, mas tinha anunciado que só faria isso em setembro. Porém, por conta dos saques que começaram a ocorrer antecipadamente, também o BC se antecipou e passou a exigir a marcação a mercado a partir do final de maio.
O ajuste das cotas dos bancos que tiveram que fazer a marcação a mercado de uma só vez em seus fundos foi pesado, apavorando muitos investidores.
De lá para cá, eles começaram a ver cotas de fundos DI oscilarem quase todos os dias e até terem rendimento negativo, o que era algo inconcebível antes. Apavorados, muitos investidores passaram a resgatar ainda mais, forçando os gestores a venderem mais papéis a preços depreciados para fazer caixa e pagar os saques. É nesse ponto que ele querem que entre o BC, com uma atitude mais ativa, dando liquidez ao mercado e comprando os papéis.
A conversa com o BC ocorreu no dia 13 de agosto último, reunindo um pequeno grupo de representantes da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) e o diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo. Aos argumentos dos representantes da Anbid, Figueiredo teria respondido que o BC não iria se eximir de seu papel de regulador do mercado. Porém, não prometeu nada concretamente.
Os representantes da Anbid acham que a ação do BC deveria ser rápida, pois a cada dia que passa mais o mercado se deteriora. Das perdas totais de R$ 52,6 bilhões até 7 de agosto, 2/3 eram provenientes de investidores de varejo e apenas 1/3 dos fundos exclusivos, normalmente usados pelos fundos de pensão e por grandes empresas para abrigar seus investimentos. “O cliente institucional, que entende melhor o que acontece, estava sacando menos, mas já estamos começando a notar uma certa impaciência também no institucional”, conta um diretor de uma grande asset.
Outro diretor de asset, que prefere ter seu nome preservado, conta que os Conselhos de Administração de algumas fundações estariam começando a pressionar seus dirigentes por resgates. “No início eles estavam tranqüilos, mas estão começando a embarcar no pânico do mercado”, diz. “Eles sabem que quem ficar nos fundos pode ganhar mais, mas mesmo assim começa a haver uma pressão por saques”.
Para os representantes da Anbid que foram expor o problema ao BC, a saída seria “o BC injetar moeda e recolher títulos”. Afinal, segundo essa fonte não interessa ao BC deixar os seus títulos se deteriorarem. “O BC tem que preservar a imagem dos seus títulos, porque daqui a pouco ele vai querer colocar esses títulos no mercado e vai ter que colocar com a gente”, diz.
A expectativa é de que o BC tenha uma resposta para o mercado ainda em agosto, antes que os grandes clientes, entre eles os institucionais, também embarquem na onda dos resgates.