Aposta em fundos de fundos | Assets brasileiras escolhem a melhor...

Edição 243

 

Apromessa é de uma diversificação com resultados descolados do desempenho dos índices locais. Isto sem falar do acesso a ativos desvalorizados pela crise e que podem trazer resultados satisfatórios nos próximos anos. Oferecendo estes atrativos, o mercado de assets se movimenta para atrair os institucionais e o primeiro imediato das gestoras ouvidas pela Investidor Institucional é apostar em fundos constituídos no Brasil exclusivamente para investirem em outros fundos no mercado externo.

Na Pátria Investimentos, o grande trunfo é a parceria com a Blackstone, que seria responsável pela seleção dos ativos no exterior. A Pátria aposta no modelo na combinação entre um gestor externo importante sem perder o relacionamento próximo com o cliente. A asset pensa em lançar um fundo no futuro próximo, mas ainda está em fase de estudos sobre as características deste produto. “O que a gente tem feito é um processo de aproximação, colocando eles em contato com esta área de gestão de fundos de fundos da Blackstone. Isto para entender a demanda específica do investidor institucional brasileiro e tentar criar um produto que atenda a essa demanda”, conta Nemer Rahal, sócio da Pátria Investimentos.

Mesmo não querendo estimar uma data para o lançamento deste produto, Rahal diz que a asset está em negociações com várias fundações e “não vê porque o fundo não possa ser lançado já em 2013”. Em uma comparação entre as vantagens de se investir no exterior, o sócio da Pátria Investmentos não quis opinar entre diversificação e retorno, mas ponderou algumas peculiaridades do mercado externo. “Acho que a diversificação é importante, mas quem estiver gerindo tem que ter a capacidade de encontrar a combinação que atenda a essa demanda de diversificação e rentabilidade. Quanto mais tempo este investidor alocar este recurso, mais chance de conseguir este retorno ele tem. Isso ocorre porque é um mercado de fundos menos líquido que o nosso, então se ele quiser liquidez, tende a ter retorno menor”, analisa.

No BNP Paribas existe a expectativa de bons negócios no mercado externo por conta da crise que teria desvalorizado demasiadamente alguns ativos. Luiz Sorge, diretor da BNP Paribas Asset Management, diz que, apesar de ainda existirem boas opções no mercado local, a oferta fora do Brasil é maior e é possível descorrelacionar a carteira dos índices nacionais. “Você tem ativos muito desvalorizados por causa da crise que nem por isso deixam de apresentar bons resultados e boa governança. Por isso temos um fundo chamado US Opportunity. É possível conseguir retornos superiores aos benchmarks. E isso a gente não vê no mercado local.”

Nos mesmos moldes dos produtos de outras assets, a BNP Paribas Asset Management têm também os veículos locais da marca Access, que, como o nome sugere, tenta facilitar a vida das fundações que queiram investir no exterior. “São fundos que investem em fundos de ações, com liquidez parecida com a local. Adiciona-se um ou dois dias por conta de câmbio”, conta.

No modelo de fundo de fundos, escolhido pelas assets consultadas, as facilidades prometidas são arma para convencer as fundações. O dinheiro captado pelo fundo veículo pode ser distribuído em vários fundos no exterior, com menores custos de administração na comparação com o investimento direto. Isto porque a asset é responsável pela captação no Brasil e uma equipe fora do país fica por conta de selecionar alguns fundos destino.

O advogado especialista em mercado de ações e sócio do escritório MHK Sociedade de Advogados, Byung Soo Hong, acha que a opção pela utilização de fundos veículo no Brasil se dá também por conta de tributação. “Existe um movimento muito grande das assets em busca de ativos líquidos e baratos para os fundos de pensão. Pela tributação dos ganhos auferidos lá fora, a escolha tem sido por montar fundos aqui no Brasil. Isto porque você se sujeita à tributação de fundo de investimento no Brasil em vez de tributação de investimento brasileiro no exterior.”

ETF’s de índices estrangeiros– A Comissão de Valores Mobiliários pode estar prestes a abrir um novo caminho para investimento no exterior. Em resposta à consulta feita pela BlackRock Brasil, a CVM admitiu estudar a criação de ETF’s ligados a índices estrangeiros e disse aguardar propostas concretas de todas as assets. A própria BlackRock trabalha em cima de um modelo, ainda não fechado, para apresentação nos próximos meses. “A ideia que a gente levou lá, que é uma que a gente está preparado para estruturar, é o que a gente vai apresentar no momento oportuno.”

O ETF seria vendido no Brasil e os recursos arrecadados seriam investidos em um ETF da própria BlackRock no exterior. O ativo em questão movimenta diariamente cerca de 500 milhões de dólares e seu desempenho acompanha o índice S&P 500. O investimento mínimo no Brasil seria de R$ 1 milhão, visando investidores super qualificados, como os institucionais. “Mesmo antes de a CVM aprovar, já está previsto na 3792. O ETF conta como investimento no exterior, mas não no limite de investimentos estruturados. Por isso achamos que seja particularmente interessante para as fundações”, opina Bruno Stein, diretor da BlackRock. Stein conta já existem conversas com fundações, possíveis clientes do produto, caso ele seja aprovado pela CVM nos próximos meses.